Exploração sexual de menores preocupa autoridades

O aumento da exploração sexual em Belo Horizonte nos últimos cinco anos está preocupando órgãos responsáveis pelos ad...

22/03/2002 - 13:23
 

Exploração sexual de menores preocupa autoridades

O aumento da exploração sexual em Belo Horizonte nos últimos cinco anos está preocupando órgãos responsáveis pelos adolescentes e crianças no município e no Estado. O problema é de âmbito nacional e, de acordo com pesquisa citada pelo juiz da Infância e Juventude da Capital, Tarcísio Martins Costa, 14 milhões de adolescentes brasileiros, metade dos indigentes no País, estão envolvidos com a prostituição. Os representantes de vários órgãos presentes na reunião da Comissão Especial de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, nesta quinta-feira (21/3/2002), na Assembléia Legislativa, concluíram que a família é o maior grupo de risco em relação aos abusos sexuais cometidos contra crianças.

Tarcísio Martins criticou a falta de políticas sociais básicas para os jovens, a serem realizadas pelo Estado. Segundo ele, em Belo Horizonte existem famílias nas favelas que vendem suas filhas para traficantes. "Essas meninas ficam à disposição dos traficantes, sendo que algumas não podem estudar e nem atravessar os marcos divisórios estabelecidos pelo próprio tráfico de drogas", denunciou. Ele citou as cidades de Fortaleza e Salvador como os locais de turismo nacional com maior índice de exploração sexual. O deputado Rogério Correia (PT), presidente da Comissão, disse que a Assembléia vai ajudar a enfrentar o problema no ponto de vista legislativo, e que a Comissão está elaborando projeto de lei que será transformado num programa mineiro de combate à exploração sexual da criança e do adolescente.

De acordo com Tarcísio Martins, são feitas cerca de cem fiscalizações por dia na capital mineira. Ele informou que a Vara da Infância e Juventude, através das fiscalizações, mostrou os principais eixos da exploração sexual de menores na Capital. São elas: as regiões Centro-Sul, Central, Pampulha e bairro Bonfim, na região da Lagoinha. A escola integral, segundo Martins, é a grande solução para o problema da prostituição de menores. Ele afirmou, ainda, que a exploração sexual não pode ser confundida com o abuso sexual. Tarcísio Martins apresentou duas sugestões para minimizar o problema da exploração sexual: a criação de uma vara criminal específica para crimes sexuais contra crianças e adolescentes; e a instalação de casas de passagens para dar atendimento às vítimas de abusos sexuais.

Na opinião da diretora do Centro Estadual de Referência e Violência Doméstica e Exploração Sexual de Criança e Adolescente da Setascad, o adulto que mantém relação com uma menor está cometendo um abuso sexual. "As adolescentes estão em fase de desenvolvimento e não se prostituem porque querem, elas precisam estar inseridas na sociedade", afirmou.

Fernando Almeida Alves, secretário municipal dos Direitos e da Cidadania, expôs três pontos importantes para análise do caso: a exploração sexual é mais ampla, e não só infantil; a unificação dos órgãos presentes para efetivação de um trabalho conjunto; e o tratamento do problema como de responsabilidade social, envolvendo-se as instituições privadas.

A existência de uma rede de prostituição no Complexo JK, no Centro de Belo Horizonte, foi denunciada pela moradora do prédio, Erudite Nunes Rodrigues, que afirmou o envolvimento de policiais militares e civis no esquema. Ela disse ter apresentado várias denúncias, desde 1995, mas nenhuma providência tem sido tomada. Segundo o deputado Rogério Correia, será marcada uma audiência com chefe do Estado-Maior da PMMG, coronel Severo Augusto da Silva Neto, com os secretários estaduais da Segurança Pública e da Justiça e de Direitos Humanos, Márcio Barroso Domingues e Ângela Pace, respectivamente, para que Erudite apresente as denúncias, na presença dos deputados da Comissão.

Ainda durante a reunião, foram aprovados requerimentos do deputado Paulo Pettersen (PL) solicitando que sejam realizadas audiências públicas nas cidades de Nanuque, Tombos, Timóteo, Carangola, Manhumirim e Arinos. O deputado pede a presença do juiz e do promotor da Vara da Infância e da Juventude, do comandante do Batalhão da Polícia Militar, do delegado da Infância e da Juventude e de representantes do Conselho Tutelar e da Pastoral da Criança, nas reuniões.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Rogério Correia (PT) - presidente da Comissão, Márcio Kangussu (PPS), Paulo Pettersen (PL) e Dimas Rodrigues (PMDB); além de Tarcísio Martins Costa, juiz titular da Infância e da Juventude de Belo Horizonte; Fernando Almeida Alves, secretário municipal dos Direitos e da Cidadania; José Francisco da Silva, secretário-adjunto de Direitos Humanos de Minas Gerais; Ângela Maria Dias Nogueira Souza, técnica do Núcleo de Atendimento às Vítimas de Crimes Violentos da Secretaria Adjunta de Direitos Humanos; Mary Cristina Thomaz Gomes, gerente da República "Maria Maria"; Bernadete Dutra Santos, diretora do Centro Estadual de Referência e Violência Doméstica e Exploração Sexual de Criança e Adolescente da Setascad; e Rosilene Miranda Barroso da Cruz, coordenadora Técnica do Juizado da Infância e Juventude de Belo Horizonte.

 

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