Comissão vai a Brasília entregar propostas sobre segurança

O presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, deputado Antônio Júlio (PMDB), parlamentares estaduais e inte...

10/04/2002 - 20:23
 

Comissão vai a Brasília entregar propostas sobre segurança

O presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, deputado Antônio Júlio (PMDB), parlamentares estaduais e integrantes do Judiciário e do Ministério Público mineiros apresentam nesta quinta-feira (11/04/2002), em Brasília (DF), um relatório com propostas para a área de segurança, resultado de trabalho conjunto do Executivo, Legislativo e Judiciário de Minas, do Ministério Público Estadual e de entidades. O documento "Sistema de Defesa Social - Minas Apresenta Suas Propostas" será entregue, às 10 horas, ao presidente da Comissão Permanente de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, Violência e Narcotráfico da Câmara dos Deputados, deputado federal Ronaldo Vasconcelos (PL/MG), e, às 10h30, ao presidente do Senado, senador Ramez Tebet (PMDB/MS).

O relatório aponta que no ano de 2000 o Legislativo mineiro empreendeu um vasto esforço para sistematizar e consolidar o trabalho que já vinha desenvolvendo na área de segurança pública. Naquele ano, após os trágicos acontecimentos no Rio de Janeiro, que resultaram na morte de uma refém e de seu assassino, a comoção nacional causada por esses fatos teve como resultado a mobilização de setores governamentais federais, estaduais e municipais em torno da discussão e apresentação de medidas para a diminuição da violência e da criminalidade. O Plano Nacional de Segurança Pública, anunciado pelo Governo Federal em 20 de junho de 2000, compreendendo 124 ações, ordenadas em 15 compromissos, é um exemplo dessa mobilização.

A Assembléia Legislativa apresentou em fevereiro de 2000, por meio de seu então presidente, deputado Anderson Adauto, ao Conselho Estadual de Defesa Social, entre outras, as seguintes propostas: a) promoção de ações de integração entre as Polícias Civil e Militar; b) integração das Academias de Polícia e das atividades de Corregedoria; c) criação de um núcleo integrado de inteligência, responsável pelas informações estratégicas; d) unificação de comando, a cargo da Secretaria de Estado da Segurança Pública; e) parcerias com prefeituras municipais, especialmente para a melhoria de equipamentos urbanos que têm interesse na área de segurança; f) aumento dos investimentos na área de segurança; g) estímulo à criação de conselhos comunitários.

Novas iniciativas em 2002 - A partir do momento em que graves fatos - simbolizados pelo assassinato de prefeitos paulistas e de membro do Ministério Público mineiro - evidenciam de forma dramática o aumento da violência, a Assembléia de Minas, retomando a linha de atuação iniciada em 2000, procurou ouvir diversos segmentos ligados diretamente à questão da segurança pública para, na medida do possível, encaminhar sugestões aos órgãos e esferas governamentais competentes.

Técnicos da Gerência-Geral de Consultoria Temática da Assembléia Legislativa e da Fundação João Pinheiro entrevistaram este ano representantes dos seguintes órgãos governamentais: Poder Judiciário estadual, Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos, Secretaria de Estado de Segurança Pública, Ministério Público de Minas Gerais, Polícia Militar de Minas Gerais, Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais e Defensoria Pública. Foram ouvidos também representantes do Sindicato dos Servidores da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos, da Associação dos Oficiais da Polícia Militar de Minas Gerais e do Sindicato dos Delegados de Polícia.

Principais Propostas:

Coordenação de ações

A necessidade de coordenação de ações no sistema parece ser um lugar comum. No plano estadual, no âmbito do Poder executivo, isso somente é possível mediante a estruturação de uma secretaria de estado que integre todo o sistema de segurança. Essa mesma necessidade de coordenação estende-se aos demais Poderes. Uma das iniciativas é a integração dos bancos de dados federal e estaduais da área de segurança pública.

Envolvimento dos municípios

Considerando que o objetivo da pena é a ressocialização e que, para que esta ocorra, é necessário que o preso mantenha o vínculo familiar, impõe-se que a execução da pena seja municipalizada, vale dizer, os municípios devem manter pequenos estabelecimentos prisionais para os presos daquela localidade, com o apoio técnico e financeiro dos Estados. A municipalização aliviaria o sistema penitenciário estadual, o qual seria responsável pelos presos de maior periculosidade que não se adaptassem ao sistema. Em Minas, a idéia já está sendo implementada, nos moldes da APAC, com resultados muito positivos. No entanto, há ainda forte resistência de alguns municípios, o que impede o desenvolvimento do sistema.

Investimentos nas Polícias Civil e Militar e no Corpo de Bombeiros:

Deve-se destacar a necessidade urgente de reaparelhamento material das forças policiais, o que justifica a demanda por recursos financeiros. O Orçamento do Estado de Minas Gerais, para o exercício de 2002, prevê como investimentos, para a área de segurança, recursos da ordem de R$ 47 milhões, quantia que é insuficiente para o atendimento das necessidades mais imediatas das instituições envolvidas. Uma das possibilidades de atuação conjunta entre o Estado de Minas Gerais e o Governo Federal é a rediscussão dos termos de financiamento da dívida estadual, com o alongamento de prazos e a liberação de recursos que seriam destinados exclusivamente para as ações já mencionadas, relativas à área de segurança, de acordo com cronograma e prioridades definidas em conjunto. Em termos concretos, propõe-se que uma das parcelas mensais da dívida (valor médio R$ 66 milhões seja refinanciada, e os correspondentes recursos sejam destinados de forma vinculada à segurança pública.

Ação social: inserção do jovem adulto no mercado

Um ponto específico que pode ser pensado reside na inserção do jovem adulto no mercado de trabalho e o papel dos órgãos estatais nesse tipo de ação. Durante muito tempo foi lugar comum, principalmente nos discursos oficiais das instituições, dizer-se que as Forças Armadas preparavam os jovens para a vida, fornecendo-lhes meios e recursos para a sua profissionalização. Hoje, sabe-se qeu apenas uma pequena parcela dos que atingem os 18 anos são efetivamente incorporados ao contingente militar, nas três armas. Existe, no entanto, uma interessante possibilidade de ação: o art. 143 da Constituição Federal, regulamentado pela Lei n.º 8.329, de 4/10/91, dispõe sobre o serviço alternativo ao serviço militar. Esse serviço, no entanto, destina-se apenas aos que, por imperativo de consciência, procuram eximir-se daquela obrigação. Uma alteração constitucional e uma nova regulamentação legal que estendam o serviço civil a todos os alistáveis pode ser um ponto de partida para a instituição de um mecanismo de inserção dos jovens no mercado de trabalho, sob a coordenação de órgãos públicos, em atividades de interesse da coletividade, como poderia ser o caso, por exemplo, do combate aos vetores de doenças como a dengue, para o qual foram mobilizados recentemente recrutas do Exército, como noticiaram os meios de comunicação.

 

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