Comissão Especial da Samarco vai a Mariana
Cerca de 600 mil litros de água são retirados por
hora do rio Piracicaba para entrar na mistura de uma polpa de
minério de ferro. Esta foi uma das constatações dos deputados da
Comissão Especial da Samarco, em visita de inspeção à mineradora,
instalada no município de Mariana, nesta quarta-feira (4/9/2002). O
minério é bombeado através de um mineroduto de 396 km de extensão
até a unidade de Ponta Ubu, no Espírito Santo, onde a empresa mantém
duas usinas de pelotização e um terminal marítimo. Segundo o gerente
de saúde e meio ambiente da Samarco, Vitor Feitosa, 5% desta água
recebe tratamento para uso humano e 95% vai direto para os tanques
de processo para ser utilizada no bombeamento.
A concessão das águas do rio Piracicaba pertence à
Copasa e a mineradora possui a outorga para a sua utilização, o que
é motivo de investigação da Comissão Especial. De acordo com o
deputado Irani Barbosa (PSD), relator da comissão e autor do
requerimento, é necessário avaliar se esta atividade está gerando
algum prejuízo para o Estado e se a Samarco está cometendo alguma
irregularidade fiscal ou ecológica. "Eu acompanho as informações
sobre o mineroduto há dois anos e é minha função investigar as
denúncias que recebemos. Nosso objetivo aqui não é prejudicá-los"
diz.
Questões ambientais serão investigadas
Durante a visita de ontem às instalações da Samarco
em Mariana, o presidente da Comissão Especial, deputado João Paulo
(PL), esclareceu os aspectos que serão investigados. "É nosso dever
fiscalizar a legalidade das ações da empresa e verificar suas
condições de funcionamento. Para isso viemos conhecer as
dependências da mineradora e posteriormente analisar a documentação
sobre a questão ambiental e tributária", afirma.
Sobre o meio ambiente, o gerente de mineração, João
Pedro, afirmou que de 5% a 8% do faturamento da mineradora são
revertidos para tratamento ambiental, como recomposição das matas,
controle de emissões atmosféricas e da utilização da água. "Existe
um projeto de recuperação de cavas para 2003 que pretende recompor a
topografia da região, mas é um processo demorado, de cerca de 20
anos", diz o gerente.
A Samarco é pioneira no Brasil na exploração do
minério chamado itabirito, que antigamente era descartado como
rejeito por ser de baixo teor de ferro. Sua produção é de 12 milhões
de toneladas de pelotas por ano e 1 milhão de toneladas de finos, o
que lhe garante a 2ª posição no ranking de exportação de
minério de ferro no mundo, segundo informações divulgadas durante a
visita.
Presenças - Estiveram
presentes, além dos deputados, o consultor da área de meio ambiente,
André Alves, o assessor da Secretaria de Estado da Fazenda, João
Alberto Vizzotto, e o assessor do deputado Irani Barbosa, Marco
Aurélio Carone.
|