Legado de JK é tema de debate

Na segunda etapa do Ciclo de Debates "Os anos JK" na tarde desta quarta-feira (4/9/2002), os debatedores, sob a presi...

05/09/2002 - 15:06
 

Legado de JK é tema de debate

Na segunda etapa do Ciclo de Debates "Os anos JK" na tarde desta quarta-feira (4/9/2002), os debatedores, sob a presidência do deputado Amilcar Martins (PSDB), abordaram o legado deixado por Juscelino Kubitschek na economia, cultura e sociedade.

A professora do departamento de Ciência Política da UFMG, Vera Alice Cardoso Filho, definiu legado como aquilo que é deixado para as gerações seguintes, acrescentando que JK, mais que um ator político, é um referencial para falar de uma era. Para a professora, o grande legado de Juscelino é a concepção política que ele desenvolveu, percebendo que o papel do Executivo é planejar, dirigir. "Juscelino tinha uma visão política e ações muitos claras, que podem incentivar os brasileiros a serem mais dinâmicos e otimistas", explicou.

Em relação a clareza das ações de JK, Vera Alice falou que, quando ele pretendia se recandidatar à presidência em 1965, tinha consciência dos efeitos gerados pelo desenvolvimento acelerado das cidades durante o seu governo. "Juscelino pretendia, se reeleito, enfrentar os desafios da modernização agrícola e tinha um plano com mais de 90 metas para o campo. Ele sabia que tinha cumprido uma etapa importante, mas que precisava corrigir algumas conseqüências desses avanços", acrescentou.

O economista e ex-presidente do Conselho Federal de Economia, Dércio Garcia Munhoz, reafirmou a idéia apresentada pela professora Vera Alice, ao dizer que JK estabeleceu metas físicas e trabalhou para alcançá-las. Para o economista, esse é o legado do ex-presidente. "Precisamos hoje voltar a estabelecer metas físicas e não virtuais, que só geram a estagnação", defendeu.

Vera Alice disse ainda que Juscelino Kubitschek era inovador em relação ao desenvolvimento e conservador na política, não polarizando as opiniões e nem gerando conflitos. A professora destacou ainda a personalidade conciliadora de JK, que se colocava acima dos conflitos partidários.

O economista Dércio Munhoz contextualizou a entrada de JK na política dizendo que, na época, o cenário político dava a ele duas opções: a estagnação ou a substituição das importações. "A substituição de importações era modernizadora e significava fazer uma opção histórica e sábia pela industrialização. E foi o que Juscelino fez, com seu Plano de Metas". Segundo Munhoz, JK estabeleceu valores diferenciados para os produtos importados, favorecendo os produzidos no Brasil. O economista enfocou ainda, em sua apresentação, a importância da construção de estradas permitindo a integração, o fortalecimento da federação e a expansão do comércio.

A professora titular da UFMG, Eneida Maria de Souza, falou das contribuições culturais da administração de JK, sobretudo à frente da prefeitura de Belo Horizonte. Eneida abordou a verticalização arquitetônica, a modernização urbana, que não dispensou traços antigos, como os elementos indígenas, por exemplo. Também na era JK, o internacionalismo era mesclado com aspectos regionais. O conjunto arquitetônico da Pampulha, a Exposição de Arte Moderna de 1944, a Bossa Nova e o Cinema Novo também foram mencionados na palestra da professora.

Debate - "JK teria sobrevivido à política atual?", foi uma das perguntas feitas pelos participantes do Ciclo de Debates ao economista Dércio Munhoz. "Acho que sim, e precisávamos de 'um JK' hoje. Ele era otimista, olhava o horizonte. As propostas dele eram vistas como impossíveis, como foi o caso da construção de Brasília, mas ele encontrava formas. Precisávamos hoje de alguém em quem pudéssemos confiar", disse o economista.

 

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