Interiorização de Fórum sobre Biotecnologia começa 4ª feira, em
Passos
A primeira reunião de interiorização do Fórum
Técnico "A Biotecnologia e Você: Mitos, Verdades e Fatos", promovido
pela Assembléia de Minas, será realizada nesta quarta-feira
(28/8/2002), a partir das 8h30, no Passos Clube (Praça Monsenhor
Messias, 16), em Passos, região Sul de Minas Gerais. Com o objetivo
de disseminar informações e solucionar dúvidas sobre a
biotecnologia, o Legislativo mineiro lidera essa iniciativa em
parceria com o Sindicato das Empresas de Base Biotecnológica no
Estado (Sindbio), Federação das Indústrias (Fiemg) e as organizações
não-governamentais Circuito da Vida e CNTA (Centro Nacional de
Tecnologia Ambiental).
O encontro realizado em Passos terá a coordenação
do deputado Eduardo Hermeto (PFL). Aqueles que se interessarem em
participar do evento no interior do Estado, devem comparecer ao
local da reunião às 8 horas para credenciamento. Não há necessidade
de inscrição. Ao todo, serão realizados quatro encontros em
cidades-pólo do interior, a fim de abrir espaço para a discussão
sobre a biotecnologia. As próximas cidades a sediarem o evento são
Montes Claros (30/8), Barbacena (4/9) e Uberaba (11/9). A etapa
final vai acontecer em Belo Horizonte, no dia 18 de setembro, no
Plenário da Alemg. O público-alvo do fórum é formado por
representantes das indústrias regionais, do setor produtivo, da
administração pública, das escolas de ensino fundamental, médio e
universitário e de associações de classe.
Utilização da biotecnologia- "Biotecnologia é a utilização de organismos vivos no
desenvolvimento de produtos, serviços e processos nos setores de
alimentação, saúde, agricultura, pecuária e preservação do meio
ambiente", é o que afirma a presidente do Sindbio, Hélen Lima, que
será uma das expositoras das reuniões de interiorização do fórum.
Segundo ela, a biotecnologia já é usada há milênios, apesar de
parecer novidade, tendo como alvos, entre outros, a produção de
alimentos como o pão, o vinho e o queijo.
Hélen Lima lembra que o Estado de Minas Gerais é o
maior pólo de biotecnologia da América Latina, de acordo com estudos
realizados pela Federação das Indústrias (Fiemg). Segundo ela, a
biotecnologia é uma das vertentes primordiais para o desenvolvimento
da economia atualmente. Na região do Sul de Minas Gerais, a
biotecnologia é utilizada, principalmente, nos setores de produção
de alimentos e na pecuária, principais atividades econômicas
locais.
PARA PROFESSOR, OGM DEVERIA SER AVALIADO POR
COMISSÃO TÉCNICA
A modificação genética na produção alimentícia,
chamada de "tecnologia do DNA recombinante", foi introduzida no
Brasil entre o final da década de 80 e início dos anos 90. Essa
tecnologia é utilizada para aumentar a produtividade agrícola e
reduzir o impacto ambiental da agricultura, na medida em que
minimiza o uso de pesticidas e herbicidas, com o objetivo de
melhorar a qualidade nutricional dos alimentos.
Segundo texto publicado na revista eletrônica de
jornalismo científico "Consciência" pelo professor Franco Lajolo, da
Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo
(USP), no Brasil esse tipo de alimento deveria ser submetido aos
Ministérios da Saúde, da Agricultura e da Ciência e da Tecnologia e
estar sujeito à legislação específica relativas a normas de
rotulagem. Segundo ele, os alimentos geneticamente modificados
teriam que ser avaliados por comissões técnico-científicas, que
seriam responsáveis pela aprovação de sua comercialização.
Franco Lajolo explica que a modificação genética
nos alimentos é aplicada da seguinte maneira: "com a tecnologia do
DNA recombinante pode-se, de forma rápida, alterar a operação de um
gene pré-existente ou incorporar numa nova planta um único gene
exógeno, correspondente a uma determinada característica que se
deseja desenvolver. A transferência de genes pode ocorrer entre
espécies, famílias e mesmo entre reinos diferentes, de forma que,
por exemplo, uma qualidade presente numa leguminosa pode ser
transferida para um cereal, transferência impraticável sem essa
tecnologia".
MODIFICAÇÃO GENÉTICA DE ALIMENTOS CAUSA
POLÊMICA
O professor Franco Lajolo também aborda em seu
texto a polêmica criada em torno da segurança dos alimentos
geneticamente modificados. Segundo ele, em toda a história, as
mudanças realizadas na forma de produção e conservação dos produtos
alimentícios sempre foram motivos de preocupação e especulação. Como
exemplo, ele cita casos como o do enlatamento, da pasteurização, da
comercialização do milho híbrido, da margarina, do uso da irradiação
e do microondas.
Franco Lajolo considera que a distância desse tipo
de tecnologia e o seu desconhecimento por parte da população são os
principais fatores que causam a polêmica. Para isso, ele propõe que
se realizem discussões em torno do assunto envolvendo a sociedade e
o meio científico. A questão da segurança do consumo dos alimentos
que passaram por modificações genéticas será abordada durante as
palestras que serão ministradas no Fórum "Biotecnologia e você:
Mitos, verdades e fatos".
PROGRAMAÇÃO DO EVENTO NO INTERIOR DO ESTADO
8 horas:
credenciamento
8h30: abertura
8h45: palestra "Impactos
Socioeconômicos da Biotecnologia em Minas Gerais", sendo expositora
a presidente do Sindicato das Empresas de Base Biotecnológica no
Estado de Minas Gerais (Sindbio), Hélen Aguiar Lima. Os debatedores
serão o presidente da Federação das Indústrias (Fiemg), Robson
Andrade; presidente do Instituto Mineiro de Agropecuária (Ima),
Célio Gomes Floriani; e o professor de Ecologia e Desenvolvimento
Rural do Centro Universitário de Belo Horizonte UNI-BH Carlos
Eduardo Mazzetto Silva;
10h30: palestra
"Biotecnologia e Aspectos Legais", sendo expositor o professor de
Biotecnologia do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal
de Viçosa (UFV), Aluízio Borém. Os debatedores serão o presidente da
Associação dos Produtores de Sementes e Mudas de Minas Gerais
(Aspemg), Eder Luiz Bolson; a assessora adjunta para Assuntos
Internacionais do Governo do Estado de Minas Gerais, Roberta Jardim
de Morais; e um representante do Ministério Público;
14 horas: palestra
"Impactos da Biotecnologia na Saúde", sendo expositores o diretor
científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas
Gerais (Fapemig), Naftale Katz; o professor da Escola de Veterinária
da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Roberto Machado
Silva; e a secretária da Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos
Sexuais e Direitos Reprodutivos, Maria de Fátima Oliveira;
15 horas: palestra
"Impactos da Biotecnologia no Meio Ambiente", sendo expositores o
diretor de Meio Ambiente e Saúde do Sindicato das Empresas de Base
Biotecnológica de Minas Gerais (Sindbio), Luis Mário Queiroz Lima; e
o ecólogo e professor do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG,
Sérvio Pontes;
16 horas: palestra
"Impactos da Biotecnologia na Agroindústria", sendo expositor o
membro do Comitê Técnico-Científico do Sindbio, Gloverson Lamego
Mouro.
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