Seminário vai a Ipatinga, na Bacia do Rio Doce, em 23/5

Ipatinga, no Vale do Aço, vai sediar, no dia 23 de maio, a primeira das três reuniões de interiorização do Seminário ...

26/06/2002 - 13:31
 

Seminário vai a Ipatinga, na Bacia do Rio Doce, em 23/5

Ipatinga, no Vale do Aço, vai sediar, no dia 23 de maio, a primeira das três reuniões de interiorização do Seminário Legislativo "Águas de Minas II" na Bacia do Rio do Doce. O seminário é uma promoção da Assembléia mineira em parceria com organizações governamentais e não-governamentais e seu encerramento será entre 1º e 3 de julho, no Plenário da Alemg, em Belo Horizonte. A reunião será das 9 às 18 horas, no Auditório da Prefeitura (Avenida Maria Jorge Selim de Sales, 100/7º andar), coordenada pelo deputado Ivo José (PT), 2º-vice-presidente da Alemg. A bacia do Rio Piracicaba, que passa próximo a Ipatinga e é um dos principais formadores do Rio Doce, deverá ser objeto de debates e propostas nessa reunião, que congregará usuários da água, poder público e sociedade civil. Um dos rios mais poluídos de Minas, o Piracicaba corta região industrializada, com atividade mineradora e siderúrgicas, e registra ocupação agrícola desordenada, problemas de erosão, desmatamentos e mau uso do solo, entre outros.

O deputado Ivo José (PT), que também é o coordenador-geral do Seminário Legislativo "Águas de Minas II", afirma que os participantes da reunião em Ipatinga deverão dar grandes contribuições à Assembléia. "A sociedade civil é muito atuante nessa região, assim como há exemplos de parcerias bem-sucedidas entre Município, Estado e União; e entre as comunidades e as empresas, que têm investido na recuperação e preservação do meio-ambiente", ressalta o parlamentar. Ele lembra, ainda, que Ipatinga tem o que mostrar no que diz respeito à gestão das águas, contribuindo para a qualidade do Rio Doce. Ela é a primeira cidade de porte médio da América Latina a ter 100% do esgoto sanitário coletado e tratado. A Prefeitura inaugurou, em 29 de abril, data em que a cidade completou 38 anos, o Sistema de Tratamento de Esgoto. Foram investidos R$ 30 milhões.

Tratamento - Para o tratamento de esgoto foram instalados 80 quilômetros de redes coletoras, 37 quilômetros de interceptores, quatro estações de tratamento e canalizados 10 quilômetros dos córregos Taúbas, Vaga-lume, Hortênsia e Forquilha, afluentes do ribeirão Ipanema - o principal da cidade. Outros 10 quilômetros de avenidas foram urbanizadas nas margens desses cursos d'água. Com a medida, todo o esgoto produzido na cidade deixou de ser lançado no leito dos córregos e agora vai para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), localizada na saída para Caratinga, e para as estações de tratamento dos bairros Horto, Imbaúbas e Bela Vista. Só depois de tratada a água volta para o ribeirão Ipanema dentro de padrões exigidos por organismos ambientais. Como o ribeirão deságua próximo à confluência dos rios Piracicaba e Doce, a abrangência ecológica do projeto ganha maior amplitude. A principal Estação de Tratamento de Esgoto tem capacidade para processar 600 litros de esgoto por segundo.

IGAM TEM RECURSOS PREVISTOS PARA COMITÊS DE BACIA

O consultor em gestão de recursos hídricos do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Marco Antônio Fernandez, classifica o debate em Ipatinga como um momento importante das reuniões de interiorização do seminário. Isto porque estão concentrados na bacia do Rio Piracicaba os principais usuários da bacia do Rio Doce, que são as grandes indústrias. Entre os municípios que vão participar do encontro em Ipatinga, sede da Usiminas, está a cidade de Timóteo, sede da Acesita. Na opinião de Fernandez, as reuniões de interiorização são importantes porque colocam o debate sobre as águas em evidência nas diferentes cidades de Minas, além de abrirem espaço para a participação social. "Há necessidade de discutir instrumentos como a cobrança da água; a outorga, que é o direito de uso; e os planos diretores", ressalta. Fernandez foi coordenador do Escritório da Bacia do Rio Doce de 1997 a 2001, então ligado ao Ministério do Meio Ambiente.

O incentivo à formação dos comitês de bacia hidrográfica é um dos objetivos das reuniões no interior, que tiveram início em 12 de abril, em Lagoa Santa, e vão até 11 de junho, em Juiz de Fora. Os comitês, que reúnem usuários da água, poder público e sociedade civil organizada, têm funções normatizadora e deliberativa e, para se estruturarem, precisam de recursos financeiros. Segundo Marco Antônio Fernandez, o Igam tem um projeto de apoio financeiro à estruturação dos 12 comitês de bacia em funcionamento no Estado. Seriam no total R$ 900 mil a serem repassados, visando à criação da base operacional dos comitês - as unidades técnicas transitórias, embrião das agências de bacia. O projeto encontra-se agora, informou, na Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral (Seplan) para ser avaliado. Além dessa verba, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba, que atua na região, será contemplado com recursos do projeto de apoio à estruturação dos comitês desenvolvido pelo Igam em parceria com o Pró-Água, da Agência Nacional de Águas (Ana). Os recursos serão provenientes do Banco Mundial, que deverá emitir parecer sobre o projeto.

Municípios participantes da reunião em Ipatinga - Abre-Campo, Acaiaca, Açucena, Alto Caparaó, Alto Rio Doce, Alvinópolis, Alvorada de Minas, Amparo da Serra, Antônio Dias, Araponga, Barão de Cocais, Barra Longa, Bela Vista de Minas, Belo Oriente, Bom Jesus do Amparo, Bom Jesus do Galho, Brás Pires, Braúnas, Caiana, Cajuri, Canaã, Caparaó, Capela Nova, Caputira, Caranaíba, Carandaí, Caratinga, Carmésia, Catas Altas, Catas Altas da Noruega, Cipotânea, Coimbra, Coronel Fabriciano, Córrego Novo, Desterro do Melo, Diogo de Vasconcelos, Dionísio, Divinésia, Dom Joaquim, Dom Silvério, Dores de Guanhães, Dores do Turvo, Entre-Folhas, Ervália, Espera Feliz, Ferros, Guanhães, Guaraciaba, Ipatinga, Itabira, Itambé do Mato Dentro, Itaverava, Jaguaraçu, Jequeri, Joanésia, João Monlevade, Lamim, Manhuaçu, Mariana, Marliéria, Materlândia, Matipó, Mercês, Mesquita, Morro do Pilar, Naque, Nova Era, Oratórios, Ouro Branco, Ouro Preto, Passabém, Paula Cândido, Pedra Bonita, Pedra do Anta, Piedade de Ponte Nova, Pingo-d'Água, Piranga, Ponte Nova, Porto Firme, Presidente Bernardes, Raul Soares, Ressaquinha, Rio Casca, Rio Doce, Rio Espera, Rio Piracicaba, Sabinópolis, Santa Bárbara, Santa Cruz do Escalvado, Santa Margarida, Santa Maria de Itabira, Santana do Paraíso, Santana dos Montes, Santo Antônio do Grama, Santo Antônio do Itambé, Santo Antônio do Rio Abaixo, São Domingos do Prata, São Geraldo, São Gonçalo do Rio Abaixo, São José do Goiabal, São Miguel do Anta, São Pedro dos Ferros, São Sebastião do Rio Preto, Sem-Peixe, Senador Firmino, Senhora de Oliveira, Senhora do Porto, Senhora dos Remédios, Sericita, Serra Azul de Minas, Teixeiras, Timóteo, Ubá, Urucânia, Vermelho Novo, Viçosa.

CIPE RIO DOCE DIVULGARÁ RELATÓRIO DAS ATIVIDADES EM IPATINGA

Segundo o deputado Ivo José, a Comissão Interestadual Parlamentar de Estudos para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (Cipe Rio Doce) aproveitará as três reuniões do seminário na bacia do Rio Doce para divulgar o relatório final das atividades. O documento final foi apresentado no IV Diálogo Interamericano de Gerenciamento de Águas, em Foz do Iguaçu (PR), em setembro de 2001. Além de Ipatinga, haverá encontros em Governador Valadares (24 de maio) e em Caratinga (4 de junho). "O papel da Cipe está cumprido com a formação do Comitê Federal da Bacia do Rio Doce", informou o parlamentar, que é 1º-secretário da Cipe. A comissão tem 10 membros, entre efetivos e suplentes, sendo presidida pelo deputado Agostinho Silveira (PL). O relator dos trabalhos é o deputado Eval Galazzi, do Espírito Santo.

A Cipe Rio Doce tem a participação de parlamentares das Assembléias Legislativas do Espírito Santo e de Minas Gerais, com o objetivo de congregar esforços políticos e técnicos voltados para a recuperação ecológica, econômica e sociocultural do Vale do Rio Doce, com a determinação de restabelecer sua vazão original. A comissão foi oficializada em reunião realizada nos municípios de Aimorés (MG) e Baixo Guandu (ES), em 13 de agosto de 1999. De lá para cá, realizou diversos encontros e visitas técnicas, com o objetivo de investigar os impactos ambientais, especialmente os econômicos, sociais e ecológicos, avaliando a sua repercussão e propondo as medidas pertinentes para superação desse quadro.

A criação de áreas de preservação e conservação que possuam características naturais relevantes e o incremento da fiscalização da legislação relativa às questões ambientais e do uso do solo são algumas das sugestões feitas aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, nos três níveis de governo, para garantir a proteção e recuperação da Bacia do Rio Doce. As medidas do relatório final vão desde a definição de normas disciplinares para utilização de áreas críticas, tais como mananciais, fundos de vales, altas declividades e áreas sujeitas a enchentes; até criação de programas de "incentivo verde", com benefícios a patrocinadores de projetos de educação ambiental, por exemplo, ou para produtores rurais preservarem ou recuperarem áreas degradadas e criação de um banco de dados e elaboração de estudos sobre remanescentes florestais da bacia e divulgação das informações.

INFORMAÇÕES SOBRE AS BACIAS DOS RIOS DOCE E PIRACICABA

A bacia hidrográfica do Rio Doce apresenta uma significativa extensão territorial, cerca de 83.400 km2, dos quais 86% pertencem ao Estado de Minas Gerais e o restante ao Estado do Espírito Santo. Abrange, total ou parcialmente, áreas de 228 municípios, sendo 202 em Minas Gerais e 26 no Espírito Santo e possui uma população total da ordem de 3,1 milhões de habitantes.

O Rio Doce, com uma extensão de 853 km, tem como formadores os rios Piranga e Carmo, cujas nascentes estão situadas nas encostas das serras da Mantiqueira e Espinhaço, onde as altitudes atingem cerca de 1,2 mil metros. Seus principais afluentes são: pela margem esquerda os rios Piracicaba, Santo Antônio e Suaçuí Grande, em Minas Gerais, Pancas e São José, no Espírito Santo; pela margem direita os rios Casca, Matipó, Caratinga-Cuieté e Manhuaçu, em Minas Gerais, e Guandu, no Espírito Santo.

Rio Piracicaba - Segundo texto extraído do Relatório Técnico da Expedição "Piracicaba 300 anos depois", feita por grupo multidisciplinar em 1999, originalmente a bacia era quase que inteiramente coberta pelo complexo da Mata Atlântica, um dos mais ricos em biodiversidade do planeta. Ela sofreu um processo de desmatamento com o predomínio marcante de práticas extrativas predatórias adotadas. Além delas, a extração da madeira para fins comerciais e consumo de lenha, a formação de pastagens e a exploração em grande escala do minério de ferro participaram desse processo. Entre os elementos complicadores, estão o rápido processo de urbanização e o manejo inadequado dos solos. Hoje, apenas cerca de 0,2% da área da bacia continua coberta com os remanescentes da Mata Atlântica.

A bacia do Piracicaba cobre uma área aproximada de 6 mil km² e tem uma população em torno de 700 mil habitantes, distribuída em 20 municípios, entre os quais estão 17 sedes urbanas. Sua economia é baseada em três atividades de grande porte, interligadas: projetos de mineração, a monocultura de eucaliptos e a siderurgia. Os recursos naturais foram e continuam sendo elementos-chave no processo de crescimento econômico e desenvolvimento social da bacia. Nessa bacia se localiza o maior complexo siderúrgico da América Latina e um dos mais importantes pólos da economia mineira. As grandes empresas desempenham um papel fundamental na economia regional, uma vez que são proprietárias das terras, grandes consumidoras de águas, minerais, madeira, carvão vegetal e têm grande importância social pela geração de empregos, renda e receitas públicas.

O rápido crescimento econômico ocorrido nas últimas décadas trouxe ganhos significativos para a população da bacia como a melhoria da infra-estrutura urbana, educação, saúde, telecomunicações, construção de estradas, criação de empregos, melhoria da renda, acesso ao consumo, etc.

 

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