Pesquisador sugere incentivos para uso de energia
renovável
A concessão de incentivos à utilização de energia
renovável, principalmente a biomassa, foi a principal sugestão
apresentada à CPI das Carvoarias, nesta quinta-feira (23/5/2002),
pelo pesquisador e engenheiro metalúrgico Ronaldo Santos Sampaio.
Outra proposta seria a criação de um fundo de proteção aos
trabalhadores, para o qual seriam revertidos os valores arrecadados
com as multas aplicadas às empresas do setor.
Segundo Ronaldo Santos Sampaio, não se pode apenas
limitar a atividade carvoeira ou criar e aplicar leis restritivas a
ela. "Não se deve tirar o alicerce sem conceder um outro caminho. Se
não for oferecida outra oportunidade, esses trabalhadores irão sair
das minas para irem morar nas favelas", declarou. Ele também
salientou a necessidade de se educar, treinar e preparar os
carvoeiros. Sampaio criticou os garimpeiros por não preocupam com a
origem do insumo usado no bem produtivo.
O pesquisador disse que não há nenhum país com
maior potencial que o Brasil para a produção de energia renovável.
"A energia fóssil é o caminho mais fácil para os empresários. A
produção do carvão vegetal requer um trabalho de pesquisa e proteção
das florestas contra pragas e incêndios. Há agregação de valor e
leva-se sete anos para entrar no ciclo de produção", comentou.
Ronaldo Sampaio falou que a energia renovável é uma
alternativa a ser construída a longo prazo. De acordo com ele, esse
tipo de atividade favorece a recomposição da camada de ozônio da
atmosfera. "A produção de carbono fóssil agride o meio ambiente,
pois tira oxigênio da atmosfera e libera gás carbônico",
afirmou.
ENERGIA RENOVÁVEL AUMENTA RENDIMENTOS
Doutor em engenharia metalúrgica, o professor Paulo
César da Costa Pinheiro informou que a indústria de carbono em Minas
Gerais emprega cerca de 50 mil pessoas e a siderúrgica de carvão
vegetal, 70 mil trabalhadores. Segundo ele, a utilização de energia
renovável aumenta os rendimentos, diminui a poluição e propicia
melhorias nas condições de trabalho.
Paulo César salientou a importância de se valorizar
essa forma de produção de energia, para que o Estado não fique
sempre dependendo de energia externa. Sobre as condições de trabalho
existentes no setor, ele disse que é preciso estabelecer mecanismos
de controle da utilização de equipamentos de segurança e melhorar a
vigilância para cumprimento da lei.
O presidente da Comissão, deputado Adelmo Carneiro
Leão (PT), afirmou que o Estado, assim como as empresas, também
possui sua parcela de responsabilidade em relação aos problemas
decorrentes das atividades carvoeiras. Ele salientou a necessidade
de serem denunciadas as atividades das empresas e os processos de
terceirização que levam à precarização do trabalho.
Presenças - Participaram da reunião os
deputados Adelmo Carneiro Leão (PT), presidente da comissão; Elbe
Brandão (PSDB), relatora; Bilac Pinto (PFL); Dalmo Ribeiro Silva
(PPB); Márcio Cunha (PMDB); e Marco Regis (PL).
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