Trabalhadores criticam falta de prevenção contra
silicose
A CPI da Mineração Morro Velho, da Assembléia
Legislativa de Minas Gerais, ouviu, nesta quinta-feira (9/5/2002),
duras críticas à empresa, feitas pelo assessor da diretoria da
Confederação Nacional dos Trabalhadores do Setor Mineral, Elder
Pacheco. Para ele, a Mineração Morro Velho "sempre foi escravocrata"
e não investe na prevenção contra a silicose. A Mineração Morro
Velho é operada pela AngloGold da América do Sul, empresa que está
entre os maiores produtores de ouro do mundo. "Estas empresas
estrangeiras exploram o nosso ouro, matam nossos trabalhadores e
deixam as cidades falidas. O coração desses empresários está no
bolso," disse Elder Pacheco.
O assessor técnico da Confederação, Giuseppe
Vicenzo de Lorenzo, falou sobre os coeficientes de Incapacidade
Parcial Permanente no Trabalho no Brasil, elaborados de 1995 a 1997.
De acordo com ele, as indústrias extrativas estão em primeiro lugar
no ranking, se comparadas com outras atividades econômicas,
como responsáveis pelos pedidos de auxílio-acidente, pensão por
morte, aposentadoria por invalidez e auxílio-doença. O assessor
mostrou aos deputados a seriedade da questão, confirmando que 70% do
trabalho extrativo em Minas Gerais, Estado responsável por 50% da
atividade no país, é terceirizado e informal e, portanto, não entra
nos dados estatísticos globais do governo federal.
Médico confirma registros de silicose
O pneumologista Geasy Xavier de Souza, da Santa
Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, disse que há seis meses não
aparecem casos de silicóticos em seu consultório, mas desmentiu a
Mineradora Morro Velho, que constatou a inexistência de casos nos
últimos cinco anos. "Houve uma melhora na mineração, mas os casos
não vão acabar. Os pacientes podem ter adquirido a doença no passado
e só agora sentirem os sintomas. Eles não foram monitorados em tempo
hábil", afirma o pneumologista. Ele ainda disse que 85% dos seus
pacientes, vindos de Nova Lima com sintomas de tosse e dores nos
membros inferiores, são silicóticos.
O deputado Doutor Vianna (PMDB), relator da CPI,
pediu ao médico que apresentasse o estudo completo de incidências da
doença em seus pacientes, nos últimos cinco anos. O deputado
lamentou a ausência, não justificada, do presidente da Federação
Estadual do Meio Ambiente (Feam), Ivan Borges Martins, e disse que a
CPI vai trabalhar para melhorar as condições das pessoas que
trabalham na mineração no Estado. O deputado Edson Rezende (PT)
disse que a CPI vai analisar melhor a situação das indenizações e da
fiscalização da atividade em Minas Gerais.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Eduardo Hermeto (PFL), presidente da CPI;
Eduardo Brandão (PL), vice-presidente; Edson Rezende (PT); Doutor
Viana (PMDB) e Hely Tarqüinio (PSDB); o assessor técnico da
Confederação Nacional dos Trabalhadores do Setor Mineral, Giuseppe
Vicenzo de Lorenzo; o assessor da diretoria da Confederação Nacional
dos Trabalhadores do Setor Mineral, Elder Pacheco; e o
pneumologista, Geasy Xavier de Souza.
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