Emater relata dificuldades com saída de técnicos
Depois de décadas de expansão de seus serviços e da
presença de seus técnicos nos municípios mineiros, a Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG)
começou a encolher. O apogeu foi atingido em 1999, quando tinha
escritórios em 750 municípios. Esse número caiu para 720 em 2001, e
continua diminuindo. O esvaziamento do indispensável trabalho dessa
empresa num Estado eminentemente agrícola como Minas foi
imediatamente percebido pelos produtores rurais, que transmitiram
sua preocupação aos deputados estaduais. Estes, por sua vez,
convidaram a diretoria da Emater para debater seus problemas na
Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial, na reunião desta
quarta-feira (8/5/2002).
O requerimento foi do deputado Márcio Kangussu
(PPS), acolhido pelo presidente da Comissão, deputado João Batista
de Oliveira (PDT). Participaram dos trabalhos também os deputados
Paulo Piau (PFL) e Jorge Eduardo de Oliveira (PMDB). O presidente da
Emater-MG, Antônio Lima Bandeira, fez-se acompanhar do diretor
técnico, Argileu Martins da Silva, do diretor de Promoção e
Articulação Institucional, João Batista Rezende, e do chefe de
gabinete, Benjamin Sales.
Na exposição preliminar, Bandeira mostrou a
importância agrícola de Minas, maior produtor nacional de leite e
derivados, de café, de batata e de reflorestamento, detentor do 2º
pólo bovino, de horticultura, ovos e feijão, 3º em banana, 4º em
carne bovina e suína, 5º em carne de frango e grãos. Para atender
esse universo de produção agrícola em contínua expansão, a empresa
tem hoje 1.274 técnicos. Só no ano passado, perdeu 130 por razões
salariais para outras instituições e para a iniciativa privada.
Neste ano, já são 26 os pedidos de demissão. Atualmente, tem 64
pedidos de novos escritórios, precisa repor 56 técnicos que se
aposentaram, necessita de 66 para expansão de equipes
subdimensionadas. Para manter o atendimento com um corpo técnico
desfalcado, a Emater está exigindo esforços excessivos de seus
agrônomos e técnicos rurais, fazendo atendimentos grupais e
comprometendo a qualidade do serviço.
"O risco que paira sobre a empresa é grave",
assegurou o presidente Antônio Bandeira. "Desde a extinção da
Embrater, no governo Collor, apenas em sete Estados a extensão rural
se mantém de pé, e Minas é um deles. As outras Emater se tornaram
meras agências distribuidoras de cestas básicas", disse.
A Emater de Minas, com uma política rigorosa de
controle de gastos, consegue equilibrar o seu próprio custeio, mas
depende do Governo para a folha de pagamento. Bandeira relatou os
esforços do secretário de Agricultura, Paulinho Cícero, junto ao
governador Itamar Franco, para abrir concurso para a contratação de
392 novos funcionários. O deputado Márcio Kangussu se prontificou a
se unir a esses esforços, por enxergar a ameaça à agricultura
familiar e à posição da produtividade mineira com a retração da
Emater. Anunciou que o dia 13 de maio será dia nacional de luta pela
extensão rural, e pediu que a Comissão envie um representante a
Brasília.
O deputado Paulo Piau afirmou que o setor
agropecuário deixou de ser prioridade nos últimos governos mineiros.
"Assim como foi um erro a extinção do IBC e da Embrater sem deixar
substitutos, vemos hoje a Ruralminas e o IMA gritarem por socorro, e
a Epamig está numa situação que a gente conhece bem", denunciou o
deputado. "Não podemos chegar ao absurdo de a Emater ter que cobrar
do pequeno produtor pela assistência", acrescentou.
Indagado pelo deputado Paulo Piau, o presidente da
Emater revelou que um agrônomo em início de carreira recebe R$
1.180,00, e um técnico rural R$ 780,00, o que os deixaria à mercê de
convites melhor remunerados. Encerrando a reunião, o deputado Jorge
Eduardo de Oliveira afirmou que "a Emater é a escola do pequeno
produtor. Graças a esses esforços, o Brasil tem capacidade de
produzir, sem subsídio, em condições de competir com os demais
países da Alca, que subsidiam seus produtores".
|