Minas Gerais terá déficit orçamentário de R$ 2,3 bi em 2003

O secretário-adjunto de Estado do Planejamento e Coordenação-Geral, Paulo Roberto Araújo, confirmou nesta terça-feira...

05/11/2002 - 19:42
 

Minas Gerais terá déficit orçamentário de R$ 2,3 bi em 2003

O secretário-adjunto de Estado do Planejamento e Coordenação-Geral, Paulo Roberto Araújo, confirmou nesta terça-feira (5/11/2002), em audiência pública da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, a previsão feita anteriormente de que o déficit potencial do Estado para 2003 seria superior a R$ 2 bilhões. Segundo ele, o desequilíbrio orçamentário de Minas Gerais para o próximo ano é da ordem de R$ 2,3 bilhões. As despesas obrigatórias somam R$ 10,9 bilhões e a receita projetada é de R$ 8,6 bilhões.

A proposta orçamentária que está sendo analisada pela Assembléia Legislativa pressupõe um crescimento na arrecadação de ICMS de 8%, o equivalente às estimativas atuais para a inflação de 2003. Quando a proposta foi elaborada, a inflação projetada para o ano que vem era de 5% e se esperava um crescimento da economia de 4%. "Houve um pequeno repique da inflação, e a grave crise internacional fez com que a previsão de crescimento para a economia brasileira fosse revista para baixo, algo em torno de 1%. O cenário é difícil, mas não é um quadro de catástrofe", analisou Paulo Roberto Araújo.

Problemas são estruturais

Na opinião do secretário-adjunto de Estado da Fazenda, Flávio Riani, também presente à audiência, as dificuldades financeiras do Estado devem-se a problemas estruturais, como a estagnação da economia, que impede o aumento da arrecadação, e o comprometimento da receita com o pagamento de juros e encargos da dívida pública. "Se não houver uma renegociação da dívida, Minas Gerais ainda vai ter grandes dificuldades durante um certo tempo", avaliou. Ele ressaltou que, ao longo de 2002, o Estado praticamente não contraiu nenhuma dívida nova.

De acordo com Riani, sem crescimento econômico a receita só pode aumentar pela via do combate à sonegação ou reajuste de tarifas, o que tem limites. Ele esclareceu que a arrecadação de ICMS, principal fonte de receita, ainda é insuficiente para cobrir os gastos com pessoal; e que a perda de ICMS que o Estado teve por causa do racionamento de energia no ano passado, de cerca de R$ 300 milhões, ainda não foi recuperada, uma vez que o consumo de energia não voltou ao patamar anterior. O ano deverá terminar com uma arrecadação mensal de ICMS entre R$ 820 milhões e R$ 830 milhões.

Resultados fiscais

Ao abrir a reunião desta terça-feira, o presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, deputado Mauro Lobo (PSB), fez uma série de questionamentos sobre o cumprimento das metas fiscais estabelecidas para o Estado no segundo quadrimestre de 2002. Segundo ele, observando-se estritamente o disposto no artigo 18 da Lei de Responsabilidade Fiscal, a conclusão é de que, no período, o Estado comprometeu 75% de sua Receita Corrente Líquida com pessoal, o que aponta a necessidade de redução desse gasto. Portaria do Tribunal de Contas permite excluir os inativos desse cálculo. Mauro Lobo destacou que o déficit total projetado para 2002 é de aproximadamente R$ 1,3 bilhão, considerando-se o possível ingresso de recursos federais extras, o que seria um sinal evidente de desajuste fiscal.

Ao falar sobre a proposta orçamentária para 2003, o presidente da comissão também apontou a diminuição gradual dos gastos com educação nos últimos anos e criticou o descumprimento de exigências da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), como a falta de informações sobre precatórios judiciais no Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira). A superintendente de Planejamento da Seplan, Luzia Soraia Silva, esclareceu que o problema deve-se à incompatibilidade de sistemas de informática da Secretaria e do Siafi, mas que as informações estão disponíveis. Mauro Lobo também indagou aos técnicos presentes sobre dotações previstas na LDO que não estariam sendo contempladas no projeto do orçamento.

Respondendo a questionamentos de vários deputados, a contadora-geral do Estado, Maria da Conceição Barros Resende, disse que a destinação de recursos para áreas como saúde e educação, que têm limites mínimos previstos pela Constituição, tem sido cumprida de acordo com a legislação.

Presenças - Compareceram à reunião os deputados Mauro Lobo (PSB), que a presidiu, Adelmo Carneiro Leão (PT), Sebastião Navarro Vieira (PFL), Paulo Piau (PFL) e Rogério Correia (PT).

 

 

 

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