Embaixador palestino pede apoio do Brasil contra ocupação
israelense
"Com o apoio do Brasil, o Apartheid foi
derrubado na África do Sul. Com esse mesmo apoio, vamos conseguir
derrubar a ocupação israelense na Palestina". O apelo foi feito
nesta quinta-feira (22/8/2002) pelo embaixador da Palestina, Musa
Amer Oden, durante palestra no auditório do Conselho Regional de
Engenharia e Arquitetura (Crea/MG). O evento, parte integrante do II
Fórum Minas Por Um Outro Mundo, promovido pela Assembléia
Legislativa de Minas, foi coordenado pelo deputado Rogério Correia
(PT).
O embaixador fez um relato da situação vivida pelo
seu povo. Segundo ele, devido à ocupação israelense do território
palestino, a população perdeu sua liberdade de locomoção, trabalho e
educação. "Há mais de um mês estamos sob toque de recolher. Só nos
dão duas horas por dia para sairmos de casa para comprar alimento e
água", informou Oden.
Ele disse que há 274 pontos de revista espalhados
pelo país, nos quais o Exército israelense comete todo tipo de
desrespeito aos palestinos. Nesses locais, por exemplo, afirmou,
inúmeras mulheres grávidas são barradas e, por não conseguirem
chegar no hospital a tempo de darem à luz seus bebês, acabam
morrendo. O embaixador disse ainda que há mais de 10 mil palestinos
presos nas cadeias de Israel atualmente. Desses, mais de 35% têm
menos de 18 anos de idade. "E também 35% das vítimas dos israelenses
têm menos de 18 anos. É uma catástrofe", disse o diplomata.
"Estamos tentando de tudo para pôr fim a essa
ocupação", garantiu Musa Amer Oden, citando os apelos à Organização
das Nações Unidas (ONU) e a outros organismos internacionais e ainda
via resistência. "Esperamos há 50 anos pela nossa liberdade e não
conseguimos. Portanto, é um direito nosso resistir", afirmou. O
embaixador citou, como exemplos de atos de resistência
bem-sucedidos, as ações do general Charles De Gaulle, na França,
contra a Alemanha durante a 2ª Guerra Mundial, e de Nelson Mandela
contra o Apartheid na África do Sul.
Ele criticou ainda o apoio irrestrito dos Estados
Unidos a Israel. No entanto, lembrou de um movimento recente que
surgiu na Europa, segundo o qual a população está boicotando todos
os produtos israelenses, e sugeriu que o mesmo seja feito no Brasil,
como forma de pressionar pelo fim do que ele chamou de "tirania
israelense".
REPRESENTANTE COMPARA BUSH E SHARON A HITLER E
NERO
O presidente da Federação das Entidades
Árabes-brasileiras, Marcelo Antônio dos Santos, comparou o
presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e o primeiro-ministro
de Israel, Ariel Sharon, a Nero, imperador que ateou fogo em Roma no
ano 64 Antes de Cristo, e Adolf Hitler, ditador alemão durante a 2ª
Guerra Mundial.
Santos narrou a história do conflito
Israel-Palestina, culpando a ONU pelo problema. Segundo ele, a
Resolução 181 da entidade, de 29/11/1947, resolveu retirar da
Palestina 56% de seu território e concedê-lo aos judeus que
escaparam do movimento anti-semita na Europa. No ano seguinte, os
israelenses já ocupavam 78% de todo o território, afirmou. Ele citou
ainda que, por meio da violência e com o apoio dos Estados Unidos,
Israel ocupou, em 1967, 100% do que havia sido a Palestina antes da
2ª Guerra Mundial, sob o falso pretexto de se defender dos ataques
árabes.
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