MP denuncia detetives do Deoesp por fuga de Beira Mar

Quatorze pessoas, entre policiais civis, advogados e um tabelião, foram denunciadas pelo Ministério Público (MP) à Ju...

28/05/2002 - 19:08
 

MP denuncia detetives do Deoesp por fuga de Beira Mar

Quatorze pessoas, entre policiais civis, advogados e um tabelião, foram denunciadas pelo Ministério Público (MP) à Justiça pelo envolvimento na fuga do traficante Fernandinho Beira Mar do Departamento de Operações Especiais (Deoesp), em Belo Horizonte, em março de 1997. O documento foi apresentado nesta terça-feira (28/5/2002) pelos membros da CPI do Narcotráfico, que solicitaram a reabertura das investigações sobre o caso.

Os trabalhos da Comissão foram encerrados em dezembro de 2000. O relatório final concluiu que as investigações da Corregedoria de Polícia Civil foram superficiais, já que não incluíam a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico dos policiais suspeitos de facilitarem a fuga do traficante. "Foi uma investigação de mentirinha e isso prova que a Secretaria de Segurança Pública (SSP) acoberta qualquer crime contra detetives ou delegados de polícia", afirmou o deputado Rogério Correia (PT), relator da CPI.

Em fevereiro do ano passado, os membros da Comissão solicitaram a reabertura do inquérito e a quebra dos sigilos de todos os policiais do Deoesp. As informações foram repassadas ao MP e seis promotores de Justiça assumiram o caso. As investigações só ganharam rumo depois que os promotores receberam uma carta anônima revelando o nome dos policiais envolvidos e o valor do suborno pago por Fernandinho Beira Mar : R$ 500 mil.

Valores - Segundo a denúncia, o delegado Rubens de Faria Rezende teria ficado com R$ 300 mil, dinheiro que usou para a compra de uma fazenda em Florestal, avaliada em R$100 mil, e duas caminhonetes. Os outros R$ 200 mil teriam sido repartidos entre os detetives Dênio Ferreira, Adelton Mauro Vilela, Carlos Alberto Paganini, Jorge Luiz Duarte Dias, Marconi Gomes Pereira, Maurício da Silva do Vale, Erli Ferreira Dornas e Paulo Luiz dos Santos. O subinspetor Reinaldo de Faria Teixeira, os advogados Adalberto Lustosa de Matos e Carlos Alberto Ribeiro, o tabelião Wesley Silva e seu irmão Wegleysson Silva também teriam participado do rateio.

QUEBRA DO SIGILO TELEFÔNICO REVELOU COMO FOI A FUGA

A quebra do sigilo telefônico dos envolvidos revelou como realmente ocorreu a fuga do traficante. Segundo o relatório do MP, Beira Mar mantinha na carceragem um telefone celular e, na véspera da fuga, ainda recebeu de um dos detentos uma serra e um alicate de pressão. Na madrugada do dia 26 de março de 1997, o traficante cerrou as grades da cela e fugiu por uma porta que tinha sido deixada aberta por um dos detetives. Nos fundos do Deoesp, Beira Mar conseguiu pular o muro usando uma escada deixada por um outro policial.

Os envolvidos vão responder pelos crimes de facilitação de fuga, corrupção ativa e passiva e falsidade ideológica. As penas variam de um a oito anos de prisão. Para o deputado Sargento Rodrigues (PSB), que é membro da Comissão, a punição proposta pelo Ministério Público ficou incompleta. "Não entendi por que não foi apontado o crime de formação de quadrilha, já que tanto os detetives quanto os advogados agiram premeditadamente", afirma.

Testemunhas - Com o inquérito em andamento, os promotores vão convocar como testemunhas os membros da CPI: o presidente, deputado Marcelo Gonçalves (PDT); o vice-presidente, Paulo Piau (PFL), e Rogério Correia (PT), além de outras nove pessoas.

"Nosso trabalho foi criticado pela Secretaria de Segurança Pública. Agora, vamos à Secretaria e ao governador Itamar Franco para mostrar que, durante todo o tempo, dissemos a verdade", desabafou o presidente da CPI, deputado Marcelo Gonçalves (PDT).

 

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