Uberaba sedia primeira reunião na bacia do Rio Grande
Os limites da capacidade de abastecimento da cidade
de Uberaba pelo rio de mesmo nome e as alternativas para a solução
desse problema deverão ser alguns aspectos abordados na terceira
reunião de interiorização do Seminário Legislativo "Águas de Minas
II", promovido pela Assembléia mineira em parceria com instituições
governamentais e não-governamentais. Esse terceiro encontro regional
acontecerá nesta quinta-feira (18/4/2002), no Auditório da
Associação Comercial e Industrial de Uberaba (av. Leopoldino de
Oliveira, 3.433), a partir das 9 horas. O coordenador dos
trabalhos, que devem durar o dia inteiro, será o deputado Anderson
Adauto (PL).
Entre os objetivos das reuniões de interiorização
do seminário, está o de estimular a participação social e o
interesse das comunidades pelas questões ligadas às águas em Minas.
As inscrições poderão ser feitas no próprio local. Já as metas
gerais do seminário são avaliar a implantação das políticas estadual
e federal de recursos hídricos e a adoção de seus institutos e
instrumentos de gestão; e obter subsídios para a elaboração de leis.
O primeiro evento sobre o tema aconteceu em 1993. Em 1999, os
seminários passaram por um processo de interiorização, com encontros
prévios nas diversas regiões mineiras, antes da plenária, em Belo
Horizonte. Na plenária final, são ministradas palestras por
representantes dos segmentos envolvidos com o tema abordado; há
discussões em grupos de trabalho específicos e, em seguida, a
votação de um documento que subsidia ações legislativas e
executivas, entre outras.
Encontros até junho - As 17 reuniões de
interiorização, que acontecem em cidades localizadas em sete bacias
hidrográficas de Minas, vão até junho (veja relação abaixo). "As audiências são
uma estrada de mão-dupla", ressalta o coordenador da Comissão
Técnica Interinstitucional (CTI) "Gerenciamento das Águas", Augusto
César, da Ruralminas (Fundação Rural Mineira de Colonização e
Desenvolvimento Agrário). Na opinião dele, será possível colher,
nesses encontros, as expectativas e as experiências dos segmentos
envolvidos com o tema. As CTIs são encarregadas, entre outras
tarefas, de produzir relatórios que subsidiarão os eventos do
interior e a discussão nos grupos de trabalho, na etapa final - que
acontecerá no Plenário, entre 1º e 3 de julho.
AQÜÍFERO GUARANI TAMBÉM DEVE SER ABORDADO EM
UBERABA
Entre os temas que deverão mobilizar as comunidades
de Uberaba e demais cidades envolvidas, destacam-se os relacionados
ao uso da água pelos irrigantes e para produção de energia elétrica;
e os diferentes usos para o lazer e também para geração de energia.
O esgotamento da capacidade de abastecimento do rio Uberaba também
deverá ser discutido pelos usuários da água, poder público e
sociedade civil organizada. O rio vem diminuindo sua vazão pela
crescente ocupação da bacia e pelo crescimento da cidade. Entre as
saídas para o problema, estão extrair água do rio Grande (e Uberaba
está distante da margem do rio) ou captá-la do Aqüífero Guarani.
O Aqüífero Guarani é um extenso reservatório de
águas subterrâneas subjacente a quatro países: Argentina, Brasil,
Paraguai e Uruguai. Suas águas ocorrem preenchendo espaços (poros e
fissuras de rochas que se convencionaram denominar guarani). Ele
talvez seja o maior manancial de água doce subterrânea
transfronteiriço do mundo, estendendo-se desde a Bacia Sedimentar do
Paraná - Brasil Paraguai e Uruguai - até a Bacia do Chaco - Paraná
na Argentina, principalmente. O Aqüífero Guarani tem extensão total
aproximada de 1,2 milhões de km², sendo 840 mil km² no Brasil (e,
desse total, 51.300 km2 em Minas Gerais, além de integrar o
território de outros sete Estados).
Cidades participantes - As
cidades que deverão estar representadas no encontro de Uberaba são
as seguintes: Água Comprida, Campina Verde, Campo Florido,
Carneirinho, Comendador Gomes, Conceição das Alagoas, Conquista,
Delta, Fronteira, Frutal, Itapajipe, Iturama, Pirajuba, Planura,
Prata, Sacramento, São Francisco de Sales, Uberaba e Veríssimo. Além
de Uberaba, outras duas cidades vão sediar encontros de
interiorização do seminário na Bacia do Rio Grande: Capitólio (dia
23 de abril) e Poços de Caldas (dia 28 de maio).
DELEGADOS REGIONAIS SERÃO ELEITOS
Na reunião desta quinta-feira (18/4), em Uberaba,
serão eleitos também os seis delegados que terão direito a voz e
voto na plenária final. Eles devem representar, paritariamente, o
poder público, a sociedade civil organizada e os usuários da água
(indústrias, companhias de abastecimento de água, produtores rurais,
entre outros). Ao se referir à participação social, Mauro da Costa
Val, porta-voz do Fórum Mineiro de Comitês de Bacia e coordenador da
CTI "Gestão das Águas", ressalta que essa gestão tem, hoje, um novo
paradigma, pautado pela descentralização de decisões e atividades e
pela participação social. "Mas essa representatividade social não é
tarefa fácil, já que as pessoas não estão acostumadas ao exercício
da cidadania", acrescenta, estimulando todos os segmentos envolvidos
a participarem dos debates.
Para Valter Vilela, da Copasa, coordenador da CTI
"Agência de Bacias", o seminário será um momento importante para
discutir qual a natureza jurídica da agência de bacia: se autarquia,
fundação ou empresa pública, entre outras opções. Essa natureza
jurídica deverá ser definida em lei a ser aprovada pelo Legislativo.
A agência encarrega-se do apoio técnico e do suporte operacional ao
comitê de bacia. O comitê, cuja função é deliberativa e
normatizadora, é integrado pelo poder público, pelos usuários e pela
sociedade civil organizada. Em Minas, foram definidas mais de 30
possibilidades de criação de comitês de bacia (pois pequenas bacias
podem gerar um único comitê) e, desse total, 17 já foram aprovados,
sendo 12 em funcionamento e outros cinco em estruturação.
PROGRAMAÇÃO PREVISTA DO ENCONTRO EM UBERABA
9 horas: abertura pelo
coordenador, deputado Anderson Adauto (PL)
9h30 às 10 horas: apresentação da dinâmica do seminário
10 horas à 10h30: exposição: "Aspectos fundamentais das políticas de recursos
hídricos"
10h30 às 12 horas: grupos
de Trabalho - leitura e discussão das propostas das Comissões
Técnicas Interinstitucionais (CTIs): "Gestão das Águas", "Agência de
Bacia" e "Gerenciamento das Águas: Instrumentos"
12 horas às 13h30: almoço
13h30 às 15 horas: grupos
de Trabalho: consolidação das propostas
15 às 17 horas: apresentação dos trabalhos de grupo
CALENDÁRIO DAS PRÓXIMAS REUNIÕES NO INTERIOR
Abril: Capitólio (dia 23);
Divinópolis (dia 26); Conselheiro Lafaiete (dia 30)
Maio: Teófilo Otoni (dia
7); Araçuaí (dia 9); Patos de Minas (dia 14); Paracatu (dia 16);
Ipatinga (dia 23); Governador Valadares (dia 24); Poços de Caldas
(dia 28)
Junho: Caratinga (dia 4);
Pirapora (dia 7); Montes Claros (dia 8); Juiz de Fora (dia 11)
AÇÕES DA ASSEMBLÉIA EM PROL DAS ÁGUAS DE MINAS
* Movimento "Minas em Defesa das Águas": realizou ciclos de debates e orientou a participação
da Alemg em manifestações públicas pelas águas em Minas. O movimento
também esteve presente na defesa de Furnas, por meio da Frente
Parlamentar Jorge Hannas. Outras questões como a divisão da Cemig e
a criação de comitês de bacias foram debatidos pelas
Comissões.
* Cipe São Francisco: dessa
comissão interinstitucional parlamentar de estudos participam
deputados dos cinco estados banhados pelo rio da unidade nacional.
Desde 1992, quando foi implantada, a Cipe acumulou um importante
acervo de informações que podem contribuir para a implantação de uma
política de desenvolvimento sustentável da bacia do São
Francisco.
* Cipe Rio Doce: é formada
por parlamentares de Minas e do Espírito Santo, banhados pelo rio
Doce. Essa comissão promoveu encontros entre lideranças
ambientalistas e propôs medidas para revitalizar esse importante rio
e sua bacia, incentivando, inclusive, a criação de comitês.
* Cipe Paraná/Rio Grande/Paranaíba: a Alemg tem trabalhado, juntamente com outras
Assembléias, na estruturação de Cipes para o desenvolvimento
sustentável regional.
* Rio das Velhas: o
Parlamento mineiro realizou um ciclo de debates visando à
revitalização da bacia do Rio das Velhas, integrando-se às
importantes ações do Projeto Manuelzão.
* Gerenciamento das Águas:
a Alemg apresentou trabalhos no IV Diálogo Interamericano de
Gerenciamento das Águas, em Foz do Iguaçu, e no III Encontro das
Águas, em Santiago do Chile.
* Medalha 500 Anos do Rio São Francisco: A Alemg esteve presente nas comemorações dos 500 anos
do São Francisco. Objeto de debates e estudos patrocinados pelo
Legislativo mineiro, o "Velho Chico" teve seus 500 anos lembrados
com uma homenagem às pessoas que trabalham pela sua
preservação.
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