CPI investiga fugas de presos em Juiz de Fora e Ibirité

A CPI do Sistema Prisional da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais recebeu, nesta terça-feira (14/5/2002)...

14/05/2002 - 22:48
 

CPI investiga fugas de presos em Juiz de Fora e Ibirité

A CPI do Sistema Prisional da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais recebeu, nesta terça-feira (14/5/2002), o delegado de polícia Elder Gonçalo Monteiro Dangelo e o detetive Marcelo Barros Romualdo. Cada um prestou depoimento a respeito de dois casos distintos envolvendo agentes penitenciários na facilitação de fuga de prisioneiros nas instituições carcerárias de Minas Gerais. Segundo o presidente da Comissão, deputado Ermano Batista (PSDB), o objetivo da CPI é apurar as inúmeras denúncias de irregularidades no sistema penitenciário do Estado. Para ele, as penitenciárias se transformaram em verdadeiros quartéis-generais de criminosos, que servem de álibi para que eles cometam seus crimes.

O delegado Elder Gonçalo Monteiro Dangelo falou sobre a fuga de quatro prisioneiros do Centro de Remanejamento da Secretaria de Segurança Pública (Ceresp) de Juiz de Fora, em fevereiro de 2001. Os prisioneiros escaparam durante um churrasco promovido por dois policiais que estavam de plantão, no final de semana. Na época, Elder era o delegado responsável pela instituição, além de comandar o Presídio Santa Teresinha, mas não estava no Ceresp quando ocorreu a fuga. "Fazer uma festa destas é absolutamente irregular e anormal. Se isto não estivesse acontecido, estes bandidos estariam presos hoje", pondera o delegado. Para o deputado Alberto Bejani (PFL), relator auxiliar da CPI, o delegado é uma pessoa séria e não foi responsável pelo o que ocorreu no Ceresp.

Na fuga, os quatro prisioneiros pegaram o carro da polícia, levaram armas e munição e no percurso seqüestraram um vereador da cidade, obrigando-o a pagar R$ 30 mil para soltá-lo. Dos quatro bandidos, três fugiram e um morreu porque capotou o carro da polícia. O delegado responsável pelo inquérito e pela sindicância do caso, Renato Álfio Cutti, concluiu pelo afastamento de 30 dias dos detetives e o caso foi arquivado.

Isso causou indignação ao deputado Irani Barbosa (PSD), autor da CPI. "Detetives que facilitam fuga ou vendem drogas e armas não podem pegar apenas 30 dias de suspensão. A promiscuidade do sistema carcerário está tão grande que a impressão é de que o Brasil é um país sem lei", afirma Irani Barbosa.

Mais um caso - O segundo depoimento prestado nesta terça-feira na CPI do Sistema Prisional foi do detetive da Polícia Civil de Minas Gerias, Marcelo Barros Romualdo. Ele era o responsável pelo setor carcerário da cadeia de Ibirité em setembro de 2000, quando quatro detentos foram soltos, entre eles Daniel Renan, que cometeu três crimes no período que estava em liberdade. Segundo Marcelo, o delegado da cadeia de Ibirité, Marco Aurélio dos Anjos, soltou os presos para que eles pudessem passar o feriado de 7 de setembro com a família. "Não foi a primeira vez que o delegado fez isso com o Daniel. Eu me recusei a soltar o preso na ocasião e entreguei a chave da cela para o delegado", conta Marcelo. Os presos voltaram cinco dias depois, mas quando Daniel soube que estava sendo procurado por ter cometido crimes, inclusive latrocínio, ele desapareceu misteriosamente da cadeia, na qual ficava fora da cela durante todo o dia. Até hoje Daniel está foragido.

No final da reunião, foram aprovados os requerimentos do deputado Alberto Bejani para que as seguintes pessoas prestassem depoimento: delegado Renato Alfio Ciutti, inspetor Tardieu Silva, detetive Paulo Roberto Murta Jardim, detento Franciso de Paula Filho, do Cerespe de Ipatinga. Também foram solicitadas ao detetive Marcelo Romualdo cópias dos documentos relatados em seu depoimento e que seja oficiado o Corregedor Geral de Polícia, Sérgio Francisco de Freitas, para que envie à CPI informações referentes a inquéritos policiais e sindicâncias administrativas dos casos.

O deputado Luiz Tadeu Leite (PMDB) também participou da reunião.

 

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