Servidores da DRT fazem manifestação contra exoneração

Servidores e auditores fiscais da Delegacia Regional do Trabalho (DRT-MG) e representantes de diversas entidades sind...

16/04/2002 - 16:35
 

Servidores da DRT fazem manifestação contra exoneração

Servidores e auditores fiscais da Delegacia Regional do Trabalho (DRT-MG) e representantes de diversas entidades sindicais lotaram o Auditório da Assembléia para manifestarem repúdio contra a possível exoneração do delegado regional do Trabalho em Minas Gerais, Wellington Gaia. A manifestação aconteceu nesta terça-feira (16/4/2002), durante a reunião da CPI das Carvoarias. Segundo o presidente da Associação dos Agentes da Inspeção do Trabalho de Minas Gerais (AAIT/MG), Fahid Tahan Sab, empresários ligados ao setor industrial e carvoeiro estariam pedindo a imediata substituição do delegado, como retaliação por terem se sentido prejudicados, em razão da fiscalização realizada nas carvoarias do Estado.

O relatório da ação fiscalizatória, realizada em março e abril, apontou diversas irregularidades no processo produtivo e constatou que cerca de 12 mil trabalhadores se encontravam em situação de registro irregular. A operação fiscal teve a participação de 40 auditores fiscais do Trabalho e foi acompanhada por membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Carvoarias e representantes do Ministério Público do Trabalho. A CPI aprovou requerimento da deputada Elbe Brandão (PSDB) no sentido de se enviar ao ministro de Estado do Trabalho e do Emprego, Paulo Jobim Filho, um manifesto de desagravo contra a possível exoneração do delegado Wellington Gaia, bem como a exigência de sua permanência no cargo.

Indignação - Segundo a subdelegada do Trabalho em Betim, Valéria Guerra Mendes, a indignação com essa situação vem de todo o corpo fiscal. "Não se trata só de defender o Wellington, mas sim, de defender a isenção na fiscalização e a própria instituição, para que possa seguir com suas obrigações institucionais", declarou. O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) disse que Minas não aceitará essa ingerência. De acordo com ele, a interferência na estrutura legítima da DRT visa o enfraquecimento da instituição, para sustentar o absurdo que ocorre nas carvoarias do Estado. Para o deputado Márcio Cunha (PMDB), o respeito à autonomia dos Poderes é o alicerce da democracia. "Não podemos aceitar essa interferência política", afirmou.

Fiscais apontam terceirização ilegal na região de Curvelo

Valéria Guerra Mendes apresentou à CPI as irregularidades encontradas na fiscalização feita na região de Curvelo. Segundo ela, os problemas são reflexo da terceirização ilícita realizada pelas grandes empresas. A subdelegada informou que foram detectadas irregularidades relativas ao transporte dos trabalhadores, aos equipamentos de proteção individual e, principalmente, no que se refere às condições sanitárias. "Notificamos as empresas para fornecerem veículos adequados de transporte e uniforme aos funcionários. Foi verificado que os alojamentos não possuem locais adequados para refeições e, em alguns casos, nem água potável. Valéria Guerra disse que houve notificações sobre as instalações sanitárias e também sobre a ausência de treinamento adequado para os trabalhadores que utilizam motosserra.

"As grandes empresas se eximem das responsabilidades trabalhistas por meio da terceirização, que é um artifício de redução de custos. Tanto é que as contratantes exercem controle total sobre a produção", afirmou o auditor fiscal Luiz Fernando Duque de Souza, do Ministério do Trabalho. De acordo com ele, os trabalhadores recebem por produção e possuem registrado na carteira de trabalho o salário mínimo, sendo prejudicados no recolhimento do FGTS. Luiz Fernando Souza disse que esse sistema de remuneração também leva ao excesso de jornada de trabalho. Segundo o auditor, a terceirização dificulta a fiscalização, pois muitas empresas desaparecem da noite para o dia. "A fiscalização foi uma experiência muito triste e fiquei estarrecido com as condições de trabalho", concluiu.

Para o deputado Fábio Avelar (PTB), o grande entrave da questão está na indefinição sobre a legalidade do processo de terceirização, bem como no conceito de atividade meio e atividade fim da empresa. Luiz Fernando Duque falou que a terceirização da atividade fim da empresa é ilegal. Segundo ele, a definição dessa atividade foi feita com base no contrato social das empresas.

Empresas expõem situação

O gerente florestal da Gerdau S/A, Luiz Ângelo Coelho, informou que as notificações feitas pelo Ministério do Trabalho foram, ou estão sendo, corrigidas. "A empresa tenta fiscalizar as terceirizadas. Foi criada uma comissão interna para providenciar os reparos necessários. O Direito do Trabalho e a legalidade são exigências internas", comentou. O gerente disse que o carvão vegetal não é a principal matéria-prima utilizada e não representa nem 1% da atividade econômica da empresa.

O engenheiro agrônomo e superintendente da Plantar S/A, Marcos Antônio Tavares de Deus, disse que o carro-chefe é da empresa é a prestação de serviços no setor florestal. De acordo com eles, os funcionários são transportados por veículos vistoriados pelo DER e recebem uniforme para trabalhar. Para o engenheiro, a terceirização não é uma atividade ilícita. Marcos Antônio Tavares informou que 20% dos empregados dormem em alojamentos nas carvoarias e reconheceu falhas nas instalações em alguns desses alojamentos.

O superintendente da Companhia Setelagoana de Siderurgia (Cossisa), Carlos Maurício Vasconcelos, disse que a terceirização é necessária por se tratar de um serviço de grande porte, cuja administração em campo é inviável. Segundo ele, a empresa oferece condições razoáveis aos trabalhadores terceirizados. "As questões apontadas nas notificações do Ministério do Trabalho estão sendo solucionadas", comentou.

A CPI das Carvoarias foi criada, a pedido do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PPB), para investigar as condições de trabalho dos profissionais que atuam na indústria extrativa do Estado.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Adelmo Carneiro Leão (PT), presidente da CPI; Fábio Avelar (PTB), vice-presidente; Elbe Brandão (PSDB), relatora; Bilac Pinto (PFL); Márcio Cunha (PMDB); e Marco Regis (PL).

 

 

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