Preso diz à CPI que pagou R$ 10 mil para sair da prisão

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Sistema Prisional obteve informações importantes que confirmam o esquema...

09/05/2002 - 17:41
 

Preso diz à CPI que pagou R$ 10 mil para sair da prisão

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Sistema Prisional obteve informações importantes que confirmam o esquema de corrupção nas cadeias de Juiz de Fora. A Comissão esteve naquela cidade nesta quarta-feira (8/5/2002) e ouviu o depoimento do detento Fabrício Luiz Guimarães, que afirma ter fugido da Penitenciária de Linhares, em Juiz de Fora, em agosto de 2000, com o consentimento do delegado Denilson Crosato dos Santos, a quem teria pago dez mil reais. Segundo Fabrício, a negociação foi feita através de seu advogado, identificado pelo detento como Marcos de Oliveira. O delegado Denilson negou as acusações. Segundo o deputado Alberto Bejani (PFL), a CPI vai localizar o advogado por intermédio da OAB, para realizar uma acareação.

Na reunião, a CPI também foi informada sobre a existência de uma central telefônica clandestina, que intermediava ligações de presos do Ceresp e da Penitenciária de Linhares para facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, e o Primeiro Comando Mineiro (PCM), de Belo Horizonte. "Além da deficiência estrutural das cadeias, há corrupção no sistema prisional de Juiz de Fora", afirmou o juiz da Vara de Execuções Criminais, José Armando Pinheiro da Silveira, convidado da Comissão, que revelou a existência da central telefônica.

Segundo José Armando, os dois diretores da Penitenciária de Linhares e o diretor do Ceresp foram substituídos e o segundo escalão foi modificado. Mas, na avaliação dos deputados, o sistema prisional de Juiz de Fora ainda precisa de mudanças. "A situação é grave. É necessário um esforço de descentralização deste sistema, com a distribuição dos presos para cadeias de outras cidades", disse o deputado Luiz Tadeu Leite (PMDB). Para o deputado Alberto Bejani (PFL), autor do requerimento que deu origem à reunião, os presos que têm poder econômico superior aos demais e que estiveram envolvidos com tráfico de drogas e assaltos a bancos possuem ainda mais facilidade para deixar a prisão por meio de acordos com autoridades.

A CPI ouviu, ainda, o delegado Eurico da Cunha Neto e o promotor da Vara de Execuções Criminais, Otônio Ribeiro Furtado. A situação do Ceresp de Juiz de Fora também foi discutida na reunião. Segundo o ex-diretor da cadeia, além de falhas na estrutura física e de superlotação das celas, faltam policiais. Atualmente, o Ceresp conta com quatro policiais para vigiar 540 presos. De acordo com o deputado Alberto Bejani (PFL), a previsão é de que o relatório da CPI seja finalizado e entregue ao Ministério Público em junho. Também participou da reunião da Comissão em Juiz de Fora o deputado Irani Barbosa (PSD), autor do requerimento que deu origem à CPI do Sistema Prisional.

 

 

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