Preso diz à CPI que pagou R$ 10 mil para sair da
prisão
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do
Sistema Prisional obteve informações importantes que confirmam o
esquema de corrupção nas cadeias de Juiz de Fora. A Comissão esteve
naquela cidade nesta quarta-feira (8/5/2002) e ouviu o depoimento do
detento Fabrício Luiz Guimarães, que afirma ter fugido da
Penitenciária de Linhares, em Juiz de Fora, em agosto de 2000, com o
consentimento do delegado Denilson Crosato dos Santos, a quem teria
pago dez mil reais. Segundo Fabrício, a negociação foi feita através
de seu advogado, identificado pelo detento como Marcos de Oliveira.
O delegado Denilson negou as acusações. Segundo o deputado Alberto
Bejani (PFL), a CPI vai localizar o advogado por intermédio da OAB,
para realizar uma acareação.
Na reunião, a CPI também foi informada sobre a
existência de uma central telefônica clandestina, que intermediava
ligações de presos do Ceresp e da Penitenciária de Linhares para
facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, e o
Primeiro Comando Mineiro (PCM), de Belo Horizonte. "Além da
deficiência estrutural das cadeias, há corrupção no sistema
prisional de Juiz de Fora", afirmou o juiz da Vara de Execuções
Criminais, José Armando Pinheiro da Silveira, convidado da Comissão,
que revelou a existência da central telefônica.
Segundo José Armando, os dois diretores da
Penitenciária de Linhares e o diretor do Ceresp foram substituídos e
o segundo escalão foi modificado. Mas, na avaliação dos deputados, o
sistema prisional de Juiz de Fora ainda precisa de mudanças. "A
situação é grave. É necessário um esforço de descentralização deste
sistema, com a distribuição dos presos para cadeias de outras
cidades", disse o deputado Luiz Tadeu Leite (PMDB). Para o deputado
Alberto Bejani (PFL), autor do requerimento que deu origem à
reunião, os presos que têm poder econômico superior aos demais e que
estiveram envolvidos com tráfico de drogas e assaltos a bancos
possuem ainda mais facilidade para deixar a prisão por meio de
acordos com autoridades.
A CPI ouviu, ainda, o delegado Eurico da Cunha Neto
e o promotor da Vara de Execuções Criminais, Otônio Ribeiro Furtado.
A situação do Ceresp de Juiz de Fora também foi discutida na
reunião. Segundo o ex-diretor da cadeia, além de falhas na estrutura
física e de superlotação das celas, faltam policiais. Atualmente, o
Ceresp conta com quatro policiais para vigiar 540 presos. De acordo
com o deputado Alberto Bejani (PFL), a previsão é de que o relatório
da CPI seja finalizado e entregue ao Ministério Público em junho.
Também participou da reunião da Comissão em Juiz de Fora o deputado
Irani Barbosa (PSD), autor do requerimento que deu origem à CPI do
Sistema Prisional.
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