Ex-funcionários de Usina podem ficar sem pagamento de direitos trabalhistas

A Comissão de Trabalho, Previdência e Ação Social irá formar um grupo de trabalho em parceria com a Câmara Municipal ...

24/04/2002 - 18:13
 

Ex-funcionários de Usina podem ficar sem pagamento de direitos trabalhistas

A Comissão de Trabalho, Previdência e Ação Social irá formar um grupo de trabalho em parceria com a Câmara Municipal de Itabirito e ex-trabalhadores da Usina Queiroz Júnior S.A., para agilizar o processo que diz respeito ao pagamento dos direitos trabalhistas dos funcionários que trabalhavam na empresa quando foi decretada sua falência, em 1991. A informação é do deputado Edson Rezende (PT), vice-presidente da Comissão, que discutiu a questão, durante audiência pública realizada na terça-feira (23/4/2002), em Itabirito, cidade onde estava localizada a Usina. O deputado afirmou que vai pedir apoio do Ministério Público para a agilização do processo e relatou que a Comissão irá ouvir ex-trabalhadores, a fim de apurar melhor o caso.

Falência da Usina - A falência da Usina Queiroz Júnior foi decretada em 1991 e, até o momento, os 700 funcionários que trabalhavam na empresa receberam apenas 37% dos seus direitos trabalhistas. Há 11 anos, os ex-funcionários entraram com um processo exigindo o pagamento dos créditos, mas nada foi resolvido até então. Estima-se que a dívida esteja na ordem de R$ 24 milhões. A Usina era considerada uma das maiores produtoras de ferro do País.

De acordo com o vereador de Itabirito, Rildo Xavier de Morais (PT), a transparência do processo vem sendo reivindicada há vários anos pela comunidade local. Ele disse que a formação desse grupo de trabalho com a Comissão de Trabalho, Previdência e da Ação Social da Assembléia pode ser o caminho para a solução da questão. Rildo Xavier também contou que vários ex-funcionários estão passando dificuldades financeiras e alguns até se tornaram alcoólatras, por terem seus direitos trabalhistas perdidos.

Novas denúncias e pagamento da dívida - O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Itabirito enviou uma carta à Comissão afirmando que o processo de venda da Usina Queiroz Júnior também é alvo de suspeita. Segundo a correspondência, a empresa teria sido vendida por US$ 2,5 milhões, valor aquém do estimado pelo mercado. A carta também acusava os antigos donos da usina de terem aberto uma outra empresa, a Esperança S.A.

Os deputados mostraram-se indignados diante das denúncias e afirmaram que as investigações devem ser aprofundadas. "Infelizmente, essa questão de falência, no Brasil, tornou-se um absurdo. São falências forjadas", declarou o deputado Rogério Correia (PT). Ele explicou que quando os donos de empresas percebem que a situação financeira do empreendimento está ruim, repassam isso para uma outra empresa, mas com a manutenção do proprietário. De acordo com o deputado, a manobra possibilita que os empresários conservem um padrão alto de vida e não revertam os bens da empresa "falida" para os ex-trabalhadores. Rogério Correia sugeriu que a Comissão faça um levantamento de bens dos antigos proprietários, para que se possa exigir na Justiça que eles sejam revertidos aos funcionários. "Os antigos donos da Usina estão, literalmente, dando o cano nos trabalhadores", disse.

O síndico da massa falida, que é quem administra o processo de falência, Sebastião Rodrigues da Costa, afirmou que a quitação total da dívida não será possível de ser efetivada. Segundo ele, a empresa está com três patrimônios sob responsabilidade da Justiça, que, se forem leiloados, corresponderão ao pagamento apenas de uma parcela dos créditos dos trabalhadores.

Presença - Participaram da audiência pública os deputados Edson Rezende (PT), vice-presidente da Comissão, Rogério Correia (PT) e Alencar da Silveira Júnior (PDT). A reunião também contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Itabirito, vereador José Maria Gonçalves; do vereador Rildo Xavier de Morais, do representante do Ministério Público do Estado, promotor Ricardo Souza Rodrigues; do síndico do Sindicato da Massa Falida, Sebastião Rodrigues da Costa; do proprietário da V.D.L. Siderurgia Ltda, Jairo Luiz Lessa; e de diversos ex-trabalhadores da Usina Queiroz Júnior S.A.

 

 

 

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