CPI comprova cartelização do preço do leite na indústria

A CPI do Preço do Leite da Assembléia Legislativa de Minas Gerais comprovou a existência de cartelização na indústria...

09/04/2002 - 19:50
 

CPI comprova cartelização do preço do leite na indústria

A CPI do Preço do Leite da Assembléia Legislativa de Minas Gerais comprovou a existência de cartelização na indústria para reduzir o preço pago ao produtor, o abuso econômico do comércio varejista na venda do leite aos consumidores e o monopólio da Tetra Pak na embalagem do leite longa vida. As conclusões estão no relatório final, apresentado pelo deputado Luiz Fernando Faria (PPB) e aprovado na reunião desta terça-feira (9/3/2002). A Comissão pede a quebra do sigilo fiscal de indústrias e de grandes redes de supermercados. Para o relator da CPI, os objetivos foram cumpridos, mas é necessário um acompanhamento permanente do mercado do leite.

Cinco projetos de lei serão apresentados pela CPI. Eles propõem a introdução do leite na merenda escolar; a locação de recursos da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Ferais (Fapemig) para a pesquisa de embalagens alternativas para o leite; solicitação à Secretaria de Estado da Agricultura para que divulgue periodicamente a planilha de custos do leite e derivados em Minas Gerais; o estabelecimento de alíquota de 30% do ICMS nas operações internas com o leite; e a criação do Fundo Estadual de Incentivo a Produção do Leite (Pró Leite).

Comissão pede quebra de sigilo fiscal

O relatório final da CPI pede a quebra do sigilo fiscal das grandes redes de supermercados e das indústrias de leite; ações civis contra as indústrias de laticínios acusadas de promover reuniões para uniformizar e reduzir os preços pagos aos fornecedores; contra as grandes redes de supermercados por cobrança de luvas, bonificações e descontos; e contra a CCPR (Cooperativa Central dos Produtores Rurais), por práticas comerciais abusivas, características de aliciamento de fornecedores e dumping contra a Cooperativa Agropecuária de Divinópolis. O relatório será entregue ao procurador-geral do Estado, Nedens Ulisses Freire Vieira, uma vez que caberá ao Ministério Público tomar algumas das medidas propostas pela Comissão. Vários órgãos, entre eles a Secretaria de Estado da Fazenda e o Ministério da Agricultura e Abastecimento, também receberão o relatório da CPI com solicitações de providências.

Entre outras conclusões do relatório estão: as indústrias, submetidas às pressões do varejo, recompõem suas margens de lucro reduzindo os preços aos produtores; o leite UHT longa vida pode não ser de boa qualidade, possibilitando fraudes, como a adição de soro; o custo da embalagem do longa vida para a indústria foi mais elevado, no período analisado pela CPI, do que o preço do leite pago ao produtor; a estrutura e as condições de atuação dos órgãos federal e estadual de fiscalização e inspeção de produtos lácteos são insuficientes para o atendimento do setor. O relatório propõe a adoção de um "programa educativo e agressivo" de aumento do consumo do leite e de produtos lácteos e a redução dos custos administrativos das cooperativas de produtos, de forma a se tornarem mais racionais na prestação de serviços aos associados. Outra conclusão refere-se à comprovação de fraude de adição de soro de leite a produtos lácteos, praticada por algumas indústrias, entre elas a Nestlé e a marca Carrefour.

Reunião na Câmara

Os membros da CPI do Preço do Leite participarão de uma reunião da Comissão de Agricultura e Política Rural, da Câmara Federal, no dia 16 de abril, quando serão discutidos os problemas enfrentados pelo setor leiteiro nacional. O deputado Cristiano Canêdo (PTB), membro efetivo da CPI, estará em Londrina, no Paraná, na próxima quinta-feira (11), para apresentar o relatório final e discutir os trabalhos de outras Comissões.

Histórico - A Assembléia de Minas foi a primeira a instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar os mecanismos de formação do preço do leite na indústria e no comércio. Os trabalhos foram iniciados no dia 29 de agosto. Foram realizadas 18 audiências públicas na Assembléia e 13 reuniões no interior de Minas Gerais, quando foram ouvidos representantes de todos os segmentos da cadeia produtiva do leite, além de várias autoridades. As reuniões no interior mobilizaram produtores de leite de diversas regiões, que afirmaram estarem passando por uma situação crítica. Foram criadas CPIs também nas Assembléias Legislativas do Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Goiás e Paraná.

São membros efetivos da CPI mineira os deputados João Batista de Oliveira (PDT), presidente; Paulo Piau (PFL), vice-presidente; Luiz Fernando Faria (PPB), relator; Márcio Kangussu (PPS), co-relator; Antônio Andrade (PMDB), Cristiano Canêdo (PTB) e Kemil Kumaira (PSDB). Representantes da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg) e do Ministério Público também participaram dos trabalhos.

Presenças - Participaram da reunião os deputados João Batista de Oliveira (PDT), presidente; Paulo Piau (PFL), vice-presidente; Luiz Fernando Faria (PPB), relator; Antônio Andrade (PMDB), Cristiano Canêdo (PTB), Kemil Kumaira (PSDB), Márcio Kangussu (PPS) e o presidente da Faemg, Gilman Viana Rodrigues.

 

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