Cemig não vem a debate sobre centralização de atendimento
Os vereadores da cidade de Ipatinga pediram uma
ação mais enérgica da Assembléia Legislativa para obter informações
sobre a política da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) de
centralização das suas agências de atendimento. Eles participaram de
uma audiência pública na Comissão do Trabalho, da Previdência e da
Ação Social, realizada nesta quinta-feira (18/4/2002), a pedido do
deputado Ivo José (PT), com o objetivo de debater a transferência do
escritório regional da Cemig de Ipatinga para Governador Valadares,
mas os representantes da empresa, também convidados, não
compareceram..
Os vereadores lamentaram a ausência da Cemig e
relataram que, em outras oportunidades, a Câmara Municipal de
Ipatinga tentou realizar uma audiência pública, com essa mesma
finalidade, mas não obteve êxito. "Chegamos a ter uma resposta
afirmativa da empresa, mas, uns dias depois, um funcionário da Cemig
procurou-nos e propôs de fazermos uma reunião fechada, só com a
participação dos 19 vereadores e os representantes da Cemig. Não
pudemos aceitar, pois este é um assunto que interessa toda a
cidade", afirmou Eli Rodrigues.
Segundo o deputado Ivo José (PT), a medida que está
sendo tomada agora pela empresa é a de transferência da Central de
Arrecadação e Faturamento de Ipatinga, que mantém 17 frentes de
serviços, como de negociações, reclamações e de atendimento à
empresas, para a cidade de Governador Valadares. "Além do cliente
sair prejudicado, há uma lista de 50 trabalhadores que poderão ser
deslocados", ressaltou o deputado, afirmando que Ipatinga é uma
cidade estratégica na região do Vale do Aço, onde residem
aproximadamente 600 mil pessoas. Atualmente o escritório de Ipatinga
recebe cerca de 250 solicitações diárias, atendendo 32 municípios
vizinhos.
O coordenador do Sindicato dos Eletricitários
(Sindieletro), Marcelo Correia, que também participou da reunião,
disse que a política de centralização das agências de atendimento
começou em setembro de 2001, com a unificação da região oeste no
município de Divinópolis. Segundo Correia, o planejamento da Cemig
prevê, ainda, a redução das 120 agências de atendimento hoje
existentes para 8, além do corte de 50 para 18 das regionais que
cuidam da manutenção do sistema. Ele informou que em fevereiro deste
ano 303 funcionários foram transferidos de cidades, gerando uma
situação de instabilidade para o trabalhador.
O deputado Ivo José (PT) e o sindicalista Marcelo
Correia lamentaram a ausência da Cemig no debate. "É uma decepção a
Cemig não estar presente", manifestou Correia, defendendo que a
empresa deveria abrir uma negociação com os trabalhadores. O
vice-prefeito de Ipatinga, Vinícius Varela, observou que, "na
justificativa da sua ausência, a Cemig confirmou que a unidade de
Ipatinga é estratégica para o atendimento dos clientes", e
questionou o porquê da decisão da empresa de centralizar os serviços
em Governador Valadares, que tem um faturamento 40% menor do que o
arrecadado em Ipatinga.
Terceirização - De acordo
com dados do Sindieletro, a Cemig já perdeu mais de R$ 5 milhões com
a terceirização das leituras dos registros. "Nos balanços de 1999,
2000 e 2001 destaca-se o crescimento das despesas de
operacionalização dos serviços, por causa da centralização", afirmou
o coordenador do Sindicato. Correia disse, ainda, que a manutenção
de uma agência de atendimento para cada município é uma determinação
da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). "A Cemig está
agindo em direção oposta", advertiu o coordenador do Sindieletro,
lembrando que o governador Itamar Franco tem um compromisso com os
funcionários da Cemig.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Djalma Diniz (PSDB), que presidiu a reunião,
Gil Pereira (PPB) e Ivo José (PT), além do vice-prefieto de
Ipatinga, Vinícius Varela de Souza, dos vereadores daquele
município, Robson Gomes da Silva, Eli Rodrigues e Benigno Leite e do
representante do Sindieletro Marcelo Correia Moura Batista.
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