Oficina debate desigualdade no mercado de trabalho

A desigualdade no mercado de trabalho entre as famílias mais pobres e mais ricas da Região Metropolitana de Belo Hori...

22/08/2002 - 18:25
 

Oficina debate desigualdade no mercado de trabalho

A desigualdade no mercado de trabalho entre as famílias mais pobres e mais ricas da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) foi o principal tema discutido na Oficina "Situação do Trabalho no Brasil", nesta quinta-feira (22/8/2002), como parte do II Fórum Minas por Um Outro Mundo. A oficina foi apresentada pelo economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos), Carlos Wagner Costa Machado, que destacou os dados presentes no primeiro capítulo do livro "A Situação do Trabalho no Brasil", lançado em 2001 e produzido pelo departamento.

Os dados da pesquisa do Dieese sobre a situação das famílias na RMBH no mercado de trabalho em 1999 foram analisados no livro "A Situação do Trabalho no Brasil". Carlos Wagner explicou que, a partir dessas informações, foi feita uma avaliação da situação das famílias mais pobres em comparação com as mais ricas no mercado. "Nosso principal objetivo nessa oficina é chamar a atenção com relação aos mais pobres e a evidente desigualdade que os números da pesquisa do Dieese apontam", disse Carlos Wagner.

No estudo, o Dieese classifica a população em idade ativa (acima de 10 anos) entre ocupados, inativos e desempregados. Nesse contexto, em 1999, na RMBH, o índice de ocupados era de 46,9%, de inativos 42,8% e de desempregados 10,3%. Segundo Carlos Wagner, no Brasil há um trânsito constante entre essas situações, em decorrência de um mercado de trabalho pouco estruturado. Ele destacou também que o índice de desempregados dessa pesquisa não corresponde ao da taxa de desemprego, que é de 18,2%: "A taxa considera o número de pessoas desempregadas em relação àquelas que se encontram no mercado de trabalho e o índice de desempregados faz a comparação com a população em idade ativa, como um todo".

Nesse contexto, o índice dos ocupados do quartil (1/4) das famílias mais pobres na RMBH é bem menor (22%), o de inativos é maior (57,8%) e a taxa de desemprego atinge os 48,5%. Em contrapartida, as famílias classificadas como as mais ricas têm participação de 55% no número de ativos, sendo que a taxa de desemprego gira em torno de 9%. "Esses números mostram a face evidente de desigualdade no País", analisa o economista.

Em sua pesquisa, o Dieese classifica como famílias mais pobres aquelas com renda familiar de até R$ 278,00 e as mais ricas, com rendimentos acima de R$ 1.122,00. Como renda familiar, são considerados os rendimentos de todos os membros que fazem parte de uma família. Mais informações sobre as pesquisas do Dieese no site (www.dieese.org.br).

EM DEFESA DA BASE DE FOGUETES DE ALCÂNTARA

Na oficina "A Base de Alcântara", do II Fórum Minas Por Um Outro Mundo, o deputado federal Virgílio Guimarães (PT/MG) e Ivana Monte Lima, da Rede Práxis (RJ) destacaram a localização privilegiada do Centro de Lançamentos de Foguete de Alcântara (MA), que está a 2o do Equador. Por causa desta proximidade, o foguete, ao ser lançado, tem um impulso de 1,7 mil km por minuto, provocando, assim, uma economia de combustível de 30%. Além disso, a precisão do lançamento é 30% maior do que em outras bases. Ao todo, no mundo, existem 26 bases de lançamento de foguetes, satélites e artefatos ambientais. Alcântara é considerada como a melhor base internacional.

De olho nessas vantagens, os Estados Unidos assinaram, em 2000, um acordo com o governo brasileiro para explorar a base. "Esse acordo é a coisa mais vergonhosa e nociva aos interesses nacionais", denuncia Virgílio. Segundo ele, pelo acordo, o Brasil assegura aos Estados Unidos o controle soberano da base, o controle da entrada e saída de contêiners fechados, além do poder de veto para definir qualquer outro parceiro do Brasil para explorar a base. "Não somos contra um acordo, mas sim contra esse, que mostra uma subserviência do Brasil , acredita Virgílio. Segundo Ivana, o documento, assinado em 18 de abril de 2000, pode ser ratificado pelo Congresso a qualquer momento.

Além da questão da soberania nacional, com o acordo o Brasil pode perder arrecadação com a exploração da indústria espacial - que, junto com a de telecomunicações, é a mais lucrativa atualmente. "O mercado de lançamento de foguetes é muito competitivo e caro e o Brasil está começando a disputá-lo", informa Virgílio. Mesma opinião tem Ivana: "a indústria espacial traria muitas divisas para o País porque o lançamento de foguetes é lucrativo".

 

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