Discutida regulamentação da inclusão de café na merenda

O secretário municipal do Café de Varginha, Joadylson Antônio Barra Ferreira, propôs, nesta quarta-feira (22/5/2002),...

22/05/2002 - 19:17
 

Discutida regulamentação da inclusão de café na merenda

O secretário municipal do Café de Varginha, Joadylson Antônio Barra Ferreira, propôs, nesta quarta-feira (22/5/2002), que o governo colha sugestões de todos os segmentos da cadeia produtiva do café, para subsidiar a regulamentação da Lei 14.132/2001, que obriga a inclusão do produto na merenda escolar e determina sua promoção institucional. Ferreira enfatizou que é preciso oferecer aos estudantes café de qualidade e determinar a responsabilidade pela análise das amostras do produto a ser incluído na merenda. Ele participou da reunião desta quarta-feira da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembléia Legislativa.

Fraude - As sugestões poderiam ser colhidas, segundo Ferreira, nas reuniões do grupo de trabalho do Programa de Certificação de Origem e Qualidade do Café (Certicafé). Cabe ao Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) a elaboração dos processos e procedimentos para essa certificação. Geraldo Sebastião Silva, que representou o secretário de Estado da Indústria e Comércio, disse que a Secretaria é favorável à inclusão do café na merenda, mas enfatizou que é preciso eliminar fraudes que são comuns nos produtos espalhados nos supermercados. "O café precisa ser saudável e livre de impurezas." Ele lembrou que a Vigilância Sanitária, que poderia atuar na fiscalização, não tem poder de polícia. O órgão, ao identificar a fraude, comunica o fato ao Ministério Público, ao qual cabe a adoção das medidas necessárias.

O Brasil é o maior produtor mundial de café e o segundo maior consumidor. O consumo per capita/ano, que já foi de 6 kg na década de 70, caiu para menos de 4,5 kg, atualmente. Com a inclusão do café na merenda escolar, haverá um aumento de consumo de cerca de 133 mil sacas/ano, para o atendimento de 4,6 milhões de crianças e adolescentes matriculados na rede estadual.

DATA DA REGULAMENTAÇÃO NÃO ESTÁ CONFIRMADA

O secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Paulino Cícero, enfatizou que, na regulamentação, é preciso levar em conta aspectos legais e questões técnicas, como a metodologia de análise de amostragem; a escolha de laboratório oficial que faria a análise e o custo dela; a averiguação dos processos de secagem, armazenamento e torra do café. Em entrevista após a reunião, Cícero informou que a Secretaria tem condições de entregar à Procuradoria-Geral do Estado a minuta do decreto que regulamenta a matéria até o final deste mês, mas precisa aguardar, depois, a análise pelo órgão. Ele anunciou que, em 5 de junho (Dia Internacional do Meio Ambiente), o governador vai regulamentar as leis que tratam da produção da cachaça e do queijo artesanal mineiro e do Pró-Pequi, bem como sancionar a proposição que contém o Código Florestal.

O presidente da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial, deputado João Batista de Oliveira (PDT), solicitou que a regulamentação ocorresse em 5 de junho, mas enfatizou que o trabalho é complexo. Autor do projeto que originou a Lei 14.132/2001 e do requerimento que deu origem à reunião, o parlamentar lembrou que as Prefeituras de Varginha, Espera Feliz e Boa Esperança foram pioneiras na adoção do café na merenda escolar. Na opinião dele, a lei significa, para Minas Gerais, uma homenagem ao que a cafeicultura já fez pelo Estado. O deputado Jorge Eduardo de Oliveira (PMDB), que foi relator do projeto que originou a norma jurídica, lembrou também que o café é um produto brasileiro e um veículo de consumo do leite.

EXPERIÊNCIA DE VARGINHA É RELATADA NA REUNIÃO

Na rede municipal de ensino de Varginha, o café é oferecido com o leite na merenda escolar. Implementado em agosto de 2001, o serviço hoje atende a 12 mil estudantes. Ao se referir ao comportamento das crianças, o secretário Joadylson Antônio Barra Ferreira informou que o rendimento escolar melhorou após a adoção do café. Ele ressaltou, no entanto, que é preciso estabelecer critérios para oferecê-lo. Em Varginha, a licitação para aquisição do produto é por menor preço, mas fica caracterizado o produto, com a descrição do café verde e do café torrado e moído. A Prefeitura firmou convênio com o Instituto de Tecnologia de Alimentos de Campinas, que analisa a amostra do café, sendo esta análise paga por quem ganha a concorrência. O custo é de R$ 150,00. Joadylson defendeu, na reunião, que o café utilizado na merenda escolar seja 100% "arábica".

Já o presidente do Sindicato da Indústria de Café de Minas Gerais (Sindicafé), Simbrair de Deus Duarte, afirmou que é preciso definir, sim, um padrão de qualidade, mas a partir da composição de matérias-primas. Duarte defende a seguinte composição: 75% de café "arábica" e 25% de "robusta conillon". Otaviano Ribeiro, da Cooperativa dos Cafeicultores do Vale do Rio Verde, de Carmo de Minas, e Eduardo Quintanilha de Albuquerque, do Ima, defenderam que o café usado na merenda escolar seja 100% mineiro. A professora Rosilene Pereira, que representou a Reitoria da Universidade Federal de Lavras (Ufla), informou que já está na fase final a construção do Centro de Qualidade de Café, com laboratório de análise química e qualitativa do café cru e torrado. Ela se ofereceu para fornecer informações técnicas à equipe encarregada da regulamentação da lei.

Requerimentos aprovados - A Comissão aprovou, ainda, requerimentos numerados e requerimentos dos deputados Paulo Piau (PFL) e Márcio Kangussu (PPS), que tratam, respectivamente, de audiência para discutir a atuação da Polícia Florestal e Rural e da atuação e expansão da Emater no Estado.

Presenças - Comparecerem à reunião os deputados João Batista de Oliveira (PDT), presidente; Jorge Eduardo de Oliveira (PMDB), Paulo Piau (PFL), Bilac Pinto (PFL), Dilzon Melo (PTB), Eduardo Hermeto (PFL) e Alencar da Silveira Jr. (PDT).

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715