Impunidade no trânsito vira assunto da Comissão de Direitos Humanos

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa pode iniciar, em breve, discussões semanais específicas sobr...

19/06/2002 - 17:42
 

Impunidade no trânsito vira assunto da Comissão de Direitos Humanos

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa pode iniciar, em breve, discussões semanais específicas sobre os casos de violência no trânsito, em Minas, e a impunidade dos envolvidos. O presidente da Comissão, deputado Márcio Kangussu (PPS), quer dar prosseguimento ao trabalho iniciado na reunião desta quarta-feira (19/6/2002), onde foram ouvidas vítimas de atropelamentos e acidentes violentos de trânsito.

Durante a reunião, houve depoimentos emocionados e muita indignação das pessoas. Elas pediram ajuda à Comissão para que motoristas infratores não continuem dirigindo impunemente. A procuradora federal Terezinha Cordeiro Vieira, que militou durante vários anos em entidades de defesa das vítimas de trânsito, criticou o Código Nacional de Trânsito, dizendo que a legislação é benevolente com o infrator, principalmente em casos de embriaguez, falta de habilitação e realização dos famosos "rachas".

A reunião da Comissão de Direitos Humanos foi realizada a partir de uma solicitação da coordenadora do Núcleo de Humanização do trânsito do Centro Universitário Newton Paiva, Rosana Antunes. Segundo ela, a criação dos Juizados Especiais Criminais, através da Lei 10.259/2002, pode agravar a impunidade, uma vez que, dos 11 crimes de trânsito previstos no Código, apenas um pode resultar em cadeia para os responsáveis. Rosana Antunes também lamentou a extinção das Varas especializadas em crimes de trânsito.

O presidente da seção mineira da Sociedade Brasileira de Vitimologia e promotor de Justiça da Comarca de Itanhomi, Lélio Braga Calhau, disse que o crime de trânsito é uma das modalidades de crime culposo mais comuns atualmente. "Cada vez se mata mais, culposamente, e ninguém faz nada!", denunciou. Na opinião do promotor, a multa reparatória paga diretamente à vítima - um dos únicos avanços do Codigo de Trânsito - está sendo considerada inconstitucional por muitos penalistas.

O diretor do Detran/MG, Otto Teixeira Filho, também esteve presente à reunião. Questionado sobre o fato de o culpado por um atropelamento, na época inabilitado, ter conseguido a carteira de habilitação pouco tempo depois, o diretor disse que o Detran só pode agir dentro dos limites de sua competência. Ou seja, se o inquérito ainda não havia sido concluído, o órgão não poderia deixar de fornecer a carteira. A menos que houvesse uma ordem judicial que o impedisse.

Otto Teixeira ressaltou o papel do Detran no trabalho de educação para o trânsito, principalmente junto às escolas. Segundo ele, os motoristas multados mais de uma vez é que deverão ser o alvo principal das próximas campanhas educativas. O coordenador do Centro de Exercício Jurídico Newton Paiva, Dante Pires Cafaggi, no entanto, ponderou que campanhas educativas não são suficientes. Ele também acredita que é preciso investir na punição aos infratores.

O deputado Edson Rezende (PT), que é médico, lembrou o aumento no número de casos de traumas graves provocados por acidentes de trânsito. Ele reforçou a necessidade de a sociedade se mobilizar para que o Estado assuma a responsabilidade que tem de proteger a vida humana.

COMISSÃO VAI PEDIR AJUDA AOS DEPUTADOS FEDERAIS

Durante a reunião da Comissão de Direitos Humanos, o deputado Doutor Viana (PMDB) apresentou requerimento para que fosse enviado documento à bancada federal mineira pedindo mudanças no Código Nacional de Trânsito, uma vez que a matéria só pode ser discutida em nível federal.

O deputado sugeriu maior rigor na punição de algumas infrações, e o requerimento chegou a ser aprovado pela Comissão, mas logo foi tornado sem efeito pelo presidente deputado Márcio Kangussu (PPS), porque os participantes formularam várias sugestões de emendas ao texto original. O presidente decidiu, então, redigir um outro documento que contemple todas as propostas. O novo requerimento será discutido e votado na próxima reunião da Comissão, na quarta-feira, dia 26/6.

O deputado Márcio Kangussu informou, ainda, que pretende solicitar informações ao Judiciário sobre a extinção das Varas especializadas em crimes de trânsito.

Requerimentos aprovados - Foi aprovado requerimento do deputado Rogério Correia (PT), que solicita que sejam convidados o delegado Paulo Bittencourt, os promotores de Justiça Antônio Aurélio e Paulo Rogério, a viúva do soldado "Cota", Eloiza Geralda, o procurador-geral de Justiça Nedens Ulisses, o comandante-geral da Polícia Militar e o secretário de Segurança Pública, para prestarem esclarecimentos sobre o caso do assassinato do soldado, e em que fase se encontra o inquérito policial.

 

Presenças - Participaram da reunião os deputados Márcio Kangussu (PPS), Marcelo Gonçalves (PDT), Bené Guedes (PDT), Doutor Viana (PMDB), Durval Ângelo (PT), Rogério Correia (PT) e Edson Rezende (PT).

 

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