Legalização dos jogos de azar é debatida na Assembléia

Para debater a passagem dos jogos de azar da clandestinidade para economia formal, a geração de empregos e os resulta...

21/08/2002 - 14:44
 

Legalização dos jogos de azar é debatida na Assembléia

Para debater a passagem dos jogos de azar da clandestinidade para economia formal, a geração de empregos e os resultados diretos em benefício social, foi realizado nesta quarta-feira (21/8/2002) o Ciclo de Debates "Jogo: Realidade e Legalidade", no Plenário da Assembléia Legislativa. Na abertura do evento, o deputado Álvaro Antônio (PSB), 3º-secretário da Alemg, ponderou que os jogos de azar (jogo do bicho, bingos e caça-níqueis) são aqueles que têm apelo para o dinheiro fácil, mas podem gerar empregos e receita proveniente da arrecadação de impostos. Segundo o deputado, a legalização é uma questão controversa e a Assembléia está aberta às discussões, de maneira imparcial, como prova a promoção do evento.

O coordenador do Ciclo de Debates, deputado Alencar da Silveira Júnior (PDT), destacou que esta quarta-feira "é um dia especial para coroar a defesa da legalização dos jogos". Para Alencar, ele, como representante de um segmento social, não poderia fingir que o jogo de azar não existe e que movimenta a economia informalmente. De acordo com o deputado, o que é arrecadado no setor poderia custear a segurança pública do Estado, com cerca de R$ 40 milhões por ano.

Antes de começar o primeiro painel do Ciclo, que abordou o tema "Legalizar é preciso: da clandestinidade para a economia formal", o deputado lembrou que os jogos não são necessariamente um braço do crime organizado. O primeiro palestrante, coronel Mauro Lúcio Gontijo, presidente da Loteria do Estado de Minas Gerais, disse que debates como este são importantes para trabalhar a questão da legalidade do jogo de azar, e que estava participando principalmente para ouvir as opiniões.

Competência - Na seqüência, Cássia Virgínia Serra, promotora de Justiça de Minas Gerais, iniciou sua fala destacando que o Ministério Público busca o cumprimento da legalidade e da competência dos jogos de azar, que exigem matéria técnica. "De acordo com a Constituição Federal e o Código Penal, é competência da União legalizar ou não, por exemplo, jogos de bingo ou caça-níqueis", afirmou. "Para que essas condutas não sejam consideradas mais ilícitas, precisamos de uma lei federal, já que a União é responsável pela competência e legalidade dos jogos", completou. Ela destacou, ainda, que a discussão do Ciclo serve como fundamento para amparar a legalidade ou não dos jogos, mas que não cabe ao Estado definir.

Opinião contrária foi apresentada pelo ex-presidente da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj), Daniel Homem de Carvalho. Segundo ele, essa competência exclusiva da União para legislar sobre o jogo não está clara na Constituição, que destaca apenas a regulação de consórcio e sorteios. Daniel Carvalho explicou que a atividade lotérica não pode ser incluída na modalidade de sorteio e que "a Constituição não deu à União o monopólio para regulamentá-la, como quer a Caixa Econômica Federal". Para ele, a Constituição prevê que os Estados-membros possam realizar e explorar sorteios para custeio da previdência social, o que caracterizaria os jogos, exatamente como vem ocorrendo no Rio Janeiro, com a exploração legal dos caça-níqueis e bingos, por exemplo.

Já em Goiás, a atividade de videoloteria (máquinas instaladas no interior de bingos ou em salas exclusivas) foi regulamentada e está sendo explorada naquele Estado, gerando empregos e receitas. Esta informação é do diretor da Concessionária de Gerenciamento e Planejamento de Goiás, José Antônio Barros Filho. Segundo ele, a competência para o estado legislar foi reconhecida em 2000. "A videoloteria está gerando recursos importantes para realização de obras sociais", informou.

Regulamentação e clandestinidade dos jogos

Jogo de azar é aquele em que a sorte decide o resultado. Com esta definição, o editor do Boletim Novidades Lotéricas, Magno José dos Santos de Souza, iniciou sua palestra como parte do primeiro painel "Legalizar é preciso: da clandestinidade para a economia formal". Segundo ele, atividades lotéricas promovidas pela Caixa Econômica Federal, como Mega Sena e Super Sena, são consideradas jogos de azar assim como bingos, caça-níqueis e jogo do bicho, já que o apostador não precisa ter habilidade de conhecimento. Também para o ex-presidente da Loterj, Daniel Homem de Carvalho, os jogos promovidos pela Caixa são de azar, porque os apostadores estão submetidos à sorte; a diferença é que são regulamentados pela União.

Para Magno Souza, a Caixa Econômica Federal tem investido na atividade do pagamento de contas, deixando de lado um grande mercado de apostas ainda inexplorado no Brasil. Por isso, ele defendeu a legalização dos bingos, videoloterias, jogo do bicho e cassinos. Outro fator que deve ser considerado, segundo Magno Souza, é que "as lotéricas têm sérios problemas de segurança, já que foram transformadas da noite para o dia em minibancos, mas sem a segurança deles".

O presidente da Associação Brasileira de Bingos (Abrabin), Olavo Sales da Silveira, destacou que há espaço para inserção de novos jogos no mercado brasileiro, mas sem sobrepor um ao outro. Segundo ele, a videoloteria e a loteria on line estão usurpando o vídeo nas salas de bingo. Olavo ressaltou também que existe um Projeto de Lei na Câmara dos Deputados que trabalha de forma realista a natureza do bingo, contemplando o tratamento tributário - essencial para que não seja mantido na contravenção e ilegalidade.

 

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