Fórum destaca vantagens de produtos geneticamente
modificados
Diante de uma platéia formada principalmente por
estudantes universitários, no auditório da Faculdade de Medicina de
Barbacena, representantes de empresas, institutos de pesquisa e
entidades governamentais apresentaram nesta quarta-feira (4/9/2002)
argumentos favoráveis à produção e ao consumo de produtos
geneticamente modificados, os chamados transgênicos. A reunião
ocorrida na cidade foi o terceiro encontro regional do Fórum Técnico
"A biotecnologia e você: mitos, verdades e fatos", promovido pela
Assembléia Legislativa, a requerimento do deputado Eduardo Hermeto
(PFL), com o apoio do Sindicato das Empresas de Base Biotecnológica
no Estado (Sindbio) e da Federação das Indústrias do Estado de Minas
Gerais (Fiemg).
A presidente do Sindbio, Hélen Aguiar Lima,
ressaltou os impactos positivos da biotecnologia sobre a
agricultura. Segundo ela, a produtividade chega a aumentar até 43%
no caso de alguns alimentos. Já o presidente da Associação dos
Produtores de Sementes e Mudas de Minas Gerais (Aspemg), Eder Luiz
Bolson, procurou minimizar os riscos dos transgênicos para a saúde
humana. Segundo ele, alimentos modificados geneticamente, como a
soja e o tomate, já foram exaustivamente testados e não há registro
de problemas médicos. Além disso, eles geralmente têm composição
química idêntica aos produtos convencionais. Entre as vantagens dos
transgênicos, Eder citou ainda a maior resistência desses produtos a
pragas, doenças e agrotóxicos, além de custos menores de
produção.
Conhecimento é insuficiente e exige cautela, diz
deputado
O deputado Edson Rezende (PT) alertou, no entanto,
para a necessidade de se aplicar o princípio da precaução. Ele disse
que a ciência ainda não dispõe de informações suficientes para se
passar a utilizar de forma extensiva os produtos transgênicos, e que
por isso é necessário que se faça mais pesquisas a respeito dos seus
impactos sobre a saúde humana e o meio ambiente. Rezende também
falou sobre a ameaça de monopólio na venda de sementes por parte de
empresas estrangeiras.
O professor da Escola de Veterinária da UFMG,
Roberto Machado Silva, ressaltou a importância da biotecnologia como
uma ciência, segundo ele, fundamental para a humanidade no terceiro
milênio. "Nada vai causar mais impactos nas nossas vidas do que a
sigla OGM (Organismos Geneticamente Modificados)". Ele defendeu a
produção de medicamentos transgênicos, citando como exemplos a
vacina contra hepatite B e a insulina humana, aplicada em pacientes
com diabetes.
A médica e secretária da Rede Nacional Feminista de
Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, Maria de Fátima
Oliveira, no entanto, criticou a posição dos defensores dos produtos
transgênicos. Segundo ela, diversos dos palestrantes que a
antecederam trataram da vida como se ela fosse algo banal. "A
história da humanidade nos comprovou que a ciência traz muitas
coisas boas, mas também muitos instrumentos de destruição", afirmou,
acrescentando que muitas aspectos discutidas no fórum ainda estão no
terreno das hipóteses, e que por isso é necessário aprofundar a
discussão e a pesquisa sobre o assunto.
Curso superior - Os
debates foram coordenados pelos deputados Edson Rezende e Eduardo
Hermeto. Este foi o terceiro encontro regional do fórum técnico. A
escolha de Barbacena deveu-se à presença da biotecnologia na cidade,
onde funciona o único curso superior sobre essa ciência no Brasil,
criado para realizar pesquisas e aumentar a produtividade das
floriculturas da região. Outras duas reuniões do Fórum Técnico foram
realizadas em Passos e Montes Claros. No próximo dia 11, Uberaba
sedia a quarta etapa do fórum, que será concluído em Belo Horizonte,
no dia 18, no auditório da Alemg.
|