Comissão debate segurança e disciplina em escolas públicas

A segurança e a disciplina nas escolas públicas foram tema de debate, nesta quarta-feira (22/5/2002), em reunião da C...

22/05/2002 - 17:03
 

Comissão debate segurança e disciplina em escolas públicas

A segurança e a disciplina nas escolas públicas foram tema de debate, nesta quarta-feira (22/5/2002), em reunião da Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Representantes da Secretaria de Estado da Educação, das Polícias Civil e Militar; de pais e alunos participaram da reunião, que abordou questões como a participação de pais e alunos na vida escolar, a comunicação com os estudantes e problemas familiares e socioeconômicos. A reunião foi realizada a requerimento do deputado Paulo Piau (PFL), que preside a Comissão.

Para a subsecretária de Desenvolvimento da Educação, Maria Stela do Nascimento, a violência na escola tem fatores exógenos e endógenos. Entre os fatores exógenos ela citou o ambiente em que a escola está inserida, a falta de transporte urbano e o isolamento, que obrigam o estudante a caminhar, às vezes por locais pouco iluminados. Entre os fatores endógenos ela citou o uso de punições, que fazem o aluno ver, no pessoal da escola, uma ameaça, ao invés de criar um ambiente de confiança e amizade.

O superintendente-geral de Polícia, Jacy de Abreu, disse que, muitas vezes, os pais "delegam" à escola uma atribuição deles próprios, que é educar os filhos. Ele defendeu a integração da escola com a comunidade por meio de atividades esportivas e relatou que a Academia de Polícia Civil tem chamado educadores para orientá-los sobre drogas. O superintendente também divulgou o número do disque-denúncia - 0800 30 5000 -, ressaltando que os funcionários não são policiais e estão orientados a não tentar identificar os denunciantes.

Família - A major PM Miriam Assunção e Lima defendeu o respeito às diferenças e a abertura do diálogo com os jovens para tentar minimizar a questão da violência. Para ela, ao invés de tentar identificar os culpados pela falta de segurança, é melhor centrar esforços no que pode ser feito para resolver a questão. O primeiro passo, segundo ela, é reconceituar a família e a escola, levando em conta valores como a liberdade, solidariedade, afeto e participação.

Um mutirão de toda a sociedade para criar mecanismos de superação da violência na escola e em todos os setores da atividade humana é necessário, segundo o secretário adjunto de Direitos Humanos, Manoel Conegundes. Para ele, a violência é inerente ao ser humano, mas a principal causa é a miséria, o desemprego e a fome que batem à porta de 50 milhões de brasileiros.

Para o presidente da União Municipal de Estudantes, Tiago Franco, a violência não está restrita às escolas, mas é uma questão que atinge toda a juventude. A culpa, para ele, é do modelo de sociedade e das prioridades definidas pelos governantes. O estudante ressaltou que 60% dos presidiários têm entre 18 e 25 anos e 60% das vítimas de assassinatos têm entre 15 e 25 anos. Tiago Franco também ligou a falta de qualidade do ensino à violência, dizendo que isso provoca desestímulo e falta de perspectivas, que podem levar os jovens às drogas e ao abandono da escola.

Os investimentos em educação e saúde dispensariam o Estado de aumentar os recursos para a segurança pública, na opinião da presidente da União Colegial de Minas Gerais, Renata Silva Coutinho. Ela também relatou casos de violência e tratamento desigual que teriam sido cometidos por policiais militares contra estudantes e reivindicou mais diálogo com os alunos e grêmios estudantis.

Também participaram da mesa o presidente da Federação das Associações de Pais e Alunos das Escolas Públicas de Minas Gerais (Fapaemg), Mário de Assis; a presidente da Federação das Associações de Pais e Alunos (Faspa), Iedir Bambirra; Luiz Carlos Ferraz, assessor do deputado federal Ronaldo Vasconcelos, presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados; Luiz Carlos Ferraz; Ieda Tomazzi, assessora do vereador Leo Burguês, presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal de Belo Horizonte; e o ex-reitor da UFMG e da Uemg, Aluísio Pimenta.

Escola Família Agrícola

A Comissão de Educação aprovou o parecer de 1º turno sobre o Projeto de Lei (PL) 1.886/2001, dos deputados Adelmo Carneiro Leão e Maria José Haueisen, do PT, que institui o Programa Estadual de Apoio Financeiro à Escola Família Agrícola do Estado de Minas Gerais. O relator, deputado José Henrique (PMDB), opinou pela aprovação do projeto na forma do substitutivo nº 1, apresentado pela Comissão de Constituição e Justiça, e com as emendas nº 1 e 2, que apresentou.

Com a emenda nº 1, poderão participar do Programa apenas as escolas que são dirigidas por associações autônomas, e não aquelas com gerência do poder público. A emenda nº 2 estabelece que os recursos para o Programa virão apenas do orçamento da Secretaria de Estado da Educação, e não de entidades a ela vinculadas, como estava previsto no substitutivo. O projeto será apreciado, agora, pela Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, antes de seguir para discussão e votação, no Plenário.

Merenda - Também foi aprovado o parecer de 1º turno sobre o PL 1.950/2002, do deputado Eduardo Brandão (PL), que garante a todo cidadão o direito às informações relativas à merenda escolar. O relator, deputado Dalmo Ribeiro Silva (PPB), opinou pela aprovação do projeto na forma do substitutivo nº 1, da Comissão de Constituição e Justiça, e com a emenda nº 1, que apresentou. A emenda obriga a Secretaria de Estado da Educação a publicar o demonstrativo anual enviado para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Outro projeto que teve parecer de 1º turno favorável, aprovado, foi o PL 1.854/2001, do deputado Rogério Correia (PT), que institui o Dia Estadual da Poesia. O deputado José Henrique (PMDB), relator, apresentou ao projeto a emenda nº 1, que adequa a redação à técnica legislativa.

Requerimento - A Comissão também aprovou requerimento do deputado Paulo Piau (PFL) para que seja solicitado ao governador do Estado e ao secretário de Estado da Educação a continuidade do Programa "A Caminho da Cidadania". Segundo o deputado, as atividades serão encerradas no mês de agosto e o projeto vem prestando relevantes serviços ao aprendizado extemporâneo do ensino médio.

Presença - Participaram da reunião os deputados Paulo Piau (PFL) - presidente; Antônio Carlos Andrada (PSDB) - vice-presidente; Dalmo Ribeiro Silva (PPB) e José Henrique (PMDB).

 

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