Terceirização é foco de debate na CPI das Carvoarias

O processo de terceirização foi novamente apontado por representantes sindicais como o grande responsável pela precar...

23/04/2002 - 15:19
 

Terceirização é foco de debate na CPI das Carvoarias

O processo de terceirização foi novamente apontado por representantes sindicais como o grande responsável pela precarização das condições de trabalho na indústria extrativa de Minas Gerais. Os sindicalistas foram ouvidos nesta terça-feira (23/4/2002) pela CPI das Carvoarias. Para o secretário de Saúde de Itamarandiba e ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Extração de Madeira e Lenha de Itamarandiba e Turmalina, Gabriel de Fátima Santos, o resultado da terceirização no setor é maléfico e as grandes empresas, proprietárias das terras, deveriam se responsabilizar pelos trabalhadores. "É preciso resgatar e respeitar o direito do trabalhador para que a terra cumpra a sua função social", disse.

Contraponto - Segundo o deputado Ermano Batista (PSDB), o processo de terceirização é importante tanto para o serviço público quanto para a iniciativa privada e não pode ser visto, apenas, como vilão. "A terceirização não é um mal, mas deve, sim, ser melhorada e aperfeiçoada, inclusive no que se refere à assistência aos seus funcionários", comentou. Para o deputado Márcio Cunha (PMDB), a situação do trabalhador só irá melhorar se houver evolução em toda a cadeia produtiva.

DIRETOR CONDENA SUBNOTIFICAÇÃO

O diretor de Segurança e Saúde da Confederação Nacional do Trabalhador do Setor Mineral, José Carlos Vale, disse que a realidade da mineração no País é desconhecida. De acordo com ele, a mineração foi a atividade que mais matou, mutilou e agravou a saúde dos trabalhadores, desde 1997. "A atividade foi a campeã de concessões beneficiárias da Previdência Social, seja por invalidez permanente, parcial ou por morte. Apenas 10% dos trabalhadores do setor possuem registro em carteira e 70% possuem algum tipo de moléstia ocupacional", declarou. O diretor também criticou o efetivo de menos de 1% do Ministério do Trabalho destinado à fiscalização das atividades mineradoras.

José Carlos Vale disse que os empregados ficam cerca de oito anos nas mineradoras e, depois, são demitidos com atestados de aptidão ao exercício das atividades. "Eles não são informados dos problemas de saúde e, depois, não conseguem emprego em outra mineradora, pois ninguém contrata doentes. Os trabalhadores acabam se tornando excluídos", comentou. Para o diretor, o aumento da alíquota do seguro acidente mascara a situação real e as grandes empresas ocultam os acidentes de trabalho por meio da terceirização. "Faltam políticas no setor empresarial que levem em conta a saúde do trabalhador. A mineração pode ser feita com responsabilidade", concluiu.

MERCADO INTERNACIONAL INFLUI NAS CONDIÇÕES DE TRABALHO

O presidente do Sindicato das Indústrias Extrativas no Estado de Minas Gerais (Sindextra) e da Câmara da Indústria Mineral da Fiemg, José Fernando Coura, disse que a conjuntura internacional influi nas condições de trabalho de toda a cadeia produtiva. "O preço do aço é determinado pelo mercado internacional, que sempre nos foi desfavorável. Preço ruim gera remuneração ruim para empresas e trabalhadores e condições de trabalho ruins, em toda a cadeia produtiva", comentou. O presidente do Sindextra criticou as barreiras de proteção comercial impostas pelos EUA e pela União Européia.

"Não aceitamos a precarização do trabalho nas minas, carvoarias e siderúrgicas e nem o aviltamento dos salários", afirmou José Fernando Coura. Segundo ele, é preciso traçar políticas públicas para a cadeia produtiva do aço, como uma política externa com ênfase na área de comércio do aço e derivados. "Também precisamos de políticas de transporte multimodal; mineral, com ênfase para a mineração social; vegetal, com ênfase para a valorização da biomassa; siderúrgica, com ênfase para produção não integrada de ferro-gusa; florestal de produção de aço ecológico; e política de co-geração de energia elétrica na fabricação do ferro-gusa e aço", declarou.

Contrato - O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) criticou, na reunião da CPI, a decisão da Assembléia de não renovar o contrato do consultor João Paulo Pires Vasconcelos, que acompanhava os trabalhos da Comissão. O consultor ficou sem contrato a partir da prorrogação dos trabalhos da CPI. "É inaceitável", afirmou.

A Comissão Parlamentar de Inquérito das Carvoarias foi instalada a requerimento do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PPB) e outros, para investigar as condições de trabalho dos profissionais que atuam na indústria extrativa do Estado.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Adelmo Carneiro Leão (PT), presidente da CPI; Elbe Brandão (PSDB), relatora; Márcio Cunha (PMDB); Bilac Pinto (PFL); Dalmo Ribeiro Silva (PPB); e Ermano Batista (PSDB). Compôs, ainda, a mesa dos trabalhos o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Extração de Madeira e Lenha de Itamarandiba e Turmalina, Jacinto Roque Santos.

 

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715