Audiência discute fraudes em cooperativas de trabalho

As cooperativas de trabalho, de um lado, e o Ministério Público do Trabalho, a Delegacia Regional do Trabalho e o Sin...

21/05/2002 - 17:39
 

Audiência discute fraudes em cooperativas de trabalho

As cooperativas de trabalho, de um lado, e o Ministério Público do Trabalho, a Delegacia Regional do Trabalho e o Sindicato dos Bancários, de outro, não se entendem com relação à situação dos serviços terceirizados no sistema bancário, especialmente na Caixa Econômica Federal (CEF). Nesta terça-feira (21/5/2002), em audiência pública convocada pela Comissão do Trabalho, Previdência e Ação Social da Assembléia Legislativa, o procurador regional do Trabalho, Geraldo Emediato de Souza, acusou as cooperativas de fraudarem a lei ao substituírem bancários por cooperados em funções consideradas essenciais. Mas representantes das cooperativas negaram as acusações e criticaram o comportamento de representantes do MPT, que estariam passando por cima do Poder Judiciário ao dizerem, em entrevistas à imprensa, que as cooperativas são fraudulentas.

Denúncias - De acordo com Geraldo Emediato, após três anos de investigações o Ministério Público do Trabalho concluiu que, além de irregularidades na gestão das cooperativas, como o nepotismo, houve casos de funcionários de empresa terceirizada que perdeu licitação continuarem a exercer suas funções como cooperados, mas sem que tivessem sido informados de sua nova condição. O procurador afirmou, ainda, que também foi constatado que cooperados exercem funções essenciais, o que é ilegal. Outras acusações que pesam sobre as cooperativas de trabalho dizem respeito à existência de cooperativas "de fachada" e de "sócios laranjas" e à conivência com falências fraudulentas de empresas.

Autodeterminação - Representantes das cooperativas negam as irregularidades e refutam a acusação de fraudes. Segundo o presidente da Federação das Cooperativas de Trabalho de Minas Gerais (Fetrabalho), Geraldo Magela da Silva, é inaceitável que uma cooperativa constituída segundo a legislação seja considerada fraudulenta. "Não somos coniventes com fraudes, somos a favor dos trabalhadores e do direito que eles têm de decidirem o que fazer. Quem participa de uma cooperativa e assina um documento de adesão está exercendo seu direito de autodeterminação. O que não podemos aceitar é que, depois, alguns agentes públicos queiram desconsiderar esse direito", argumentou. "A opção de integrar uma cooperativa é do profissional. E a entidade decide pela maioria de seus associados. O cooperado que não concordar com a condução de uma sociedade cooperativa pode propor a alteração de seu estatuto", continuou. Para ele, em nome do combate à fraude o Ministério Público está querendo acabar com as cooperativas de trabalho.

DENÚNCIA DE SINDICATO MOTIVOU AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Tudo começou quando o Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região, diante de denúncias de que trabalhadores cooperados estariam exercendo funções consideradas essenciais na Caixa Econômica Federal - o que é proibido por lei -, solicitou à Delegacia Regional do Trabalho e ao Ministério Público do Trabalho que investigassem a situação das cooperativas e a natureza das atividades exercidas pelos cooperados. Como foram encontrados indícios de fraudes, o sindicato e o MPT entraram com uma ação civil pública no Poder Judiciário. "O sindicato não é contra as cooperativas. Apenas queremos que as denúncias sejam apuradas e que a legislação vigente seja cumprida", frisou o advogado do sindicato, Humberto Marcial. "No caso da Caixa Econômica Federal, já ficou comprovado que a lei foi descumprida", arrematou.

Ronaldo Pires, presidente do Sindicato das Cooperativas de Trabalho (Sindcoop), deixou evidentes as divergências e queixou-se de que as entidades estariam sofrendo um processo de difamação. "As ações são injustas, perversas e ilegais. Gostaríamos que o Ministério Público desmentisse as acusações feitas por intermédio da imprensa. Só o Judiciário pode julgar se as cooperativas são ou não fraudulentas", declarou.

Atuação da Alemg - O presidente da Comissão do Trabalho da Assembléia, deputado Dalmo Ribeiro Silva (PPB), considerou produtiva a reunião. Na sua opinião, ao convocar audiência pública para ouvir as partes envolvidas e propiciar o debate das divergências, o Legislativo cumpre o seu papel e ajuda na busca de solução para um problema que envolve, diretamente, um grande número de trabalhadores. "Não temos medido esforços em defesa da dignidade do trabalho e do direito ao emprego. No ano passado realizamos um grande debate sobre a terceirização e, agora, atuamos para assegurar que a lei seja cumprida, mas também que a dignidade humana seja respeitada", analisou. Dizendo-se simpatizante do cooperativismo, Dalmo Ribeiro Silva manifestou sua esperança de que o impasse seja resolvido de forma transparente, resguardando-se os direitos dos cooperados.

Presenças - Compareceram à reunião os deputados Dalmo Ribeiro Silva (PPB), presidente da Comissão do Trabalho, e Edson Rezende (PT). Também participaram, entre outros convidados, o procurador regional do Trabalho, Geraldo Emediato de Souza; o presidente da Federação das Cooperativas de Trabalho de Minas Gerais (Fetrabalho), Geraldo Magela da Silva; o presidente da Cooperativa de Profissionais de Serviços Públicos, Rômulo Formigli Alves; o advogado do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região, Humberto Marcial; Darcio Guimarães de Andrade, juiz do Trabalho aposentado; Alessandra Parreiras Fialho, auditora fiscal do Trabalho; Ronaldo Pires, presidente do Sindicato das Cooperativas de Trabalho (Sindcoop).

 

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