Ademg vai fazer nova licitação para contratar assessoria
jurídica
O presidente da Administração de Estádios do Estado
de Minas Gerais (Ademg), Flávio Anielo Modenesi, confirmou à
Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária que vai realizar
nova licitação para contratar uma assessoria jurídica. Ele prestou
depoimento à Comissão nesta quarta-feira (05/06/2002) e esclareceu
que, na gestão anterior, constatou-se a necessidade de contratar um
escritório que fizesse o acompanhamento dos processos da Ademg na
Justiça, pois estes eram muito volumosos e um único assessor
jurídico não daria conta de responder com eficiência a essa demanda.
No relatório final de uma auditoria realizada pela Secretaria do
Estado da Fazenda, em meados de 2000, foi sugerido à autarquia que
essa licitação fosse feita na modalidade carta-convite.
O assessor jurídico da Ademg, Paulo Sanderson Gil
Nunes, deu início a esse processo, ainda na gestão anterior. Mas,
com a mudança na presidência da autarquia, o processo foi
interrompido e retomado em setembro de 2001. Segundo depoimento do
advogado, os cuidados que tomou nesse processo tornaram esse
procedimento mais próximo de uma licitação, pois convidou cinco
escritórios para apresentar propostas e exigiu, de todos eles,
documentos comprovando a sua capacidade técnica e idoneidade moral.
Negação das denúncias - Ele negou as denúncias veiculadas na imprensa mineira, de que
teria participação societária no escritório vencedor da licitação, o
Silva e Araújo Advogados Associados. "Meu escritório era ao lado
deles, mas quando fiz o convite para que participassem da licitação,
optei por mudar para uma sala em outro andar, justamente para evitar
esse tipo de interpretação. Não tenho, no entanto, nenhuma
vinculação com este escritório nem de fato nem de direito" - afirmou
o assessor, admitindo apenas que entre as empresas convidadas todas
são suas conhecidas, o que não quer dizer que tenha privilegiado uma
delas.
O sócio-diretor do escritório, José Luis Freitas
Silva, também negou qualquer ligação entre os dois profissionais.
Ele esclareceu que alugou a sala onde funcionava o escritório de
Paulo Nunes porque ela está justamente ao lado da sua. Ele negou
também que receba honorários por cada processo, além dos R$ 5,8 mil
previstos no contrato assinado com a Ademg. "O que recebo, e isso
está previsto na lei, são honorários de sucumbência (valor pago aos
advogados por quem perdeu a ação), mas como são processos que
tramitam muito lentamente, nem conto com eles" - disse o advogado,
ao responder indagação do deputado Mauro Lobo (PSB), presidente da
Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, sobre o que
estes honorários representavam em reais.
O presidente da Ademg informou que a nova licitação
não será feita na modalidade carta-convite, pois esta precisa ser
renovada anualmente, interrompendo o trabalho dos advogados no
acompanhamento dos processos e tirando a eficácia dessa solução.
Assim, a licitação será feita por tomada de preço, que vigora por
quatro anos seguidos.
Deputados querem mais informações
A Comissão de Fiscalização Financeira e
Orçamentária vai solicitar mais informações à diretoria da Ademg
para esclarecer novas dúvidas sobre o funcionamento e os
demonstrativos financeiros da autarquia. O presidente da Ademg,
Flávio Anielo, que participou da reunião acompanhado de seus
assessores, respondeu a vários questionamentos dos deputados, mas
algumas informações ainda ficaram incompletas e novas dúvidas
surgiram durante o seu depoimento, principalmente em relação às
administrações passadas.
Ele negou que os gastos da Ademg com a remuneração
da sua administração superior sejam mais altos que os de outras
autarquias e órgãos do governo. Em 2001, por exemplo, esses gastos
foram de R$ 84,7 mil, contra R$ 2,49 milhões da Secretaria de Estado
da Educação. Esses valores, no entanto, não estão de acordo com
aqueles constantes dos demonstrativos financeiros enviados pelo
Executivo à Assembléia Legislativa. Segundo o deputado Adelmo
Carneiro Leão (PT), neste documento, os gastos com a administração
superior da Secretaria de Estado e Educação são 16,11% inferiores
aos da Ademg.
O presidente da autarquia esclareceu que esta
distorção é fruto de metodologias diferentes para o lançamento de
dados numa mesma rubrica. No caso da Ademg, foram agrupadas nessa
rubrica todos os itens que compõem o seu custo operacional,
incluindo salários, gastos com energia e água, entre outros itens. O
deputado Adelmo Carneiro Leão criticou a falta de transparência das
contas públicas induzindo a incorreções como essas. "Se não temos
uma sistemática comum a todos os órgãos, os dados se tornam
incomparáveis e até a fiscalização se torna mais difícil". O
deputado ressaltou, no entanto, que esse esclarecimento demonstrou
que havia uma incorreção nos demonstrativos da autarquia, com o
lançamento inadequado de itens estranhos à rubrica de gastos com
remuneração da administração superior.
Histórico complicado - Flávio Anielo reconheceu que a Ademg tem um histórico complicado
e duas auditorias recentes identificaram problemas na autarquia que
sua diretoria vem tentando corrigir desde quando assumiu a
presidência, em julho de 2001. A primeira auditoria, realizada pela
Secretaria do Estado da Fazenda e pela Polícia Militar, já estava
concluída nesse período e o presidente anterior já havia iniciado a
tomada de algumas providências, como a realização de uma licitação
para contratação de um escritório de advocacia para fazer o
assessoramento jurídico do órgão. Outras medidas sugeridas foram
desencadeadas na sua gestão. Uma segunda auditoria foi realizada
recentemente, também pela Fazenda, e todas as sugestões feitas à
autarquia estão sendo seguidas pela diretoria.
O presidente da Ademg relatou ainda uma série de
dificuldades na administração da autarquia, relativas ao
gerenciamento de pessoal, à resistência e pressão dos dirigentes do
futebol mineiro contra qualquer mudança, e até mesmo restrições e
limites legais impostos ao poder público que criam obstáculos para o
melhor desempenho da Ademg. Flávio Anielo defendeu que a
privatização da administração dos estádios poderia resolver boa
parte destes problemas, liberando o Estado para implantar uma
política muito mais importante de apoio ao esporte amador. "Essa é
uma discussão mais complexa, mas que precisará ser feita em algum
momento" - disse ele.
Contratações pela MGS encarecem custo da
mão-de-obra
O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) e Miguel
Martini (PSB) encaminharam à diretoria da Ademg uma série de
questionamentos relativos aos gastos com pessoal. Eles pediram uma
listagem completa com o nome de todos os funcionários da Ademg,
valor dos salários e funções a eles atribuídas. Segundo Flávio
Anielo, o quadro de funcionários da Ademg é de 70 servidores
efetivos na ativa, 23 aposentados e 48 funcionários contratos por
meio da MGS. Em 2001, os gastos com pessoal da MGS caíram 15% em
função de renegociações de contrato e devolução de funcionários e os
gastos com pessoal da ativa cresceu quase 10%, em função do aumento
concedido pelo Estado aos servidores públicos.
Ele explicou ainda que a Ademg trabalha com um
quadro móvel de funcionários, que são aqueles contratados para atuar
nos estádios em dia de eventos. Esses funcionários são recrutados,
preferencialmente, junto ao quadro de efetivos, seguido por aqueles
contratados via MGS e, finalmente, entre aqueles registrados no
cadastro de quase mil trabalhadores, criado recentemente pela Ademg
para essa finalidade. O número mínimo de funcionários para um evento
no Mineirão, por exemplo, é de 120 trabalhadores, que recebem
diárias para atuar nesses dias.
O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) solicitou mais
informações sobre os gastos com os funcionários da MGS, que segundo
informações que ele dispõe, tem um custo com encargos superiores a
150% o valor do salário, bem maiores que de outras empresas do ramo.
Alguns destes funcionários não teriam também função definida na
autarquia, sugerindo uma situação de privilégio contrária às boas
práticas da administração pública.
O deputado Miguel Martini (PSB) também questionou
as contratações por meio da MGS. Na sua avaliação, a empresa é um
cabide de empregos para pessoas com prestígio político. Ele reforçou
o pedido de uma listagem com o nome de todos os funcionários
contratados pela empresa. O deputado pediu também informações sobre
o número de viagens realizadas por diretores e servidores da
autarquia nos últimos anos, o nome destes funcionários e os gastos
com viagem.
Adiada votação de dois projetos
A Comissão de Fiscalização Financeira e
Orçamentária analisou ainda três dos cinco projetos que estavam na
pauta da reunião. O deputado Dilzon Melo (PTB), relator do Projeto
de Lei (PL) 2.021/2002, que dispõe sobre a instalação de aparelhos
eliminadores de ar nos hidrômetros, antes de emitir seu parecer,
solicitou que ele fosse convertido em diligência à Copasa para obter
maiores informações sobre estes equipamentos e sobre o impacto
financeiro desta iniciativa. O projeto, de autoria do deputado João
Paulo (PL), está tramitando em 1º turno.
Foi aprovado ainda o requerimento do deputado Ivair
Nogueira (PMDB) solicitando a retirada de pauta do Projeto de Lei
Complementar (PLC) 45/2001, de autoria do deputado Geraldo Rezende
(PMDB), que institui a Região Metropolitana do Triângulo Mineiro. O
projeto, que tramita em 1º turno, tem como relator o deputado Luiz
Fernando Faria (PPB).
Foi adiada também a votação do relatório sobre
acordo do Estado e a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), relativo à
extinção de demandas judiciais da Fazenda Pública Estadual. O
relator, deputado Luiz Fernando Faria (PPB), fez a leitura do
relatório concluindo que o acordo "não extrapolou os limites legais"
e que inexistiam práticas de comportamento lesivo ao erário que
demandem a proposição de resolução que vise sustar os atos
normativos do Poder Executivo. O relator propôs, por essa razão, o
arquivamento do processo. O deputado Antônio Carlos Andrada (PSDB)
solicitou, no entanto, vista do relatório, adiando sua
votação.
Pareceres aprovados - A
Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária aprovou três
pareceres favoráveis a projetos de autorização de doação de imóveis
pelo Poder Executivo, que tramitam em 2º turno. São os
seguintes:
* PL 1.639/2001 - do deputado Bilac Pinto (PFL),
que autoriza doação de imóvel ao Município de Cláudio, tendo como
relator o deputado Rêmolo Aloise (PFL);
* PL 1.972/2002 - de autoria do governador do
Estado, que autoriza doação de imóvel ao Município de Uberlândia,
tendo como relator o deputado Ivair Nogueira (PMDB);
* PL 1.976/2002 - de autoria do deputado Carlos
Pimenta (PDT), que autoriza doação de imóvel ao Município de Curral,
tendo como relator o deputado Luiz Fernando Faria (PPB).
O presidente da Comissão, deputado Mauro Lobo
(PSB), teve aprovado ainda requerimento de sua autoria, solicitando
que sejam convidados os secretários de Estado de Planejamento e
Coordenação Geral e da Fazenda, para demonstrarem e avaliarem o
cumprimento das Metas Fiscais estabelecidas para o 1º quadrimestre
de 2002 e esclarecerem sobre as Metas Fiscais estabelecidas para as
Contas Públicas Estaduais do exercício de 2003, além de prestarem
informações sobre a situação fiscal do Estado.
Presenças - Participaram
da reunião, além dos convidados citados, os deputados Mauro Lobo
(PSB), presidente da Comissão, Ivair Nogueira (PMDB), Antônio Carlos
Andrada (PSDB), Dilzon Melo (PTB), Luiz Fernando Faria (PPB), Rêmolo
Aloise (PFL), Adelmo Carneiro Leão (PT) e Miguel Martini (PSB).
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