Comissão discute implantação da Hidrelétrica de Murta

As vantagens e os problemas que a construção da Usina Hidrelétrica de Murta, no Vale do Jequitinhonha, deverá trazer ...

04/07/2002 - 18:09
 

Comissão discute implantação da Hidrelétrica de Murta

As vantagens e os problemas que a construção da Usina Hidrelétrica de Murta, no Vale do Jequitinhonha, deverá trazer para a população local foram debatidos nesta quinta-feira (4/7/2002) durante reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa. O deputado Márcio Kangussu (PPS), presidente da Comissão, disse que a usina será de grande importância para o desenvolvimento socioeconômico da região. Apesar disso, ele manifestou sua preocupação com a vida das pessoas que serão removidas de suas terras.

O projeto de construção da Hidrelétrica de Murta prevê o alagamento de uma área de 20,6 quilômetros quadrados envolvendo as cidades de Grão Mogol, Berilo, Coronel Murta, Josenópolis e Virgem da Lapa, município que terá cerca de 50% de sua área inundada. A potência instalada da usina deverá ser de 120 Megawatts (MW), o suficiente, de acordo com os empreendedores, para atender a toda a demanda do Vale do Jequitinhonha até 2010.

A licitação para a construção da usina foi vencida em novembro de 2000 pelo consórcio formado pelas empresas Logos Engenharia, de São Paulo, Construtora EIT, do Ceará, e Eptisa, da Espanha, que constituíram a Murta Energética S/A. Seu diretor superintendente, Otávio Werneck, afirmou que "não é possível que uma região como o Vale do Jequitinhonha fique à mercê de sobras de energia da Cemig".

De acordo com Werneck, a empresa procurou ouvir cada comunidade que será afetada para conhecer seus problemas específicos e buscar soluções. Está agendada para agosto uma audiência pública na região, na qual a empresa espera apresentar tudo o que já foi estudado sobre o empreendimento e as negociações mantidas com os moradores ao longo do ano passado.

PROFESSORA CONVIDA DEPUTADOS À REGIÃO

Contrária à construção da usina de Murta, a professora do Departamento de Sociologia e Antropologia da UFMG, Andréa Zhouri, emocionou-se ao lembrar que inúmeras pessoas serão compulsoriamente deslocadas das terras onde passaram toda a vida, e de onde sempre tiraram o seu sustento. Enfatizando que a questão não é simples, ela fez um apelo à Comissão de Direitos Humanos da Assembléia para que vá à região conhecer melhor a realidade daquele povo.

Já a presidente do Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle da Obra da Usina Hidrelétrica de Murta, Amariles dos Santos Lima, informou que representa os moradores que serão afetados pelo empreendimento. Ela disse esperar que, com a chegada da hidrelétrica, a população encontre ali um meio de se desenvolver. Ela se queixou da presença, na região, de grupos interessados em "manipular as pessoas para que elas fiquem contra quem, na verdade, as defende". "Louvamos qualquer contribuição para o crescimento e engrandecimento daquela população, mas repudiamos quem vai para lá semear a discórdia", disse ela.

O prefeito de Coronel Murta, Inácio Carlos Moura Murta, confirmou a presença de grupos do sul do País na região, supostamente interessadas em "proteger" a população. Ele afirmou que não vai permitir que pessoas que não conhecem a realidade do Vale do Jequitinhonha prejudiquem a construção da hidrelétrica. Por outro lado, procurou deixar claro aos empreendedores que não vai aceitar "desmandos por parte de quem quer que seja".

Márcio Kangussu cobrou da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) maior agilidade no estudo para a concessão da licença ambiental para o início das obras. O consultor jurídico do órgão, Joaquim Martins da Silva Filho, justificou a demora dizendo que, desde agosto de 2001, toda a sua equipe vem atuando em projetos da Cemig - usinas de Funil, Capim Branco e Irapé. Ele explicou ainda que a Feam é apenas um corpo técnico do Estado, cuja competência é dar seu parecer sobre questões de impacto ambiental. A concessão de licenças é feita pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam).

Parecer - A Comissão de Direitos Humanos deu parecer de 2º turno favorável à aprovação, na sua forma original, do Projeto de Lei 1.844/2001, da deputada Maria José Haueisen (PT), que amplia a assistência médica e psicológica às pessoas vítimas de violência sexual, além de oferecer transporte especial entre a delegacia e o hospital onde forem realizados exames periciais.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Márcio Kangussu (PPS), João Leite (PSB) e Edson Rezende (PT), além dos convidados Maria Tereza Oliveira, técnica da Feam, representando o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Celso Castilho de Souza e o presidente do órgão, Willer Hudson Pós; César Augusto Maximiliano Stanislau, diretor de monitoramento e controle do Instituto Estadual de Florestas (IEF), que representou o diretor-geral, José Luciano Pereira; Inácio Carlos de Moura Murta, prefeito de Coronel Murta; Otávio Werneck, diretor superintendente da Murta Energética S/A; vereadora Marluce de Fátima Barbosa Murta, Amariles Santos Lima, Antônio Carlos Giovanini, professora Andréa Zhouri e Joaquim Martins da Silva Filho, assessor jurídico da Feam.

 

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