BH sedia etapa final do fórum de biotecnologia nesta quarta (18)

A etapa final do Fórum Técnico "A Biotecnologia e Você: Mitos, Verdades e Fatos", promovido pela Assembléia Legislati...

13/09/2002 - 18:41
 

BH sedia etapa final do fórum de biotecnologia nesta quarta (18)

A etapa final do Fórum Técnico "A Biotecnologia e Você: Mitos, Verdades e Fatos", promovido pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais, será realizada nesta quarta-feira (18/9/2002), a partir das 8h30, no Plenário da Casa, em Belo Horizonte. O evento contou com uma etapa de interiorização entre o final de agosto e início de setembro, quando aconteceram quatro reuniões em cidades-pólo (Passos, 28/8; Montes Claros 30/8; Barbacena 4/9; e Uberaba 11/9), com a finalidade de disseminar informações e solucionar dúvidas sobre a biotecnologia. A Assembléia de Minas lidera essa iniciativa em parceria com o Sindicato das Empresas de Base Biotecnológica no Estado (Sindbio) e Federação das Indústrias (Fiemg); e com o apoio de organizações governamentais e não-governamentais e associações, entre elas a Circuito da Vida e Centro Nacional de Tecnologia Ambiental (CNTA).

As reuniões regionais foram coordenadas pelos deputados Eduardo Hermeto (PFL), Edson Rezende (PT) e Paulo Piau (PFL). Durante esses encontros, foram discutidas as questões da legislação e da segurança sob os produtos com base biotecnológica, além de terem sido apresentadas as formas de aplicação dessa ciência, como na produção de plantas, alimentos, vacinas para homens e animais, kits de diagnóstico, insulina, e na agropecuária. A etapa final do fórum terá como coordenadores de exposições e debates os mesmos parlamentares, além do deputado José Milton (PL). O público-alvo do fórum é formado por representantes das indústrias regionais, do setor produtivo do Estado, da administração pública, das escolas de ensino fundamental, médio e universitário e de associações de classe.

COORDENADORES FALAM SOBRE O FÓRUM DE BIOTECNOLOGIA

Para o deputado Edson Rezende, o fórum de biotecnologia ficou desequilibrado em relação à diversidade de idéias e posições sobre o tema. Segundo ele, toda ação que tenha o sentido de levar informações à sociedade civil deve ter um caráter plural, a fim de que os cidadãos possam formar uma opinião sobre o assunto. Edson Rezende afirma que a etapa final será uma oportunidade para apresentar a visão que se preocupa com o monitorização da biotecnologia e os seus "verdadeiros" impactos no meio ambiente, na agricultura e na saúde. "A pluralidade de opiniões continuará prejudicada, pois o programa de exposição e debates repete todos os que ocorreram no interior. Mas estaremos lá para tentar estabelecer o contraditório e reafirmar que sem informação a sociedade não tem como realizar o controle social e ético sobre os novos saberes das biociências", declara.

Edson Rezende defende o controle sobre a pesquisa, produção e venda de qualquer bem que seja originário da engenharia genética, porque acredita que essa seja uma forma de defesa da natureza e da saúde humana. "Nós não somos contra a biotecnologia, pois dela são gerados remédios e alimentos que garantem a sobrevivência humana. A questão é que, tanto no campo animal, vegetal, na área farmacêutica e médica, bem como alimentar, não há monitorização a contento e nem pesquisas que garantam a biossegurança e inocuidade", explica. Ele justifica a sua posição, dizendo que ainda não existe comprovação de que bens com base biotecnológica não são prejudiciais ao homem. O deputado cita o caso das insulinas feitas com biotecnologia, as chamadas insulinas humanas recombinantes (IH-r), que já causaram a morte de 50 jovens insulino-dependentes, por propiciarem a ocorrência da "inconsciência da hipoglicemia": o paciente morre por não perceber que seu organismo necessita do medicamento. Edson Rezende foi responsável pela coordenação de um dos debates realizados em Barbacena.

Aprovação- Ao contrário do deputado Edson Rezende, o deputado Paulo Piau, que coordenou um dos debates em Uberaba, acredita que a etapa de interiorização do fórum foi "importantíssima", pois "facilitou o diálogo dos pesquisadores com as pessoas que lidam todos os dias com a biotecnologia, mas que precisam se informar sobre os novos rumos dessa ferramenta tão importante para o desenvolvimento". O parlamentar cita a participação ativa do público na reunião em Uberaba, que, segundo ele, estava interessado em aprofundar os estudos e as discussões sobre o tema nos dias atuais. Paulo Piau considera o fórum de biotecnologia como uma maneira de angariar subsídios para orientar a formulação e reformulação do ordenamento do Estado. "A biotecnologia existe desde o início da civilização, contudo, todos os dias ela ganha novos espaços, através dos investimentos em ciência e tecnologia. A contribuição é sempre muito grande para a sociedade", diz.

Como formas de contribuição dessa ciência, ele cita a redução dos custos de produção, incentivando a produtividade e a competitividade entre os produtores agrícolas; auxílio no tratamento de reposição hormonal, transplantes de órgãos e preservação do meio ambiente. Apesar de defender o uso da biotecnologia, o deputado Paulo Piau não descarta a necessidade de serem desenvolvidas pesquisas, "com seriedade e competência", sobre a ciência. Sobre a etapa final em Belo Horizonte, ele acredita que será uma maneira de Minas se inserir no avanço da ciência e da tecnologia.

Pólo de biotecnologia - O deputado Eduardo Hermeto também avalia como positiva a etapa de regionalização do fórum de biotecnologia, pelo fato de ter reunido representantes de universidades, de empresas ligadas ao assunto e da sociedade civil. Para o deputado, essas reuniões possibilitaram o esclarecimento sobre a biotecnologia e a desmistificação do tema. Segundo ele, é esperado também um grande público para o encontro na capital mineira, já que a biotecnologia é uma questão polêmica e possui vertentes mobilizadas. Eduardo Hermeto acredita que o Estado de Minas Gerais pode se tornar um pólo nacional e internacional de biotecnologia pelo fato de possuir a maior diversidade do Brasil. Para ele, isso só será realidade se houver um trabalho conjunto entre a sociedade civil, o Legislativo, Judiciário e Executivo.

A BIOÉTICA E A LEGISLAÇÃO SOBRE A BIOTECNOLOGIA

Um dos temas tratados na exposição "A Biotecnologia e Aspectos Legais" é a Bioética, uma especificação da ética que visa refletir o avanço da biotecnologia diante das mudanças implementadas na ciência e no meio ambiente; e as conseqüências destas sobre os seres humanos e o planeta. "O objeto de atuação da Bioética surgiu com a tomada de consciência do homem de que ele é parte integrante e atuante do meio em que vive", afirma a bióloga e professora do Núcleo de Práticas Jurídicas da PUC Minas, Ana Paula Pacheco Clemente. De acordo com ela, a Bioética foi entendida, num primeiro momento, como uma forma de preservação da biodiversidade e do meio ambiente. Mas com o avanço da biotecnologia, a utilização do termo foi ampliada para uma ética aplicada às ciências biomédicas. Ela também diz que a Bioética é responsável por toda biotecnologia que não tem ainda uma legislação específica a respeito, como os transplantes de órgãos, a engenharia genética, clonagem, projeto genoma, reprodução assistida, tanatologia e transgênicos.

Curso de extensão- Ana Paula Pacheco Clemente é também coordenadora do curso de extensão "Bioética e suas Implicações Jurídicas", oferecido pela universidade, por meio do Instituto da Educação Continuada (IEC). O curso é pioneiro no Brasil e tem o objetivo de "formar alunos críticos, que possam criar suas convicções sobre temáticas de ponta", relata Ana Paula Clemente. São 30 horas/aula de carga horária dividas nas seguintes disciplinas: "Bioética na reprodução assistida", "Ética filosófica à Bioética", "Bioética na pesquisa em seres humanos e patentes em biotecnologia", "Bioética no projeto genoma e transgênicos", "Vídeo Bioética", "Responsabilidade Civil dos Profissionais de Saúde" e "Tanatologia".

PROGRAMAÇÃO DO FÓRUM TÉCNICO EM BELO HORIZONTE

8h30: abertura, com presença do presidente da Assembléia de Minas, deputado Antônio Júlio (PMDB); do presidente do Tribunal de Justiça do Estado, desembargador Gudesteu Biber Sampaio; e do secretário de Ciência e Tecnologia do Estado, Antônio Salustiano Machado

8h45: palestra: "Impactos Socioeconômicos da Biotecnologia em Minas Gerais", sendo expositor Francisco Vidal Barbosa, da UFMG e da Universidade de Harvard, e debatedores os presidentes da Fiemg, Robson Andrade, e da Federação da Agricultura e Pecuária (Faemg), Gilman Viana, além do professor de Ecologia e Desenvolvimento Rural do Centro Universitário de Belo Horizonte UNI-BH Carlos Eduardo Mazzetto Silva

10h45: palestra: "Biotecnologia e aspectos legais", sendo expositor o professor Aloísio Borem, da Universidade de Viçosa, e debatedores Roberta Jardim de Morais, da Assessoria Internacional do Governo de Minas Gerais, o presidente da Associação dos Produtores de Sementes e Mudas de Minas Gerais, Eder Luiz Bolson; coordenador dos Cursos de Biossegurança da Fundação Oswaldo Cruz, Sílvio Valle. Os debates da parte da manhã serão coordenados pelo deputado Eduardo Hermeto (PFL)

14 horas: palestra: "Impacto da Biotecnologia na Saúde", sendo expositores o diretor Científico da Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapemig), Naftale Katz; o professor da Escola de Veterinária da UFMG, Roberto Machado Silva; e a professora da Faculdade de Medicina da UFMG e diretora da Sociedade Brasileira de Bioética, Maria de Fátima de Oliveira. O debate será coordenado pelo deputado Edson Rezende (PT)

15h30: palestra: "Impacto da Biotecnologia no Meio Ambiente", sendo expositores o presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Willer Hudson Pós; o diretor de Meio Ambiente do Sindbio, Luís Mário Queiroz Lima.; e o professor do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, Sérvio Pontes. O debate terá coordenação do deputado José Milton (PL)

17 horas: palestra: "Impacto da Biotecnologia na Agroindústria", sendo expositores os presidentes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Alberto Duque Portugal, e o membro do Comitê Técnico-Científico do Sindbio, Gloverson Lamego Mouro. O debate será coordenado pelo deputado Paulo Piau (PFL).

 

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