Reunião em Lagoa Santa abre Seminário Águas de Minas II

Cerca de 130 pessoas, de 18 municípios que fazem parte da Bacia do Rio das Velhas, participaram, nesta sexta-feira (1...

12/04/2002 - 17:16
 

Reunião em Lagoa Santa abre Seminário Águas de Minas II

Cerca de 130 pessoas, de 18 municípios que fazem parte da Bacia do Rio das Velhas, participaram, nesta sexta-feira (12/4/2002), da primeira reunião regional do Seminário Legislativo Águas de Minas II, realizada em Lagoa Santa. Nessa reunião, os participantes, divididos em três grupos de trabalho, discutiram e apresentaram novas propostas ao documento elaborado pelas Comissões Técnicas Interinstitucionais (CTIs). As CTIs são formadas por representantes de órgãos governamentais e não governamentais que definiram o regulamento, os temas e palestrantes do Seminário Legislativo.

Os temas analisados foram Gestão das Águas, com a coordenação do presidente do Fórum Mineiro de Comitês de Bacias, Mauro da Costa Val; Agência de Bacias, com Odair Santos, do Conselho Estadual de Saúde; e Gerenciamento das Águas: Instrumentos, com Inácio Paulo Fernandes, do Projeto Manuelzão, da UFMG. Os participantes também elegeram os delegados que vão participar de grupos de trabalho e da plenária final do Seminário Legislativo, que será realizado na Assembléia, nos dias 1º, 2 e 3 de julho.

O evento de Lagoa Santa foi o primeiro de uma série de 17 reuniões regionais que serão realizadas até o mês de julho. O deputado Marcelo Gonçalves (PDT), que coordenou a reunião, ressaltou que o objetivo do seminário é discutir, de forma democrática e participativa, e rever os programas e projetos na área dos recursos hídricos, decorrentes das discussões realizadas a partir de 1993. Nesse ano foi realizado o primeiro seminário sobre o tema, dando origem à legislação mineira sobre recursos hídricos, em 1994. Com a entrada em vigor da norma federal, em 1997, foi feita uma revisão que resultou na legislação atual, de 1999.

O deputado Marcelo Gonçalves falou, ainda, da Bacia do Rio das Velhas, lembrando que essa é uma das mais complexas regiões do Estado, devido à grade concentração populacional e industrial da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ele lembrou que é preciso combinar a demanda crescente por água de qualidade para o consumo humano e atividades produtivas com a necessidade de minimizar a degradação dos recursos hídricos, provocada pela poluição com esgoto, emissão de resíduos industriais, disposição de lixo às margens dos rios e outras causas, como desmatamentos e mineração predatória. "Compartilhamos a convicção de que a busca da qualidade da água equivale à busca da qualidade de vida, num processo que passa pela educação, pela cooperação, pela implantação de políticas públicas e dos instrumentos de gestão das águas, pela fiscalização dos agentes poluidores, pelo envolvimento da comunidade, pela prática da cidadania", ressaltou.

Preservação - O diretor do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Willer Hudson Pós, lembrou, no seu pronunciamento, que o conceito de preservação é extremamente novo. Ele elogiou a Assembléia pela realização do seminário e disse que "iniciativas como essa é que podem nos levar a corrigir os erros do passado".

O coordenador-geral do Projeto Manuelzão, da UFMG, Apolo Heringer Lisboa, também elogiou a iniciativa da Assembléia em promover a mobilização da sociedade em defesa das águas e estimulou os participantes a repassarem as discussões para outras pessoas. "Sem mobilização social, teremos as mesmas pessoas ouvindo as mesmas coisas, que já sabem", observou. Ele lembrou, ainda, que a mobilização social não abrange apenas os pobres e defendeu um mutirão também de empresários para salvar o Rio das Velhas. Para ele, a preservação da Bacia do Rio das Velhas deve ter duas prioridades: investir no tratamento de esgoto da Região Metropolitana de Belo Horizonte e salvar o Rio Cipó da possibilidade de agressão provocada pelo turismo sem controle.

O presidente do Fórum Mineiro de Comitês de Bacias, Mauro da Costa Val, apresentou os aspectos fundamentais das políticas de recursos hídricos, ressaltando que, para salvar um rio são necessárias as informações técnicas e a participação da sociedade. Para ele, é preciso levar aos legítimos representantes sociais, que vão compor os comitês de bacias, as informações sobre o volume de água, formação, área de abrangência e quem lança dejetos ou usa a água dos rios. Esses representantes, destacou, devem ser pessoas que conheçam os problemas sociais e que também promovam o desenvolvimento social, como empresas e indústrias.

Cobrança pelo uso da água

Mauro da Costa Val disse, ainda, que falta ao Estado um organismo que controle o uso dos recursos hídricos. "Não sabemos em que velocidade estamos dilapidando nossos recursos e nem quanto tempo isso vai levar", comentou. O presidente do Fórum Mineiro de Comitês de Bacias também definiu "gestão" como o processo de interlocução e participação social. E "gerenciamento", como a informação técnica necessária para isso. Segundo ele, a agência de bacia é o braço técnico-executivo do comitê, mas depende da definição de recursos para financiar suas ações. Dessa forma ele defendeu a cobrança pelo uso da água, prevista na legislação. "O objetivo é fazer do rio um ser vivo, é induzir pelo bolso as posturas ambientalistas", afirmou.

Próximas reuniões - As próximas reuniões no interior do Estado são: em abril - Araguari (16), Uberaba (18), Capitólio (23), Divinópolis (26), Conselheiro Lafaiete (30); em maio: Teófilo Otoni (7), Araçuaí (9), Patos de Minas (14), Paracatu (16), Ipatinga (23), Governador Valadares (24), Poços de Caldas (28); em junho - Caratinga (4), Pirapora (7), Montes Claros (8) e Juiz de Fora (11).

Presenças - Compuseram a mesa dos trabalhos o coordenador da reunião, deputado Marcelo Gonçalves (PDT); o prefeito de Lagoa Santa, Genesco Aparecido de Oliveira Júnior; o vice-prefeito e secretário Municipal de Turismo, Nelson Cândido Pereira; o coordenador-geral do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer Lisboa; o presidente do Fórum Mineiro do Comitê de Bacias, Mauro da Costa Val; o presidente do Conselho Empresarial de Ciência e Tecnologia da Associação Comercial de Minas, Sérgio Menin; o diretor do Igam, Willer Hudson Pós; e o ex-secretário de Meio Ambiente e ex-deputado federal, Gil César Moreira de Abreu.

 

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