Detento denuncia ilegalidades na Penitenciária de
Neves
Tráfico de drogas, uso de armamentos pesados,
prostituição: tudo é permitido na Penitenciária José Maria Alkimin
mediante pagamento de propinas, segundo o depoimento do sentenciado
José Carlos Antunes à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do
Sistema Prisional. A reunião foi realizada nesta quinta-feira
(23/5/2002), na Assembléia Legislativa. José Carlos está cumprindo
pena em regime semi-aberto, na Fazenda Mato Grosso, próxima à
penitenciária José Maria Alkimin.
O detento relatou vários fatos irregulares que,
segundo ele, são freqüentes. "Quem tem dinheiro sai da Penitenciária
à hora que quer. Um advogado da penitenciária me pediu R$ 5 mil para
me colocar na rua; o diretor é boneco de presépio", denunciou. José
Carlos Antunes disse que, mesmo com autorização judicial, é preciso
pagar para ir ao médico e ao Fórum. "Todos os dias a maior parte das
200 marmitas que chegam são enterradas, porque não há presos para
comer. Eles estão na rua roubando e traficando. Todos os funcionário
recebem propina, do diretor ao faxineiro. Temos que comprar até o
sabonete", afirmou.
José Carlos contou que até os 38 anos não tinha
cometido nenhum crime. A partir daí, foi acusado de latrocínio
(roubo seguido de morte), tráfico e estupro. O sentenciado culpou a
irmã, Magda Fátima Antunes, juízes e advogados de apresentarem
documentos falsos para incriminá-lo e de tomarem seus bens.
CPI VAI APURAR DENÚNCIAS
O deputado Ermano Batista (PSDB), presidente da
CPI, disse que o depoimento trouxe informações importantíssimas para
a apuração das irregularidades e servirá de base para as
investigações. "Acreditamos em muitos pontos do depoimento e vamos
investigar. Com relação às pessoas citadas, teremos cautela e vamos
ouvi-las para confirmar ou não as denúncias", informou. A CPI vai
confirmar a veracidade dos documentos dos processos que incriminaram
José Carlos.
De acordo com o deputado Irani Barbosa (PSD), "a
cidade de Esmeraldas está se transformando numaa Baixada
Fluminense", numa alusão à região do Estado do Rio de Janeiro. O
parlamentar também fez críticas ao promotor Rodrigo Fonte Boa. "Ele
pediu promoção para a cidade de Patos de Minas. O pedido foi
concedido, mas ele continuou em Ribeirão das Neves porque recebe
propina", disse o deputado.
PRESENÇAS
Participaram da reunião os deputados Ermano Batista
(PSDB), presidente da Comissão; Luiz Tadeu Leite (PMDB), relator; e
Irani Barbosa (PSD).
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