Prevenção ao câncer de mama precisa chegar ao
interior
Faltam recursos, médicos e equipamentos nas cidades
do interior de Minas Gerais para a detecção precoce e tratamento do
câncer de mama, segundo o médico Antônio Fernandes Lages, da
Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia/Minas Gerais. Essa
foi a opinião de consenso de todos os convidados para a audiência
pública da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa, realizada
nesta terça-feira (20/8/2002) para discutir o assunto. Segundo
Antônio Lages, são detectados no Estado 1 mil casos por ano, sendo
que em 2 mil mulheres a doença já está em estágio avançado.
"Muitas campanhas incentivam a mulher a se tratar,
mas a organização do sistema público de saúde é deficiente. Em
Minas, a mamografia, pelo SUS, é feita em apenas 31 cidades",
ressaltou Antônio Fernandes Lages. Para o Coordenador do Programa de
Combate ao Câncer de Mama da Secretaria de Estado da Saúde, Sérgio
Martins Bicalho, o problema se agrava porque o Estado possui
dimensões de um país; assim, as ações não suprem as demandas. Ele
lembra que existem municípios que não possuem ginecologistas nem
médicos de qualquer especialidade, além de problemas culturais, como
medo dos próprios profissionais de examinar as mamas. Defendeu,
ainda, que a distribuição de equipamentos seja racionalizada,
levando em conta as regiões mais necessitadas.
A audiência pública resultou de requerimento do
deputado Carlos Pimenta (PDT). Ele propôs que o orçamento do Estado
para 2003, a ser votado neste semestre, inclua recursos para levar
informações sobre a doença ao interior, além de proporcionar à
população de risco a oportunidade de fazer a mamografia anualmente.
O presidente da Comissão de Saúde, deputado Cristiano Canêdo (PTB),
salientou ainda que é necessário normatizar as condutas dos exames
de prevenção e detecção.
O presidente da Sociedade Brasileira de
Mastologia/Minas Gerais, Gabriel Almeida Silva Júnior, ressaltou a
importância da detecção precoce do câncer de mama como forma de
evitar o tratamento radical da doença, a mastectomia (retirada
parcial ou total da mama). "Não é possível realizar a remoção
primária do nódulo, mas a doença pode levar até 10 anos para se
consolidar. Com um diagnóstico precoce, a chance de cura é de 100%",
explicou o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia/Minas
Gerais, Gabriel Almeida Silva Júnior.
Novas audiências - A
Comissão de Saúde aprovou a realização de audiência pública para
discutir a contratação de médicos de família que atuam no Programa
Saúde da Família no interior, a requerimento do deputado Cristiano
Canêdo. Outra audiência aprovada irá debater a elaboração do Projeto
de Lei (PL) 2.025/2002, do deputado Geraldo Rezende (PMDB), que
estabelece critérios para a definição dos municípios-pólo
microrregionais de saúde no Plano Diretor de Regionalização e para a
aplicação de recursos estaduais no Plano Diretor de Investimentos. O
requerimento foi do deputado Adelmo Carneiro Leão (PT).
Presenças - A reunião
contou com a participação de diversos representantes de associações,
órgãos públicos e organizações não-governamentais ligadas ao
assunto. Também participaram da reunião os deputados Cristiano
Canêdo (PTB), presidente da Comissão de Saúde; Carlos Pimenta (PDT);
Rogério Correia (PT) e Adelmo Carneiro Leão (PT). Convidados: Thadeu
Provenza, presidente da Associação de Prevenção ao Câncer da Mulher;
Sérgio Martins Bicalho, coordenador do Programa de Combate do Câncer
de Mama da Secretaria de Estado da Saúde; Antônio Fernandes Lages,
da Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia/MG; Gabriel
Almeida Silva Júnior, presidente da Sociedade Brasileira de
Mastologia/MG; e Marisa Queiroz, da Secretaria Municipal de Saúde de
Contagem.
|