Uemg e Unimontes reivindicam recursos do Estado, na Assembléia

A Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) e a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) precisam urgen...

21/11/2002 - 19:00
 

Uemg e Unimontes reivindicam recursos do Estado, na Assembléia

A Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) e a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) precisam urgentemente de apoio e recursos do Governo Estadual para se manterem. Essa foi a tônica da reunião desta quinta-feira (21/11/2002) da Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia. Participaram do evento dirigentes das unidades da Uemg e da Unimontes em Belo Horizonte e interior, membros do Ministério Público, da Defensoria Pública, representantes da equipe de transição do governador eleito Aécio Neves, lideranças estudantis, além de deputados da Assembléia.

Em primeiro lugar, a vice-reitora da Uemg, professora Janete Gomes Barreto, tratou da situação de penúria por que passa a universidade nas suas diversas unidades. Segundo ela, a carência de recursos e a falta de vontade política do Poder Executivo estadual não permitiram a absorção pela Uemg de nenhuma de suas nove unidades fundacionais no interior. Para Janete, isso levou a um impasse, que já dura 12 anos, em que convivem uma situação de direito, com uma lei aprovada prevendo a absorção das unidades, e uma situação de fato, em que o Estado não cumpre a lei alegando falta de recursos.

Condições precárias - A vice-reitora da Uemg relatou a gravidade dos problemas nas quatro unidades da universidade em Belo Horizonte: na Faculdade de Música, não há isolamento acústico; a Escola de Educação funciona em um porão; a de Design realiza parte de suas aulas em galpões improvisados e a Escola Guignard não teve seu prédio concluído até hoje. Apesar de todas essas dificuldades, continua Janete Gomes, a Uemg já recebeu prêmios nacionais e internacionais e várias de suas escolas marcam presença nas artes e cultura do Brasil e do exterior.

A professora defendeu a definição de um modelo de funcionamento e gestão para a Uemg, em que seja contemplada a autonomia administrativa e financeira da universidade. Para atingir esse objetivo e ampliar a oferta de cursos e vagas da Universidade, ela conclamou todos a unirem esforços, destacando os parlamentares e a sociedade civil.

Alternativas da Unimontes - Já o reitor eleito da Unimontes, Paulo César Gonçalves de Almeida, apresentou uma visão diferente da universidade que vai dirigir. Segundo ele, diante da situação financeira caótica do Estado, a Unimontes buscou alternativas para viabilizar recursos. Uma delas é a atividade de pesquisa, que funciona como importante fonte de receita para a universidade. Além disso, o Hospital Universitário de Montes Claros é uma referência da saúde pública no Norte de Minas, de acordo com o reitor eleito.

"Já temos sido um braço do Governo na área da saúde; podemos sê-lo também em outras áreas", declarou Paulo Almeida. Ele concorda com a vice-reitora da Uemg na reivindicação de mais recursos para o ensino público estadual superior, mas acha que os problemas das duas instituições são diferentes: "o que o Governo aplicar na Unimontes, receberá em dobro", disse.

Representantes das unidades da Uemg relatam suas dificuldades

Em seguida, o presidente da Comissão de Educação, deputado Paulo Piau (PFL) abriu espaço para o depoimento dos representantes dos núcleos da Universidade de Minas Gerais nos seguintes municípios: Campanha, Ituiutaba, Divinópolis, Carangola, Diamantina, Varginha, Lavras e Belo Horizonte. Os problemas mais apontados foram a falta de recursos; a falta de comunicação entre as unidades do interior com a Capital; a inadimplência de cerca de 40% dos alunos, em média, devido ao baixo poder aquisitivo. A maior parte dos representantes defendeu que a absorção das unidades do interior pela Uemg saia do papel e se cumpra de fato.

Representando o Ministério Público, falaram Rodrigo Cançado Anaya, promotor de Justiça, e Ronald Vasconcelos Albergaria, promotor da Infância e da Juventude. Os dois concordaram que existem leis suficientes para que o Governo Estadual viabilize a Uemg e a Unimontes, mas falta vontade política. Há inclusive, segundo eles, uma ação do MP contra o Governo Estadual exigindo a efetivação da Uemg. Mas para fazer com que essa e outras leis sejam cumpridas, a sociedade tem que exigir e cobrar dos governantes, através de uma grande mobilização, senão teremos uma "vitória de Pirro", fictícia e não real, segundo Rodrigo Cançado. O promotor Ronald Albergaria acrescentou que as leis só se efetivarão na medida em que os recursos forem previstos no Orçamento do Estado.

Indignação do ex-reitor - O ex-reitor da Uemg, Aluísio Pimenta, mostrou-se indignado com os promotores, dizendo que se a lei existe, o Ministério Público está aí para cumpri-la. Ele afirmou também que o atual reitor da universidade estadual foi empossado de maneira ilegal, pois a lei previa a eleição direta e a reitoria foi indicada pelo governador. Outra irregularidade apontada por Pimenta foi a criação de novos campi, com objetivos eleitoreiros do governador Itamar, em Paracatu, Barbacena, entre outras. O professor denunciou também que, dos R$ 90 milhões que o Estado deveria à Uemg, só R$ 10 milhões haviam sido previstos no Orçamento.

Por fim, prestaram depoimentos representantes de entidades estudantis, como o DCE (Diretório Central dos Estudantes) da Uemg, UNE (União Nacional dos Estudantes) e Centros Acadêmicos. Os estudantes queixaram-se das taxas cobradas pela Uemg e Unimontes e foram unânimes ao afirmar que a inadimplência não é dos estudantes, que na verdade não deveriam pagar nada, e sim do Governo Estadual, que não repassou os recursos que deveria às duas universidades. A defensora pública Ana Paula Carvalho reforçou a opinião dos estudantes, divulgando que a Defensoria Pública já havia impetrado mandatos de segurança contra a cobrança de taxas pela Uemg e Unimontes. Como representante da Comissão de transição do governador eleito Aécio Neves, o professor Luiz Aureliano Gama Andrade, disse que o próximo governo já está preocupado com a questão da Uemg e Unimontes, mas que não tem ainda nenhuma proposta para solucioná-la.

Presenças - Participaram da reunião os seguintes deputados: Paulo Piau (PFL) , presidente da comissão; os membros da comissão Sebastião Costa (PFL), Dalmo Ribeiro Silva (PPB), José Henrique (PMDB); e ainda, Edson Rezende (PT), Adelmo Carneiro Leão (PT) e Elbe Brandão (PSDB).

 

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