CPI das Carvoarias aponta precarização do trabalho

O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Carvoarias apontou a terceirização como uma das prin...

18/06/2002 - 11:54
 

CPI das Carvoarias aponta precarização do trabalho

O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Carvoarias apontou a terceirização como uma das principais causas da precarização das condições de trabalho nas empresas do setor. O documento foi aprovado nesta quinta-feira (13/6/02). A relatora deputada Elbe Brandão (PSDB) destacou que a terceirização de atividades nas empresas investigadas revela descumprimento da lei e de preceitos constitucionais. Segundo ela, estão sendo desrespeitados a CLT e artigos da Constituição que tratam da valorização do trabalho, da dignidade da pessoa humana e da busca do pleno emprego, dentre outros. Para a deputada, muitas irregularidades são cometidas devido à atuação ineficiente do Ministério do Trabalho e de outros órgãos de fiscalização.

As diferenças entre as empresas terceirizadas e aquelas que as contratam demonstraram diversas irregularidades, apontadas no documento: nas terceirizadas, os salários são sempre menores; trabalhadores terceirizados ficam lado a lado de contratados diretos, executando tarefas idênticas e com remuneração menor. Além disso, a terceirização aumenta os riscos de acidente e doenças bem como enfraquece a representação dos trabalhadores pelos sindicatos.

Segundo o relatório, as grandes empresas do setor extrativo investigadas transferem atribuições e riscos para as terceirizadas, geralmente empresas de ex-empregados, as quais não têm condição de arcar com a responsabilidade. De acordo com a deputada, esses fatos e as relações de subordinação e pessoalidade, presentes nas empresas visitadas, atestariam que essas terceirizações seriam ilegais. A terceirização só é aceita para atividades-meio como limpeza, vigilância, conservação e não para atividades-fim, como acontece nas carvoarias.

RELATÓRIO RECONHECE AVANÇOS NO SETOR

Apesar das críticas, o relatório reconhece avanços nas atividades extrativas minerais e vegetais no Estado que é o maior reflorestador do país, em que era comum o trabalho escravo e de menores. Foram encontrados apenas dois trabalhadores menores e nenhum trabalho escravo nas visitas. A Comissão também reconheceu a importância das empresas de carvoejamento, que, em sua maioria, atuam nas regiões mais pobres de Minas Gerais, gerando empregos e renda para cerca de 11.300 homens.

O documento alerta ainda para uma possibilidade real de desemprego e empobrecimento maior, caso muitas empresas desse setor venham a mecanizar sua produção. Numa visita feita à empresa Valorex Mannesmann, em Paraopeba, a relatora e o deputado Bilac Pinto (PFL) viram, em operação, máquinas de cortar e empilhar eucalipto, com apenas um operador fazendo o trabalho de 70 homens.

Como conclusões, o relatório da CPI das Carvoarias aponta o caminho do desenvolvimento sustentado e da responsabilidade social, que devem ser perseguidos pelas empresas. O documento reivindica do Governo Estadual políticas públicas para o setor extrativo mineiro, incluindo programas de geração de emprego e renda nessas regiões. Além disso, o relatório final propõe que sejam enviadas as conclusões dos trabalhos a todos as autoridades e órgãos envolvidos com a questão, entre eles, Governo do Estado, Secretaria de Estado do Trabalho, Congresso Nacional e bancada mineira da Câmara dos Deputados e do Senado.

O documento vai ser encaminhado também ao Ministério do Trabalho com a solicitação de que esse órgão realize concurso público para fiscais do trabalho, hoje insuficientes para a fiscalização. Por fim, o documento sugere que a Assembléia Legislativa realize um fórum técnico sobre a atividade extrativa em Minas, com participação ampla de especialistas, empresários, trabalhadores e demais envolvidos. A Comissão Parlamentar de Inquérito foi instalada em 20 de setembro de 2001, requerida pelo deputado Dalmo Ribeiro (PPB), para investigar as condições de trabalho na indústria extrativa de Minas.

PRESENÇAS

Participaram da reunião, além da deputada Elbe Brandão (PSDB), relatora dos trabalhos, os deputados Adelmo Carneiro Leão (PT), presidente da Comissão; Fábio Avelar (PTB), vice-presidente; Dalmo Ribeiro (PPB), que solicitou a instalação da CPI; Bilac Pinto (PFL); Márcio Cunha (PMDB); e Marco Régis (PL). Também integram a Comissão, como membros suplentes, os deputados Agostinho Silveira (PL), Antônio Andrade (PMDB), Amtônio Genaro (PSD), Cristiano Canêdo (PTB), Durval Ângelo (PT), Ermano Batista (PSDB) e Sebastião Costa (PFL).

 

 

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