Rio Jequitinhonha e Irapé serão debatidos em Araçuaí

A próxima reunião de interiorização do Seminário Legislativo "Águas de Minas II" será em Araçuaí, nesta quinta-feira ...

03/05/2002 - 13:17
 

Rio Jequitinhonha e Irapé serão debatidos em Araçuaí

A próxima reunião de interiorização do Seminário Legislativo "Águas de Minas II" será em Araçuaí, nesta quinta-feira (9/5/2002), reunindo usuários da água, poder público e sociedade civil organizada das Bacias dos Rios Jequitinhonha e Pardo. Araçuaí está localizada em uma região de alta pobreza no Vale do Jequitinhonha, com índices pluviométricos e climáticos bastante problemáticos. Além de chover pouco, há grande evapotranspiração (fenônemo combinado de evaporação da água do solo e das superfícies líquidas, e de transpiração dos vegetais), com o conseqüente ressecamento da terra. Áreas com formação de crostas salinas atrapalham o desenvolvimento das culturas e, sem a cobertura vegetal necessária, a região acaba tendo, hoje, muitas áreas em processo de desertificação.

O Jequitinhonha é um dos rios mais atingidos por problemas ambientais no Estado de Minas. Assoreado, o rio tem água turva e amarelada, tendo em vista os materiais em suspensão em decorrência de atividades como garimpo e dragagem. Todas as cidades que estão às margens do Jequitinhonha lançam nele seus esgotos sem tratamento. Além dos problemas do rio, poderão ser discutidos no encontro em Araçuaí os efeitos ambientais e socioeconômicos da agricultura itinerante, um sistema de subsistência com emprego reduzido de tecnologia, característico das regiões de baixo índice de desenvolvimento. Nesse sistema, após a queimada da mata, se instala determinada lavoura, que, mal a terra apresenta sinais de esgotamento, é abandonada, e o lavrador parte à procura de nova área ainda inexplorada. A reunião em Araçuaí terá início às 9 horas, na Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) (rua Miguel Chalub, s/nº/Bairro Santa Tereza). O coordenador do encontro, que deverá durar o dia inteiro, é o deputado Fábio Avelar (PTB), vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente da Alemg.

A criação dos comitês de bacia hidrográfica também deverá ser outro ponto debatido no evento, já que um dos objetivos das reuniões de interiorização é estimular a participação social na gestão das águas. Em Minas, foram definidas 30 possibilidades de criação de comitês de bacia (pois pequenas bacias podem gerar um único comitê) e, desse total, 17 já foram aprovados, sendo 12 em funcionamento e outros cinco em estruturação. Os comitês, cuja função é deliberativa e normatizadora, são formados pelos usuários da água (indústrias, produtores rurais, companhias de abastecimento e usinas, entre outros), sociedade civil organizada e poder público. No evento serão eleitos, ainda, seis delegados que representarão, paritariamente, esses segmentos na plenária final, marcada para Belo Horizonte, entre os dias 1º e 3 de julho.

Municípios participantes - São 83 os municípios convidados a participar do evento em Araçuaí: Águas Vermelhas, Almenara, Angelândia, Araçuaí, Aricanduva, Bandeira, Berilo, Berizal, Botumirim, Cachoeira de Pajeú, Capelinha, Caraí, Carbonita, Chapada do Norte, Comercinho, Coronel Murta, Couto de Magalhães de Minas, Cristália, Curral de Dentro, Datas, Diamantina, Divisa Alegre, Divisópolis, Espinosa, Felício dos Santos, Felisburgo, Francisco Badaró, Fronteira dos Vales, Fruta de Leite, Grão-Mogol, Guaraciama, Indaiabira, Itacambira, Itamarandiba, Itaobim, Itinga, Jacinto, Jenipapo de Minas, Jequitinhonha, Joaíma, Jordânia, José Gonçalves de Minas, Josenópolis, Juramento, Leme do Prado, Malacacheta, Mata Verde, Medina, Minas Novas, Monte Formoso, Montezuma, Ninheira, Novo Cruzeiro, Novorizonte, Olhos-d'Água, Padre Carvalho, Padre Paraíso, Palmópolis, Pedra Azul, Ponto dos Volantes, Riacho dos Machados, Rio do Prado, Rio Pardo de Minas, Rio Vermelho, Rubelita, Rubim, Salinas, Salto da Divisa, Santa Cruz de Salinas, Santa Maria do Salto, Santo Antônio do Jacinto, Santo Antônio do Retiro, São Gonçalo do Rio Preto, São João do Paraíso, Senador Modestino Gonçalves, Serranópolis de Minas, Serro, Setubinha, Taiobeiras, Turmalina, Vargem Grande do Rio Pardo, Veredinha e Virgem da Lapa.

SITUAÇÃO DE IRAPÉ TAMBÉM DEVERÁ SER DISCUTIDA EM ARAÇUAÍ

A construção da Usina Hidrelétrica de Irapé também poderá ser discutida em Araçuaí. Da usina (na qualidade de usuária) deverá ser cobrada uma taxa pelo uso da água. A cobrança, que já começa a se tornar realidade na Bacia do Rio Paraíba do Sul, é o fator de sustentabilidade financeira dos comitês de bacia hidrográfica. A usina de Irapé terá capacidade de 360 MW e exigirá investimentos de cerca de R$ 500 milhões. As obras civis deverão ser iniciadas este ano, com prazo de 36 meses para término. Durante sua construção, Irapé deverá gerar cerca de 6,8 mil empregos diretos. De acordo com a Cemig, além de melhorar o nível de tensão da energia para a região, Irapé ampliará a oferta de energia e vai regularizar o rio Jequitinhonha, permitindo o abastecimento de vários municípios na área de influência do reservatório e abaixo da barragem.

Várias reuniões de comissões aconteceram na Assembléia Legislativa para discutir a construção da usina. Um problema evidenciado nesses debates foi o do reassentamento, sendo conflitante até mesmo o número de pessoas a serem transferidas. Em coletiva concedida recentemente, representantes da Associação dos Atingidos pela Barragem de Irapé criticaram a falta de ação concreta de reassentamento para as famílias - seriam 850 de sete municípios. Foi decidida a desapropriação de terras para o assentamento de 754 famílias residentes na área que será afetada pela construção da hidrelétrica, segundo informa o Executivo. As áreas desapropriadas para os assentamentos localizam-se nos municípios de Berilo, Cristália, José Gonçalves de Minas, Leme do Prado, Turmalina e Veredinha. Já a liberação da licença ambiental para as obras foi dada pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) em 26 de abril. Essa liberação está condicionada a um termo de ajustamento de conduta em que a Cemig terá que cumprir determinadas exigências em 30 dias, entre elas apresentar uma solução para o reassentamento dos atingidos.

PROGRAMAÇÃO PREVISTA DO ENCONTRO

9 horas: abertura pelo coordenador, deputado Fábio Avelar (PTB)

9h30 às 10 horas: apresentação da dinâmica do seminário

10 horas à 10h30: exposição: "Aspectos fundamentais das políticas de recursos hídricos"

10h30 às 12 horas: grupos de Trabalho - leitura e discussão das propostas das Comissões Técnicas Interinstitucionais (CTIs): "Gestão das Águas", "Agência de Bacia" e "Gerenciamento das Águas: Instrumentos"

12 horas às 13h30: almoço

13h30 às 15 horas: grupos de Trabalho: consolidação das propostas a serem apresentadas aos relatórios das CTIs

15 às 17 horas: apresentação dos trabalhos de grupo

Metas gerais - As metas gerais do Seminário Legislativo "Águas de Minas II" são avaliar a implantação das políticas estadual e federal de recursos hídricos e a adoção de seus institutos e instrumentos de gestão; e obter subsídios para a elaboração de leis. O primeiro evento sobre o tema aconteceu em 1993. Em 1999, os seminários passaram por um processo de interiorização, com encontros prévios nas diversas regiões mineiras, antes da plenária, em Belo Horizonte. Na plenária final do seminário das águas, marcada para os dias 1º a 3 de julho, no Plenário da Alemg, serão ministradas palestras por representantes dos segmentos envolvidos com o tema abordado; haverá discussões em grupos de trabalho específicos e, em seguida, a votação de um documento que subsidiará ações legislativas e executivas, entre outras

 

 

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