Projeto que estrutura carreira dos servidores da Educação recebe
parecer favorável
A Comissão de Fiscalização Financeira e
Orçamentária aprovou, nesta quarta-feira (17/04/2002), parecer
favorável, de 1º turno, ao Projeto de Lei (PL) 1.372/2001, de
autoria do deputado Rogério Correia (PT), que estrutura a Carreira
do Pessoal da Educação. O relator, deputado Antônio Carlos Andrada
(PSDB), que opinou pela aprovação do projeto na forma proposta,
lamentou a ausência dos representantes do governo, convidados a
participar da reunião, junto com os representantes dos servidores da
Educação, para debater o projeto. A ausência fez com que fosse
cancelado o debate, impedindo o avanço das negociações em torno da
definição de uma proposta de consenso para o plano de carreira dos
servidores da Educação.
Antônio Carlos Andrada ressaltou a importância da
proposição apresentada pelo deputado Rogério Correia classificando-a
como uma questão que extrapola as discussões partidárias e
polarizadas, entre oposição e governo, pois trata-se de uma questão
de interesse do Estado. "Foi por esse motivo que apresentei um
requerimento nesta Comissão para debater o PL 1.372/2001, em
audiência pública, democraticamente, e antes de apresentar o meu
parecer. Mas diante da ausência dos secretários de Estado da
Educação, de Recursos Humanos e Administração e da Fazenda e mesmo
de seus assessores, que poderiam ter sido enviados como
representantes da pasta, o mais adequado, agora, é permitir a
continuidade da tramitação do projeto, com a aprovação deste
parecer" - defendeu o deputado, antes da votação do seu
relatório.
O debate sobre o PL 1.372/2001 estava previsto para
acontecer durante a reunião desta quarta-feira, da Comissão de
Fiscalização Financeira e Orçamentária, com a participação dos
secretários da Educação, Murílio Hingel, e de Recursos Humanos e
Administração, Mauro Santos Ferreira, que não justificaram a
ausência, além do secretário da Fazenda, José Augusto Trópia Reis,
que enviou correspondência ao presidente da Comissão, deputado Mauro
Lobo (PSB), se desculpando, pelo fato de estar envolvido nas
negociações da dívida do Estado com a União. Apenas o representante
dos professores, o coordenador-geral do Sind-UTE, Antônio Carlos
Hilário, esteve presente e manifestou sua preocupação com as
conseqüências da falta de um plano de carreira dos servidores da
Educação, para a sociedade.
Negociações - O deputado
Rogério Correia (PT), autor do projeto, também lamentou o
cancelamento do debate, que iria permitir avançar na negociação de
uma proposta de consenso entre os servidores e o Executivo. O
deputado fez um relato histórico sobre as discussões em torno da
instituição de um plano de carreira para os servidores da Educação.
Ele lembrou que, no ano de 2000, a Assembléia Legislativa aprovou o
Projeto de Resolução 916/2000, delegando ao governador do Estado a
atribuição para elaborar leis destinadas a proceder a revisão da
remuneração dos servidores públicos estaduais e à reestruturação de
carreiras e de quadros de pessoal da administração direta e
indireta.
"Naquela época - disse ele - foi acordado que a
Secretaria de Estado da Educação concluiria uma proposta para ser
apresentada aos servidores. Não havia sequer a necessidade de
encaminhá-la ao Legislativo, pois a delegação já havia sido
aprovada. Mas, até hoje, isso não aconteceu e, por essa razão,
tomamos a iniciativa de apresentar o projeto para motivar a retomada
da discussão sobre essa proposta." Segundo o deputado, o maior
obstáculo, que impede o avanço das negociações, não estaria na
Secretaria da Educação, conforme pôde constatar nos encontros que
teve com o secretário, mas na falta do aval das áreas financeira e
de administração do Executivo.
Plenário - Diante deste
impasse, o deputado defendeu que é preciso pressionar o Executivo
para retomar as conversações em torno de uma proposta. Ele observou
que a continuidade da tramitação do PL 1.372/2001 é uma forma de
incentivar o debate, mas não a garantia de que o plano será adotado,
pois o governador ainda dispõe do poder de vetar a proposição
aprovada pelo Legislativo. Para ele, a negociação é o melhor
caminho. Se não for possível, será preciso mobilizar as forças
políticas da sociedade e do Legislativo para garantir a derrubada de
um possível veto do governador.
O deputado Mauro Lobo (PSB), presidente da
Comissão, também falou sobre a importância do PL 1.372/2001 para
garantir a melhoria da qualidade do ensino nas escolas públicas.
"Não devemos, por exemplo, defender reserva de vagas em
universidades públicas para estudantes vindos de escolas públicas,
mas lutar para que essa escola seja capaz de oferecer a seus
estudantes um ensino de qualidade, que dê a eles a oportunidade de
disputar essa vaga em condições iguais e até melhores do que a dos
alunos das escolas privadas"- afirmou o deputado. O parecer sobre o
PL 1.372/2001 foi aprovado na reunião e o projeto está pronto para
ser analisado pelo Plenário, em 1º turno.
Aumento do efetivo da PMMG é medida importante para
conter a violência
Foi aprovado também, na Comissão de Fiscalização
Financeira e Orçamentária, o parecer de 1º turno favorável ao PL
1.764/2001, de autoria do governador, que fixa o efetivo da Polícia
Militar do Estado de Minas Gerais, adaptando seus quadros à situação
criada pela saída dos integrantes do Corpo de Bombeiros e
aumentando, até 2006, o número de militares na ativa de modo a
alcançar o índice de um policial por 400 habitantes.
O relator, deputado Ivair Nogueira (PMDB),
ponderou, no seu parecer, que a proposição se apresenta hoje mais
como um ato de planejamento das futuras condições de atuação da PM,
escalonando as necessidades de pessoal previstas para a corporação
pelos próximos seis anos. E, nisso, reside a importância da sua
aprovação. Assim, mesmo que o projeto represente, potencialmente, um
expressivo aumento de despesas, os cargos nele previstos só serão
providos quando a situação financeira do Estado assim o permitir,
como determina a Lei de Responsabilidade Fiscal.
No seu relatório, o deputado Ivair Nogueira fez
também uma avaliação do número de policiais por habitante fixado no
projeto, analisando alguns dos critérios adotados mundialmente para
construção desse indicador e avaliando, ainda, se os custos do
aumento do policiamento ostensivo são compensados pela diminuição da
insegurança dos cidadãos e dos custos provocados pela violência.
Segundo os estudos disponíveis, esse número ótimo, de policiais por
habitante, depende do tipo de criminalidade existente, do tipo de
policiamento, da percepção popular da violência, dos recursos
existentes e da densidade demográfica local, entre outros
fatores.
"No entanto, segundo dados recolhidos pela
Organização das Nações Unidas relativos a 50 países, entre 1994 e
1997, vemos que a média mundial é de 340 policiais para cada 100 mil
habitantes, ou seja, um policial para cada 294 habitantes. De acordo
com a ONU, o Brasil está abaixo da média, com cerca de 278 policiais
por 100 mil habitantes ou um policial para cada 359 habitantes,
incluindo-se aí as policias civil e militar e o corpo de bombeiros"
- ressaltou o relator.
Quanto à Polícia Militar, o relator destacou que,
no Brasil, existem números que vão de um policial militar por 776
habitantes, no Maranhão, a um militar por 140 habitantes, no
Distrito Federal. Na sua avaliação, a meta estabelecida pela Polícia
Militar é, no contexto brasileiro, modesta, principalmente quando se
considera a tendência expressiva de crescimento dos crimes violentos
no Estado, como indicam as pesquisas da Fundação João Pinheiro e da
UFMG.
Custo da violência - O
deputado Ivair Nogueira citou ainda pesquisa feita pelo Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID), estimando que a violência
custa ao Brasil 10,5% do PIB nacional. O economista Ib Teixeira, da
Fundação Getúlio Vargas, calcula em US$ 60 milhões o valor gasto ou
perdido, ou 8% do PIB. "Para o poder público, portanto, a segurança
se converteu num dos maiores itens orçamentários e em objeto de
preocupação prioritária. A cada ano, a população exige mais
policiais, mais viaturas e armas, novos presídios, mais juízes,
promotores, rádiocomunicadores, computadores e outros itens" - citou
o relator.
Em Minas, a Polícia Militar já representa 19,1% do
total da folha de pagamentos do Estado. De acordo com os cálculos
encaminhados pela PMMG, a aprovação do projeto resultaria em um
aumento dos custos de pessoal de R$ 146.014,00 por mês, se for
considerado que todos os cargos criados serão preenchidos. No ano de
2002, o aumento totalizaria R$ 1.314.126,00.
Mesmo com este impacto e considerando o fato de os
custos da violência em Minas não terem ainda sido calculados, o
relator opinou favoravelmente ao projeto, baseando-se na lição
contida em estudo do BID, que recomenda medidas de redução da
violência que hoje "impede o desenvolvimento econômico". Segundo o
deputado, "a ampliação do efetivo da PMMG contribuirá para facilitar
a implementação, no momento adequado, das necessárias medidas de
prevenção à criminalidade". O parecer aprovado foi favorável ao
projeto com as emendas de 1 a 5 da Comissão de Administração
Pública.
Comissão analisa projeto que cria o Programa Vida
em Família
A Comissão de Fiscalização Financeira e
Orçamentária aprovou também o parecer de 1º turno, do deputado Ivair
Nogueira (PMDB), favorável ao Projeto de Lei Complementar (PLC)
46/2001, de autoria do deputado João Leite (PSB), que autoriza o
Poder Executivo a criar o Programa Vida em Família. O relator opinou
pela aprovação da proposição na forma do substitutivo nº 1, da
Comissão de Constituição e Justiça.
O parecer favorável de 1º turno, de autoria do
deputado Antônio Carlos Andrada (PSDB), sobre o PL 1.844/2001, da
deputada Maria José Haueisen (PT), também foi aprovado pela
Comissão. O projeto introduz alterações na Lei 13.188/99, visando
garantir à pessoa vítima de violência sexual o direito aos exames
médicos periciais que se fizerem necessários e à assistência médica
e psicológica, em hospital conveniado com o poder público, bem como
o transporte especial descaracterizado, da delegacia policial ao
hospital conveniado e do hospital à delegacia ou a outro local
indicado pela vítima.
Foi aprovado ainda, do deputado Dilzon Melo (PTB),
o parecer favorável, de 1º turno, ao PL 2.017/2002, de autoria do
deputado Antônio Júlio (PMDB), que autoriza o Poder Executivo a doar
imóvel ao Município de Luz.
Adiada apreciação de cinco pareceres
A pedido do deputado Rêmolo Aloise (PFL), foi
adiada a discussão do parecer de dois projetos que tramitam em 1º
turno: o PL 971/2000, de autoria do deputado Fábio Avelar (PTB), que
dispõe sobre a concessão de incentivo fiscal às empresas que
contratem empregados com idade entre 16 e 18 anos; e o PL
1.833/2001, do deputado Ivair Nogueira (PMDB), que dispõe sobre a o
Programa Estadual de Inspeção e Manutenção de Emissão de Poluentes e
Ruídos produzidos por veículos automotores em uso.
Também a pedido do deputado Rêmolo Aloise (PFL),
foi concedida vista do parecer de 1º turno, de autoria do deputado
Ivair Nogueira (PMDB), sobre o PL 926/2001, do governador do Estado,
que autoriza o Poder Executivo a contratar empréstimo com o Banco
Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), destinado
ao Projeto de Combate à Pobreza Rural da Região Mineira do Nordeste
(PCPR).
A pedido do deputado Dilzon Melo (PTB), foi
retirado de pauta o PL 1.015/2000, de autoria do deputado Arlen
Santiago (PTB), que autoriza doação de imóvel ao Conselho de
Desenvolvimento Comunitário do Município de Buritizeiro. Também a
pedido do deputado Dilzon Melo (PTB), foi concedida vista do parecer
de 1º turno, de autoria do deputado Ivair Nogueira (PMDB), sobre o
PL 460/2001, do deputado Pastor George (PL), que estabelece medida
disciplinar no processo de automação nas empresas do sistema
produtivo, financeiro e comercial do Estado de Minas Gerais.
Atendendo ainda a pedido do deputado Ivair Nogueira
(PMDB), o presidente da Comissão, deputado Mauro Lobo (PSB),
concedeu vista do parecer de 1º turno, de autoria do deputado Rêmolo
Aloise (PFL), sobre o PL 889/2001, que altera legislação que dispõe
sobre o pagamento pelo Estado de honorários a advogados não-defensor
público, nomeado para defender réu pobre.
Presenças - Participaram da
reunião, que foi acompanhada por professores da rede estadual de
ensino, os deputados Mauro Lobo (PSB), presidente da Comissão, Ivair
Nogueira (PMDB), Antônio Carlos Andrada (PSDB), Dilzon Melo (PTB),
Luiz Fernando Faria (PPB), Rêmolo Aloise (PFL), Fábio Avelar (PTB) e
Rogério Correia (PT).
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