Projeto de lei federal destinaria R$ 1,3 bi para estradas de MG

Minas Gerais poderia receber pelo menos R$ 1,3 bilhão, anualmente, para serem usados na restauração, aumento da capac...

20/08/2002 - 20:40
 

Projeto de lei federal destinaria R$ 1,3 bi para estradas de MG

Minas Gerais poderia receber pelo menos R$ 1,3 bilhão, anualmente, para serem usados na restauração, aumento da capacidade de escoamento rodoviário e aplicação em pavimentação em novos trechos de estradas. Para isso, é necessário que o Congresso Nacional aprove um projeto que aplica os recursos da arrecadação da Cide - uma taxação sobre combustível - através do Fundo Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, a ser criado. A necessidade de aprovar o projeto, que também regulará o não-contingenciamento dessa contribuição, foi ressaltada na "Carta de Belo Horizonte", documento final do Ciclo de Debates "Ampliação da malha rodoviária: condição para o desenvolvimento socioeconômico do Estado", promovido nesta terça-feira (20/8/2002) na Assembléia Legislativa.

Da disponibilidade de R$ 6,5 bilhões anuais para todo o Brasil, Minas Gerais poderá obter pelo menos 20% desse montante - ou seja, R$ 1,3 bilhão. As informações sobre a Cide foram repassadas aos participantes do Ciclo de Debates pelo deputado federal Eliseu Resende (PFL), membro permanente da Comissão de Viação de Transportes da Câmara dos Deputados. Ele acredita que o projeto seja votado até o final de 2002, em regime de urgência. Para o deputado estadual Mauro Lobo (PSB), autor do requerimento que solicitou o Ciclo de Debates, é interesse de todos os estados brasileiros a votação do projeto que trata da Cide, inclusive dos governadores a serem eleitos.

Apesar de a contribuição ter caráter federal, o deputado Eliseu Resende ressaltou que nada impede que a União aplique recursos não somente nas BRs, mas também em investimentos de responsabilidade dos estados e municípios, desde que haja demonstração de relevante economia de combustível. Segundo ele, até 25% da arrecadação da contribuição federal poderiam ser investidos nos programas estaduais e municipais, como construção de metrôs, ampliação da capacidade de rodovias do estado, projetos ferroviários e também acesso às sedes dos 231 municípios mineiros que não possuem rodovias asfaltadas - cuja situação precária motivou o Ciclo de Debates.

Para o diretor de Concessões e Novos Negócios do Sindicato das Indústrias da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot), Lionel Barra, no entanto, o critério de "demonstração de relevante economia de combustível" valeria apenas para projetos urbanos e não para a pavimentação dos acessos às sedes de municípios.

SICEPOT SUGERE MUDANÇAS NO FUNTRANS PARA RESOLVER PROBLEMA

O diretor de Concessões e Novos Negócios do Sindicato das Indústrias da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot), Lionel Barra, também apresentou propostas para resolver o problema viário. Ele ressaltou que é preciso tirar os recursos do Funtrans (Fundo Estadual de Desenvolvimento de Transportes) do caixa único e ampliar a verba vinculada ao fundo. O Funtrans foi criado em 2000 e é alimentado por multas arrecadadas nas rodovias estaduais por excesso de carga, entre outras fontes.

O Sicepot propõe que R$ 65 milhões sejam injetados no fundo anualmente, retirados da arrecadação da renovação de licenciamento de veículos. Outros R$ 140 milhões anuais viriam da parcela de 35% do IPVA. Desta forma, seriam R$ 205 milhões a mais a serem incorporados ao Funtrans - o que corresponde, de acordo com o Sicepot, a 50% da necessidade de recursos para o setor de transportes. Hoje, estão disponíveis no Funtrans R$ 45 milhões/ano, sendo que a recuperação, a manutenção e também o acesso aos municípios sem rodovias asfaltadas precisariam de R$ 460 milhões. "Não queremos impor uma camisa-de-força, mas precisamos cuidar das rodovias estaduais", disse Lionel Barra.

CARTA DE BELO HORIZONTE SERÁ ENVIADA A CANDIDATOS AO GOVERNO

A "Carta de Belo Horizonte" será encaminhada aos candidatos a governador de Minas Gerais e ao governo do Estado, depois de ser referendada pelos 231 municípios mineiros que não possuem rodovias asfaltadas e que estiveram representados no evento desta terça-feira (20/8). O deputado Mauro Lobo (PSB) ressaltou o mérito do Ciclo de Debates, por ter levantado os problemas da malha rodoviária mineira e dos municípios sem rodovias asfaltadas. Ponderou, no entanto, que a população também precisa se envolver e buscar soluções. São cerca de 1,5 milhão de habitantes nos 231 municípios. Das 234 cidades inicialmente apontadas como sem estradas asfaltadas, três já estão sendo beneficiadas com obras: Ilicínea, São Tomé das Letras e Jacinto.

Mauro Lobo ponderou, ainda, que soluções pontuais não vão resolver o problema. "É fundamental um projeto abrangente que, em alguns anos, beneficie social e economicamente todos os municípios excluídos", ressaltou o deputado. A instituição do Fundo Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, na opinião do parlamentar, é garantia de recursos estáveis e constantes também para as rodovias mineiras. Na "Carta de Belo Horizonte", os participantes do Ciclo de Debates ressaltam que o projeto a ser elaborado para corrigir o problema viário no Estado deverá ser considerado muito além de um plano de governo ou de Estado. Deverá ser assumido como um plano de humanização dos 231 municípios mineiros, que representam cerca de 10% da população do Estado.

A Carta também ressalta que esse projeto precisa de um trabalho conjunto e vontade política, a fim de que todos os obstáculos sejam superados. "O equacionamento dos recursos financeiros, da ordem de R$ 2,1 bilhões, necessários para a execução do projeto demandará um conjunto de parcerias e ajustes institucionais, envolvendo os governos federal e estadual, os próprios municípios, o setor privado e, provavelmente, organismos internacionais de fomento", destaca a "Carta de Belo Horizonte".

Benício de Assis Araújo, que representou a Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral, considerou que a aprovação do projeto sobre a Cide ajudaria o Estado de Minas Gerais, que sofre com os problemas financeiros.

Também compôs a Mesa dos trabalhos o diretor-geral do DER/MG, Antônio Demétrio Bassili.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715