Comissão debate medidas contra violência em postos de saúde

A adoção de uma nova forma de policiamento, em que o policial atue mais próximo às comunidades das favelas e aglomera...

26/06/2002 - 20:18
 

Comissão debate medidas contra violência em postos de saúde

A adoção de uma nova forma de policiamento, em que o policial atue mais próximo às comunidades das favelas e aglomerados, e a melhoria dos serviços públicos de atendimento à saúde, são iniciativas capazes de diminuir os casos de violência contra profissionais que trabalham em postos e centros de saúde na Região Metropolitana de Belo Horizonte, freqüentemente vítimas de agressões e de ameaças. A opinião é de especialistas que participaram, nesta quarta-feira (26/6/2002), na Assembléia Legislativa, de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos. Convocada a requerimento do deputado Edson Rezende (PT), a reunião contou com a presença de representantes da Polícia Militar, da Secretaria Municipal de Saúde, do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais e do Sindicato dos Servidores da PBH.

Policiamento - De acordo com o comandante de Policiamento da Capital, cel.PM Musso José Veloso, a Polícia Militar concluiu que o antigo modelo de policiamento nas áreas carentes, em que a Polícia é chamada, entra na favela para atender uma ocorrência e depois sai, não funciona. É preciso a presença permanente de policiais, em convívio direto com a comunidade. Para tanto, a PM está partindo para a instalação de Centros de Referência do Cidadão no interior das principais favelas e aglomerados da Capital, onde, além de policiais civis e militares, os moradores poderão encontrar representantes do Ministério Público, do Juizado Criminal e da Defensoria Pública, configurando-se a presença do Estado na região.

Segundo Musso Veloso, a PM e a Prefeitura de Belo Horizonte estão atuando juntas na estruturação de um novo programa de policiamento nas proximidades de postos de saúde e escolas, que deverá ser efetivado já a partir do próximo mês de agosto. Ele informou que a PBH está adquirindo 20 novas viaturas para serem entregues à PM e irá liberar 55 servidores civis para trabalharem em serviços administrativos da Polícia, liberando militares para o policiamento exclusivo de escolas e postos de saúde. O comandante disse, ainda, que as áreas de maior violência contra postos de saúde são as regiões Oeste e Norte da Capital, principalmente nas proximidades dos grandes aglomerados.

Melhoria no atendimento - Ivan Batista Coelho, consultor técnico da Secretaria Municipal de Saúde, disse que a PBH tem procurado reduzir os arrombamentos, roubos e agressões nas unidades de saúde atuando em várias frentes, como a implantação do programa BH Vida; a parceria com a PM para mapeamento dos locais que necessitam de policiamento diferenciado; a regularização do fornecimento de medicamentos aos postos; o programa Saúde da Família e a capacitação dos trabalhadores. Segundo ele, nos últimos cinco meses já houve uma diminuição da violência contra os profissionais da saúde.

Sindicatos cobram ações - Para o presidente do Sindicato dos Servidores da PBH (Sindibel), Robson Itamar da Silva, a implantação de um novo modelo de assistência à saúde é importante, mas não suficiente para acabar com a violência. Ele informou que pesquisa feita pelo Sindibel mostrou que 90% dos agressores nas unidades de saúde não são traficantes ou criminosos, mas moradores insatisfeitos com o atendimento. Na opinião de Robson Silva, há um sucateamento na rede básica de saúde, faltando estrutura, medicamentos e profissionais nas unidades. Ele criticou, ainda, a política de terceirização e de contratos precários que vem sendo implementada pela PBH.

Guilherme Ribeiro Câmara, diretor do Sindicato dos Médicos, avaliou que o quadro de agressões e ameaças contra profissionais de saúde é preocupante, e que o número de ocorrências é muito superior ao de registros na PM. Segundo ele, em Contagem 13 das 80 equipes do programa Saúde da Família não podem funcionar devido às ameaças feitas por traficantes; e em Belo Horizonte apenas 280 das 600 equipes previstas foram efetivadas. O dirigente sindical alertou que é preciso investir na rede de atendimento para que a implantação do Programa Saúde da Família, ao invés de resolver, não gere novos problemas. "Na Capital, o programa aumentou o número de pedidos de mamografia, mas falta estrutura para o atendimento", exemplificou.

OUVIDORIA AGRÁRIA

Outro assunto tratado na reunião foi a criação da Ouvidoria Agrária do Estado, proposta contida no Projeto de Lei 2.120/2002, do deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), em tramitação na Assembléia. O ouvidor Agrário Nacional, desembargador Gercino José da Silva, presente à reunião, defendeu a aprovação do projeto lembrando o sucesso da implantação de ouvidorias agrárias nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e Pará, o que contribuiu para reduzir os conflitos agrários naqueles estados. Também defenderam a criação da Ouvidoria Agrária o presidente do Instituto de Terras de Minas Gerais (Iter), Marcelo Rezende; o ex-deputado e dirigente do Iter, Marcos Helênio; e Moema de Fátima Sales Rocha, mediadora de conflitos do Incra/MG.

VIOLÊNCIA NO CAMPO

Ainda durante a reunião, a trabalhadora rural Maria Madalena de Oliveira, da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas, solicitou à Comissão de Direitos Humanos e ao ouvidor Agrário Nacional que intercedam para evitar violência contra famílias que se encontram no acampamento "Bandeira Vermelha", em Perdizes, no Triângulo Mineiro, e em Montes Claros, no Norte de Minas, no acampamento também denominado "Bandeira Vermelha", na Fazenda Guiné.

REQUERIMENTOS APROVADOS

Na reunião desta quarta-feira, a Comissão de Direitos Humanos aprovou os seguintes requerimentos:

* Do deputado Alencar da Silveira Júnior (PDT), solicitando que o Ministério Público investigue denúncias de roubo de máquinas caça-níqueis apreendidas na Capital e sob guarda do Juizado de Pequenas Causas;

* Do deputado Edson Rezende (PT), pedindo a realização de audiência pública para debater denúncias de agressões e abuso de autoridade por parte de policiais militares no Município de Cláudio;

* Do deputado Márcio Kangussu (PPS), propondo a realização de audiência pública conjunta com as Comissões de Meio Ambiente e de Assuntos Municipais para discutir sobre os obstáculos à construção da Usina Hidrelétrica de Murta, no Vale do Jequitinhonha;

* Do deputado Márcio Kangussu, solicitando ao Judiciário o restabelecimento de Vara de Trânsito; e

* Do deputado Márcio Kangussu, requerendo a designação de médico legista para a Delegacia Regional de Pedra Azul.

PRESENÇAS

Compareceram à reunião os deputados Márcio Kangussu (PPS), Edson Rezende (PT), Adelmo Carneiro Leão (PT), João Leite (PSB) e Bené Guedes (PDT).

 

 

 

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