Mudança no Fust pode beneficiar operadoras de telefonia

O programa federal de universalização da internet nas escolas públicas corre o risco de acabar. Está em tramitação no...

01/07/2002 - 19:30
 

Mudança no Fust pode beneficiar operadoras de telefonia

O programa federal de universalização da internet nas escolas públicas corre o risco de acabar. Está em tramitação no Congresso Nacional o Projeto de Lei 26/2002, que altera a destinação de recursos do Fundo de Universalização das Telecomunicações (Fust). O Fust foi criado em 2000 e é composto de 1% do faturamento mensal das operadoras de telefonia. Dos R$ 820 milhões do fundo deste ano, R$ 480 milhões seriam destinados ao Programa Telecomunidade, que leva computadores, linhas telefônicas e acesso à internet a escolas públicas de todo o país. O projeto pretende destinar R$ 612,3 milhões do Fust para subsídio da tarifa telefônica das classes de baixa renda. Sobrariam para o Telecomunidade apenas R$ 67 milhões, o que praticamente inviabiliza o programa.

Além do subsídio para as classes D e E, o PL 26 também pretende destinar R$ 214 milhões para a telefonia rural e R$ 28,2 milhões para a telefonia de povoados com menos de 100 habitantes. "O governo argumenta que esses também são projetos sociais, mas existe uma hierarquia de programas desse tipo. O projeto de internet na escola é mais importante que o subsídio para os clientes de baixa renda", afirmou o deputado federal Sérgio Miranda (PCdoB - MG), em entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira (1º/7/2002), na Sala de Imprensa da Assembléia. As escolas não seriam as únicas prejudicadas com as mudanças no Fust. O PL 26 também reduz de R$ 227,7 milhões para R$ 60,7 milhões a verba destinada à informatização dos serviços de saúde.

"As empresas pressionaram o governo para que o dinheiro do Fust fosse desviado para esse subsídio às tarifas. Isso é um absurdo", reclama o deputado. A pressão das operadoras de telefonia não foi à toa. Hoje, dos 43 milhões de linhas telefônicas fixas disponíveis, apenas 33 milhões estão ativas. Desse total, 5 milhões estão inadimplentes, boa parte das classes D e E. "A mudança no Fust reforça o monopólio das concessionárias de telefonia fixa, pois as empresas-espelho não vão receber esse dinheiro", denuncia o deputado. O PL 26 foi enviado ao Congresso no dia 17 de junho e deve ser votado depois do dia 8 de agosto.

 

 

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