Painel aborda impactos da biotecnologia no meio ambiente

Houve divergência sobre os impactos da biotecnologia no meio ambiente, tema do quarto painel do Fórum Técnico "A Biot...

18/09/2002 - 18:56
 

Painel aborda impactos da biotecnologia no meio ambiente

Houve divergência sobre os impactos da biotecnologia no meio ambiente, tema do quarto painel do Fórum Técnico "A Biotecnologia e Você: Mitos, Verdades e Fatos", promovido nesta quarta-feira (18/9/2002) pela Assembléia Legislativa de Minas. O presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Willer Hudson Pós, e o diretor de Meio Ambiente e Saúde do Sindicato das Empresas de Base Biotecnológica de Minas Gerais (Sindbio), Luiz Mário Queiroz Lima, defenderam o desenvolvimento da biotecnologia no País, enquanto o professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Sérvio Pontes, defendeu que as conseqüências sejam avaliadas. O deputado José Milton (PL) coordenou a discussão.

Para o presidente da Feam, fatores como o potencial agrícola brasileiro e a extensão do território são favoráveis para o progresso desse tipo de tecnologia no País. Willer Hudson Pós falou, também, da importância da diferenciação do licenciamento ambiental para as empresas interessadas em biotecnologia. "O nosso modelo de licenciamento é copiado de outros países e isso dificulta a ação ambiental no Brasil, já que as nossas condições ambientais têm particularidades", salientou. Na opinião dele, as empresas que trabalham com biotecnologia provocam impactos ambientais reduzidos por serem, em sua maioria, de pequeno porte. O presidente da Feam citou o Pró-Álcool como um "exemplo clássico" de biotecnologia que deu certo no Brasil. De acordo com ele, a aplicação do projeto gerou empregos e reduziu o impacto ambiental.

A utilização da biotecnologia para solucionar o problema dos lixões no Brasil foi defendida pelo diretor de Meio Ambiente e Saúde do Sindbio, Luiz Mário Queiroz Lima, como uma das vantagens do uso dessa tecnologia. Segundo Luiz Mário, a biotecnologia deve ser desenvolvida porque é uma ferramenta de custo acessível para problemas como os resíduos domésticos e ambientais. Assim como Pós, ele citou a extensão territorial e a capacidade agroindustrial brasileiras como fatores favoráveis à utilização da tecnologia.

Professor da UFMG defende estudos sobre impacto

Divergindo dos primeiros expositores, o professor da UFMG Sérvio Pontes, doutor em Ecologia, alertou para os riscos dos possíveis impactos da biotecnologia nos ambientes tropicais e defendeu pesquisas para que sejam avaliados as suas conseqüências. "Não há investimento para que sejam realizados estudos sobre os organismos geneticamente modificados em países subdesenvolvidos", afirmou.

De acordo com o professor, é "praticamente impossível" aplicar no ambiente um organismo produzido industrialmente sem que sejam causados impactos. Ele também destacou que a utilização da biotecnologia para a resolução de problemas como a fome em países pobres não é discutida e disse que o desenvolvimento dos organismos geneticamente modificados pode acelerar a resistência de pragas. Pontes ponderou, ainda, se o desenvolvimento da biotecnologia no Brasil traria benefícios para o País. "Até agora o que se sabe é que as empresas que possuem as patentes das sementes lucram muito com esse negócio, mas não se sabe se o governo terá controle sobre essa produção ou mesmo se a população pode ser prejudicada", questionou.

 

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