Reunião especial homenageia Carlos Drummond
"Drummond, puro som, continua como o clarão maior da letras
de nosso país". Com trechos do poema "A Máquina do Mundo" de Carlos
Drummond de Andrade, o deputado Agostinho Patrús (PTB) abriu a
reunião especial da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, nessa segunda-feira
(28/10/2002), em comemoração ao centenário do poeta itabirano.
Segundo o parlamentar, que representou o presidente da Assembléia,
deputado Antônio Júlio (PMDB), "esse mineiro e homem do mundo
buscou o perene e o universal, mas tendo sempre a paisagem mineira marcada
na memória". "Aquele que compôs A Máquina do Mundo
, eleito o melhor poema brasileiro de todos os tempos, pode
também ser considerado o melhor dos poetas brasileiros", afirmou
Patrús.
O deputado Luiz Menezes (PPS), autor do
requerimento para realização da reunião, disse estar orgulhoso "por
ser itabirano de nascimento e coração, assim como Drummond, poeta
que bem representa Itabira em Minas, no Brasil e no mundo". Menezes
citou o escritor ao referir-se ao pesar pela venda "a preço de
banana" da Companhia Vale do Rio Doce, empresa que pode abastecer o
mundo de ferro por mais 200 anos. "O pico do Cauê, que
tinha mais de 1.000 metros e hoje tem apenas 40, destruído pela
Vale, é hoje uma fotografia na parede, e como dói", reclamou o
parlamentar.
Como representante da família do homenageado,
especialmente dos netos de Drummond, César Piva agradeceu a
homenagem e a oportunidade de contar como foram os preparativos para
o centenário do poeta. Para Piva, o trabalho dos netos,
principalmente de Pedro Augusto Graña Drummond, resultou numa série
de eventos e produções - exposições, feiras, espetáculos de teatro,
dança, música, filmes, novos estudos. O centenário serviu para
comprovar o enorme carinho do povo para com Carlos Drummond de
Andrade, mas ao mesmo tempo, para refletir sobre o papel do Estado
no fomento à cultura.
Segundo César Piva, perdeu-se a oportunidade de
fazer uma campanha de valorização do livro, principalmente junto às
crianças. "É triste ver que se optou pelo caminho do evento, que
passa rápido como vento; é melhor ver que, mesmo com as pedras no
caminho, Lula disse em seu pronunciamento que vai ler Carlos
Drummond de Andrade como preparação para governar", disse
Piva.
Secretário valoriza Drummond pela contribuição à
cultura brasileira
O secretário de Estado da Cultura, Ângelo Oswaldo,
destacou a importância da geração do fim do século 19 e início do
século 20, à qual pertence Drummond, pela sua projeção na cultura
brasileira. "O mais importante no aniversário não é a efeméride, e
sim o reencontro com a vida e a obra do poeta de Itabira", disse
ele. O secretário afirmou que a Secretaria de Cultura procurou
contribuir para a comemoração do centenário de Carlos Drummond nas
duas cidades mineiras que marcaram a vida do escritor: Itabira,
sempre presente na obra, e Belo Horizonte, cidade onde passou o fim
da juventude e a maturidade, com seu grupo literário. Na visão de
Ângelo Oswaldo, Drummond representa "nosso símbolo, nossa síntese,
claro enigma de Minas Gerais".
Já o secretário da Educação, Murílio Hingel,
acredita que as comemorações do centenário de Carlos Drummond de
Andrade trazem respostas ao desafio atual da cultura nesses tempos
de globalização: formar simultaneamente um cidadão planetário e um
cidadão local. No século 21, em que nações mais ricas querem impor
sua visão, nada é mais importante que a defesa da identidade local,
regional e nacional e a obra de Drummond contribui muito nesse
sentido, de acordo com Hingel.
Ao final do evento, o representante da família de
Carlos Drummond de Andrade, César Piva, foi homenageado com uma
placa alusiva à homenagem. A reunião contou ainda com a apresentação
musical e declamação dos poemas drummondianos "O maior trem do
mundo", "Elegia 1938" e "Apelo", com a professora e cantora popular
Rosa Helena Pimentel. Compuseram a mesa da reunião os secretários de
Estado da Educação, Murílio Hingel, e da Cultura, Ângelo Oswaldo; os
deputados Agostinho Patrús (PTB) e Luiz Menezes (PPS); o jornalista
e escritor Carlos Felipe, autor do livro "Amar Drummond", lançado na
Galeria de Arte da Assembléia; e o representante da família
Drummond, César Piva.
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