Alemg discute participação da criança e do adolescente nas eleições

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia de Minas está promovendo, nesta segunda-feira (16/9/2002), durante todo ...

16/09/2002 - 13:09
 

Alemg discute participação da criança e do adolescente nas eleições

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia de Minas está promovendo, nesta segunda-feira (16/9/2002), durante todo o dia, Debate Público sobre o tema "Eleições 2002: Legislar na Defesa da Infância e da Juventude", a requerimento do deputado Edson Rezende (PT). O objetivo do evento é tentar inserir a discussão sobre a defesa dos direitos da criança e do adolescente no processo eleitoral. Antes do início das palestras, pela manhã, houve uma apresentação do Coral da Assprom (Associação Profissionalizante do Menor de Belo Horizonte), formado por adolescentes.

O debate foi dividido em cinco temas, abordados ao longo do dia: "O que é ser um parlamentar comprometido com a defesa dos direitos da criança e do adolescente", "O adolescente como sujeito de direitos", "A mídia como parceira estratégica do Estatuto da Criança e do Adolescente", "O conteúdo e a aplicação das políticas públicas de defesa dos direitos da criança e do adolescente no Estado de Minas Gerais" e a "Carta de compromisso dos candidatos às eleições 2002, da mídia e do povo mineiro".

Na abertura dos trabalhos, na palestra "O que é ser um parlamentar comprometido com a defesa dos direitos da criança e do adolescente", o deputado Edson Rezende destacou o não-cumprimento das leis em relação à criança e ao adolescente. "Temos que fazer valer e acontecer essas leis", afirmou. Segundo o deputado, é importante estabelecer diretrizes articuladas no Estado de Minas Gerais para obter resultados práticos nas políticas relacionadas à criança e ao adolescente.

Recursos não garantidos - Em sua fala, Edson Rezende alertou que o parlamentar deve fiscalizar o cumprimento das políticas previstas na Lei Orçamentária Anual. "Foram aprovadas duas emendas, na tramitação do projeto de lei de Diretrizes Orçamentárias, relativas à criança e ao adolescente, mas não temos nenhum recurso garantido para a implantação dessas políticas", afirmou o deputado. Ele enfatizou que compete ao parlamentar fiscalizar, manter e estimular os conselhos tutelares. O deputado também lembrou que questões como educação, saúde e violência estão intimamente ligadas ao aprofundamento da exclusão social das crianças e dos adolescentes.

EXPERIÊNCIA DE BETIM É RELATADA

O primeiro debatedor do tema, Jésus Lima, professor e membro do Diretório do Partido dos Trabalhadores (PT) de Betim, abordou sua experiência como prefeito daquela cidade. Ele destacou que a questão da criança e do adolescente não deve ser tratada como uma política específica, mas dentro de uma filosofia total de integração e planejamento. "Nosso trabalho deu certo porque a prefeitura e as secretarias, como um todo, estavam envolvidas", disse. Jésus Lima lembrou que houve um trabalho de acompanhamento com as crianças desde o pré-natal até o ensino médio e destacou que pôde oferecer uma saúde de qualidade, com infra-estrutura e profissionais qualificados. Ele afirmou ainda que, na sua administração, os avanços ocorreram porque houve participação popular. "O médico e o prefeito eram fiscalizados pela comunidade. Além disso, a população tinha acesso à informação. Tínhamos uma relação horizontal", disse.

Conhecimento e participação - Alvino Custódio de Souza, coordenador da Frente de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Minas Gerais, abordou o tema central do debate, ressaltando que o parlamentar precisa decodificar e conhecer profundamente a Constituição Estadual e a Constituição Federal para ajudar a regulamentar o que está na lei. "Temos que ficar atentos ao que está sendo regulamentado para que os direitos das crianças e dos adolescentes sejam cumpridos", acredita.

PAPEL DOS DEPUTADOS É RESSALTADO

A participação do parlamentar também foi abordada na fala de Roges Carvalho dos Santos, do Conselho Estadual da Assistência Social (CEAS). Ele disse que é incompreensível um candidato a cargo parlamentar, que tem um programa e regras para a criança e o adolescente, mudar essas regras quando eleito, em defesa de uma lei de responsabilidade fiscal. "As questões fiscais se sobrepõem às sociais", criticou, afirmando que não se pode apostar em um deputado que não sabe o que é o controle social. Além disso, Roges Carvalho lembrou que é importante conhecer a trajetória política dos parlamentares. "Não podemos aceitar aquele político que cai de pára-quedas no Parlamento para atender determinada parcela de pessoas com dinheiro público e não pensa nas questões sociais", contestou.

Olsymara Cavalcanti, da Coordenação da Comissão de Políticas Públicas do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA), também salientou que é importante cobrar dos parlamentares o cumprimento das normas relativas à criança e ao adolescente, principalmente após todos os avanços desde a regulamentação do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990. "Temos que vigiar e cobrar", enfatizou.

ADOLESCENTES REIVINDICAM OPORTUNIDADES E DIREITOS

O segundo tema do debate público foi sobre "O adolescente como sujeito de direitos" e reuniu representantes de diversas entidades voltadas para a defesa dos direitos dos jovens. O principal assunto abordado foi a necessidade de cumprir o que determina o Estatuto da Criança e do Adolescente. "O adolescente não é futuro; somos o presente e precisamos de oportunidades", afirmou Conrado Gomide de Castro, do Movimento Adolescente Brasileiro, ressaltando que o trabalho voluntário e o cooperativismo podem ser uma importante porta de entrada para o desenvolvimento profissional dos jovens. "Os políticos precisam manter o compromisso de lutar pela garantia desses direitos", completou Natália Elisa de Carvalho, do Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua.

 

 

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