Professores indicados para o CEE recebem parecer favorável da
Comissão
Depois de argüir durante quase duas horas quatro
dos cinco professores indicados para integrarem o Conselho Estadual
de Educação, a Comissão Especial criada para emitir parecer sobre
essas indicações, encaminhadas ao Legislativo por meio da Mensagem
297/2002, do governador do Estado, aprovou o parecer favorável do
deputado Eduardo Brandão (PL) à indicação dos professores Antônio
Valadão Cardoso, Diva Chaves Sarmento, Gilson Soares e Irene de Melo
Pinheiro.
Segundo o relator, os quatro professores
apresentaram um currículo adequado às funções que deverão
desempenhar no Conselho Estadual da Educação e responderam
satisfatoriamente a todas as questões propostas pelos deputados. O
presidente da Comissão Especial, deputado Ermano Batista (PSDB),
lamentou a ausência da professora Magda Mara Assis, justificada por
motivos de saúde, e esclareceu que nova reunião deverá ser marcada
oportunamente, para a argüição da professora.
Na avaliação dos professores, um dos grandes
desafios das escolas do ensino fundamental de Minas Gerais será o de
viabilizar a mudança do modelo pedagógico, que já vem sendo adotado
por algumas escolas, mas com resultados ainda insuficientes. Esse
modelo, que substitui a organização em série das escolas por um novo
formato, baseado em ciclos, promove mudanças significativas,
valorizando mais o processo de aprendizado e respeitando as
características individuais das crianças. Diferente da escola
organizada em série, que tende a valorizar mais a avaliação e a
seleção, num ambiente competitivo e excludente, o novo modelo tem
sofrido, no entanto, resistências junto aos próprios professores e
familiares dos alunos.
Eficácia do novo modelo - A
professora Diva Chaves Sarmento, quando questionada pelos deputados
sobre a eficiência do novo modelo, esclareceu que não tem dúvidas
quanto aos resultados positivos que ele possibilita, mas que, de
fato, as escolas ainda estão se adaptando a essa mudança, que é
também uma mudança de cultura. "Nossas legislações sempre
privilegiaram o exame. O aluno estudava para passar na prova. Agora,
estamos preocupados com a aquisição do conhecimento, com o processo
de aprendizado, mas, para isso, a escola precisa adotar uma
avaliação permanente do aluno e do trabalho. Precisa fazer um
acompanhamento muito próximo de cada aluno e muitas escolas não
estão preparadas para isso e, às vezes, nem mesmo o professor" -
afirmou.
Ela ressaltou, ainda, que os críticos deste novo
modelo pedagógico tendem a traduzi-lo de forma inadequada como sendo
um modelo de promoção automática ou de ausência de avaliação. Mas
esse entendimento é equivocado e reflete apenas a resistência de
alguns setores da educação a essa mudança. Segundo Diva Sarmento, as
escolas que optaram por esse novo modelo precisam fazer avaliações
permanentes. O grande impasse que essas escolas estão ainda tentando
superar é sobre o que fazer depois da avaliação; como podem garantir
aos alunos com desempenho mais lento oportunidades para que eles
continuem o seu aprendizado e não caiam na armadilha da
repetência.
Necessidade de quebrar resistências - A professora Irene de Melo Pinheiro, depois de
fazer uma breve apresentação da Fundação Helena Antipoff, onde
trabalha, falou sobre a importância dos novos cursos de formação
superior de professores do ensino fundamental e médio estarem
atentos para essas mudanças. Ela defendeu que é preciso quebrar a
resistência dos professores em relação a esse novo modelo pedagógico
a partir da sala de aula. Irene Pinheiro, também respondendo a
questionamento dos deputados, propôs uma revalorização do ensino
profissionalizante, que perdeu ênfase nas últimas mudanças da
política educacional do País. "Um sistema educacional que não aborda
a prática está fatalmente condenado ao fracasso" - disse ela.
O professor Antônio Valadão Cardoso, apesar de
concordar com a importância do ensino técnico, chamou atenção para
as transformações por que o mundo vem passando, fortalecendo a
sociedade do conhecimento, que exige dos alunos muito mais do que
uma formação técnica. "O ensino tecnológico, demandado por essa nova
sociedade, é mais sofisticado e só se realiza no terceiro grau" -
disse ele.
Falta de integração entre escolas - O professor Gilson Soares também fez uma avaliação do
ensino em Minas Gerais e identificou alguns dos seus principais
problemas, como o da falta de integração entre as escolas superiores
com as unidades do ensino fundamental e médio. "Uma das missões das
escolas superiores deveria ser a de refletir sobre o processo de
ensino no seu Estado" - defendeu ele. Gilson Soares argumentou que
Minas só conseguirá alcançar um sistema educacional organizado
quando pensar o seu sistema como um todo, do ensino básico ao
superior, e não como segmentos estanques.
Durante a argüição, os professores falaram ainda
sobre as formas de financiamento do setor educacional; sobre o
ensino da ciência e tecnologia; sobre o ensino superior; reserva de
vagas, por meio de cotas, para minorias, entre outros temas.
Presenças - Participaram da
reunião os deputados Ermano Batista (PSDB), Eduardo Brandão (PL),
Paulo Piau (PFL) e Dinis Pinheiro (PL)
|