Artesanato mineiro não é valorizado pelo poder
público
A falta de incentivo, por parte do poder público,
ao artesanato mineiro, foi o maior problema relacionado pelos
representantes do setor que estiveram na reunião da Comissão de
Trabalho, da Previdência e da Ação Social, nesta terça-feira
(14/5/2002). De acordo com o presidente da Associação dos Artesãos
do Estado de Minas Gerais, Marcos Landa, não existe uma política que
atenda a cultura artesanal. "É muito importante que as pessoas
tenham uma consciência crítica e política. O artesão é um produtor
cultural, ele cria e não tem uma boa participação no lucro. As
pessoas só querem explorar este trabalho," afirmou.
Marcos Landa ainda apontou três problemas dos
artesãos gerados pelo poder público. O primeiro refere-se à área de
trabalho e infra-estrutura, que não são oferecidos. O segundo é a
licitação pública, cuja comissão é formada por pessoas que não têm
vivência na atividade e descaracterizam as feiras com o decorrer do
tempo. O terceiro é o "estrelismo". De acordo com ele, se a proposta
não sai do poder público, não tem valor.
Ivone Martins, diretora administrativa e financeira
da Associação Brasileira de Artesanato em Minas Gerais e
superintendente da Central Mãos de Minas, informou que está
tramitando no Senado um projeto de lei que vai legalizar a profissão
de artesão. A Feira de Artesanato da Afonso Pena é hoje a terceira
fonte de arrecadação da cidade, exporta a cultura mineira para todo
o mundo, mas 70% dela está descaracterizada, com produtos
industrializados e até mesmo importados.
Orlins Pellegrini de Freitas, presidente da
Associação de Artes de Minas Gerais, apresentou à Comissão um
projeto para a construção do Centro de Produção Artístico e
Artesanal. Segundo ele, o centro poderá atender a população com
conforto, durante toda a semana, e disporá de um teatro, um cinema,
bancos e escolas. O projeto seria implantado na avenida Belém, no
espaço da antiga Casa do Rádio, e teria apenas o artesanato mineiro.
"O nosso plano, para adquirir o local, é assumir a dívida do IPTU
que a Casa do Rádio deixou junto à prefeitura, pagando em parcelas",
disse.
O deputado Edson Rezende (PT) disse que a grande
saída para o artesanato é "unir forças", e que a atividade é
multiplicadora de vidas e empregos. Edna Moreira Janete,
representante dos artesãos de Contagem, solicitou também a
participação dos órgãos públicos no encaminhamento das questões
relacionadas ao artesão. "O trabalho é demorado e vende pouco, mas
tenho três filhos desempregados que trabalham comigo", disse.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Edson Rezende (PT), vice-presidente da
Comissão, e Luiz Menezes (PPS); além do presidente da Associação dos
Artesãos e Produtores de Variedades do Estado de Minas Gerais,
Marcos Landa; da diretora administrativa e financeira da Associação
Brasileira de Artesanato em Minas Gerais e superintendente da
Central Mãos de Minas, Ivone Martins; do presidente da Federação
Mineira dos Expositores das Feiras de Arte/Artesanato- Manufaturados
(Feme-Art), Apolo Costa; e do presidente da Associação de Artes de
Minas Gerais, Orlins Pellegrini de Freitas.
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