Cafeicultores reivindicam verba para salvar safra
Os cafeicultores mineiros reivindicaram, nesta
quinta-feira (6/6/02), a liberação, por parte do Governo Federal, de
uma verba de R$ 1,25 bilhão para evitar que a safra deste ano seja
vendida, segundo eles, por um preço inferior aos custos de produção.
O preço normal da saca de café varia entre US$ 80 e US$ 100, mas o
produto tem sido vendido a uma média de US$ 34 a saca. A verba
solicitada não chega ao agricultor devido ao excesso de burocracia
que envolve a sua liberação, alega o setor.
Os representantes dos produtores e trabalhadores se
reuniram na Associação dos Municípios Mineiros (AMM). O encontro
contou também com a presença do presidente da Comissão de Política
Agropecuária e Agroindustrial, deputado João Batista de Oliveira
(PDT), do presidente da Comissão do Trabalho da Previdência e da
Ação Social, deputado Dalmo Ribeiro Silva (PPB), e dos deputados
Bilac Pinto (PFL) e Sebastião Navarro Vieira (PFL).
"Levaremos o caso ao presidente da Assembléia
Legislativa para que a haja um apoio institucional por parte da Casa
a esta luta", afirmou o deputado João Batista de Oliveira. Para ele,
é necessário que se pressione o Governo Federal e o Banco do Brasil
no sentido de que a verba seja liberada imediatamente. Sem o
recurso, de acordo com o parlamentar, os produtores serão reféns da
especulação do mercado, tendo que vender o café a um preço abaixo
dos custos de produção. "Se os produtores possuírem essa reserva,
podem armazenar o café por algum tempo e esperar para que o preço do
produto atinja um nível adequado para a venda", completou o
deputado.
A verba é proveniente, em parte, do Fundo de Defesa
da Economia Cafeeira (Funcafé) e de recursos obrigatórios, poupança
ouro do Banco do Brasil e outras fontes. Segundo a presidente da AMM
e prefeita de Três Pontas, Adriene Barbosa de Faria, o governador do
Estado anunciou que vai dar apoio irrestrito ao movimento e irá
receber a comissão representativa na próxima semana. "Queremos
defender a sustentabilidade dos mais de 300 municípios mineiros
produtores de café. Atualmente, os trabalhadores se encontram
desempregados e o comércio dessas cidades está totalmente
prejudicado", disse Adriene. A atividade cafeeira de Minas Gerais
representa 55% da produção nacional.
Reivindicação é antiga
O presidente do Conselho Nacional do Café, Oswaldo
Henrique Paiva, também esteve presente na reunião em que foi
apresentada a reivindicação dos produtores de café e afirmou que a
luta para a liberação da verba de R$ 1,25 bilhão começou no início
deste ano. O recurso, segundo Paiva, permitiria a recuperação da
competitividade no setor, que está em crise porque a oferta do café
atualmente é muito superior à demanda. O Brasil produz hoje 45
milhões de sacas de café por ano, vendendo 13 milhões de sacas e
exportando 23 milhões. O preço do café encontra-se reduzido a um
quinto do que era em comparação a cinco anos atrás. Por esse motivo,
o objetivo dos cafeicultores é retirar de 7 milhões a 10 milhões de
sacas do mercado no início da próxima safra, mantendo-as nas mãos
dos produtores sob o menor risco possível para que os mesmos possam
aguardar uma recuperação dos preços.
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