Representante sindical fala à CPI sobre rebelião em Neves

A contratação, por indicação política, de agentes penitenciários na Penitenciária José Maria Alkmim foi apontada pelo...

05/11/2002 - 19:11
 

Representante sindical fala à CPI sobre rebelião em Neves

A contratação, por indicação política, de agentes penitenciários na Penitenciária José Maria Alkmim foi apontada pelo diretor-coordenador da Associação Sindical dos Servidores da Secretaria de Estado da Justiça e Direitos Humanos, Marcos Terrinha, como um dos principais problemas enfrentados hoje pelo sistema prisional do Estado. Ele foi ouvido, nesta terça-feira (5/11/2002), pela CPI do Sistema Prisional. Terrinha afirmou que os agentes contratados por indicação política acabam acatando as ordens dos presos, já que não receberam treinamento prévio adequado. Na última sexta-feira, 17 agentes foram mantidos reféns numa rebelião que só terminou na segunda.

"Hoje, quem manda no sistema penitenciário são os presos", disse Terrinha. Cobrado pelos deputados a citar nomes de pessoas envolvidas na facilitação de benefícios para os presos, o representante sindical se limitou a acusar a secretária de Estado da Justiça e Direitos Humanos, Ângela Pace, e os diretores da penitenciária de "omissos e coniventes" com a situação. "Não posso citar nomes dos agentes porque eles só recebem ordens superiores", defendeu. De acordo com Terrinha, a secretária tem tentado minimizar, para a imprensa, as proporções e a gravidade da rebelião e a situação de insegurança dos presídios do Estado. "Minas Gerais contava com um dos melhores sistemas prisionais do Brasil, mas, nos últimos três anos, enfrentamos 65 rebeliões", disse.

Secretária deverá falar à CPI - Dois requerimentos, dos deputados Alberto Bejani (PFL) e Dinis Pinheiro (PL), aprovados na reunião, convidam diversas autoridades a prestarem esclarecimentos à CPI sobre a rebelião na Penitenciária José Maria Alkmim. Eles são a secretária de Estado da Justiça e Direitos Humanos, Ângela Pace; o diretor da penitenciária José Maria Alkmim, coronel Isac de Oliveira Souza; o comandante da 7ª Região da Polícia Militar, coronel Sócrates Edgard dos Anjos, e a juíza de Direito da Vara de Execuções Criminais de Ribeirão das Neves, Luciene Medeiros. No requerimento do deputado Alberto Bejani, apenas a secretária é citada. Os demais convidados e a secretária estão relacionados no requerimento do deputado Dinis Pinheiro.

Policiais são intimidados por presos armados

Terrinha contou que, na Penitenciária José Maria Alkmim, além de existirem orelhões no pátio, de onde os presos fazem ligações para outras cidades e Estados, foram encontrados celulares e até telefones fixos dentro das celas, instalados através de conexões feitas pelos presos pelo telhado. "Além disso, armas são jogadas pelo muro da cadeia, que está sem luz, e os policiais que tentam deter esse tipo de ação são intimidados por presos armados", completou Terrinha.

O deputado Luiz Tadeu Leite (PMDB), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito, pediu a Terrinha que indicasse alternativas para a solução de alguns dos problemas enfrentados atualmente pelo sistema prisional do Estado. Na opinião do coordenador da Associação Sindical, os agentes penitenciários não têm muitas perspectivas de melhora, especialmente porque o atual governo está chegando ao fim. "A única perspectiva que nós temos é a de entrar para trabalhar e sair vivo", disse.

Conclusão das atividades - Os deputados afirmaram temer que a comissão não consiga concluir seus trabalhos antes do fim da atual legislatura. "A comissão já possui material suficiente para a elaboração do relatório final", afirmou o deputado Alberto Bejani (PFL). Na opinião do deputado Dilzon Melo (PTB), que presidiu a reunião nesta terça-feira, a CPI já obteve resultados e deve mostrar legitimidade com a conclusão dos trabalhos. Ainda na reunião, os deputados acabaram aprovando requerimento do deputado Luiz Tadeu leite (PMDB) que solicita a prorrogação do prazo de funcionamento da comissão por mais 60 dias.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Dilzon Melo (PTB), que a presidiu; Luiz Tadeu Leite (PMDB), Alberto Bejani (PFL), Dinis Pinheiro (PL) e Irani Barbosa (PSD).

 

 

 

 

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