Sindicato denuncia problemas trabalhistas em Araxá
Representantes do Sindicato dos Trabalhadores nas
Indústrias da Extração de Metais Básicos e de Minerais Não Metálicos
de Araxá (SIMA) foram ouvidos, nesta terça-feira (19/2/2002), pela
CPI das Carvoarias da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Eles
apresentaram denúncias de irregularidades trabalhistas que estariam
sendo cometidas pelas empresas Fertilizantes Fosfatados (Fosfértil
S/A) e Bunge Fertilizantes S/A, de Araxá. Segundo os sindicalistas,
as empresas estariam discriminando trabalhadores que reclamam
direitos na justiça, os laudos médicos não condizem com as condições
reais de saúde dos empregados e há dificuldades em obter documentos
necessários para aposentadoria em empresas de terceirização que vão
a falência.
A Comissão vai realizar uma audiência pública em
Araxá para apurar as denúncias, a requerimento do deputado Adelmo
Carneiro Leão (PT), presidente da CPI. Para a audiência pública
serão convidados representantes dos trabalhadores, das empresas e da
sociedade civil. Os representantes do Sindicato foram ouvidos a
requerimento do deputado Fábio Avelar (PTB). Os deputados
solicitaram aos sindicalistas um relatório detalhado da situação,
bem como a apresentação de documentos comprobatórios das denúncias.
A Comissão Parlamentar de Inquérito das Carvoarias foi criada a
pedido do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PPB) para, em 120 dias
apurar as condições de trabalho dos profissionais que atuam na
indústria extrativa do Estado. O prazo da CPI termina no dia 15 de
março, podendo ser prorrogado por mais dois meses.
Calamidade - O presidente
do Sindicato dos Trabalhadores, Vicente Magalhães de Matos, disse
que a situação na região é de calamidade e não difere daquela vivida
pelos trabalhadores terceirizados da Acesita Energética. Segundo
Matos, as empresas elaboram uma lista dos funcionários que reclamam
seus direitos na justiça, para que eles não consigam mais trabalhar
em nenhuma mineradora da região. Outra irregularidade apontada por
ele é a dificuldade na obtenção de documentos. "Muitas empresas
prestadoras de serviços saem falidas e acabam dificultando o acesso
dos trabalhadores à documentação necessária à sua aposentadoria",
declarou.
Matos salientou, ainda, a inoperância da Delegacia
Regional do Ministério do Trabalho, dizendo que os delegados não
fazem as notificações necessárias. "Quando é detectada uma situação
irregular, não são feitos relatórios, e sim, negociações com as
empresas. Acontece que essas negociações dificilmente atendem às
necessidades reais dos trabalhadores. É um desrespeito à dignidade
dessas pessoas", afirmou.
Sindicalista diz que empresas encobrem
acidentes
O sindicalista Vicente de Paula Resende acusou de
irresponsabilidade os profissionais da área de saúde que atendem os
funcionários das empresas. Para ele, os laudos médicos não
correspondem à realidade da saúde dos trabalhadores. "As mineradoras
burlam a lei para encobrir acidentes, mortes e doenças ocupacionais.
Ao deixarem o emprego, os funcionários recebem atestado de aptidão,
mas, depois, não conseguem entrar em outra empresa devido às suas
condições de saúde", comentou. De acordo com ele, as empresas não
estão preocupadas com a saúde dos empregados e não assumem os
problemas de agravo de saúde causados pelo trabalho insalubre.
Resende disse, ainda, que as mineradoras não reconhecem a
legitimidade do Sindicato e enviam os Certificados de Acidente de
Trabalho (CATs) para outras regiões, impedindo o levantamento
correto de dados.
Requerimento - A Comissão
ainda aprovou outro requerimento do deputado Adelmo Carneiro Leão
(PT), solicitando o envio, pelas empresas envolvidas, de informações
sobre as empreiteiras que lhes prestam serviços, indicando as
respectivas áreas de atuação, bem como a relação dos empregados e
suas funções. A relatora da CPI, deputada Elbe Brandão (PSDB),
acrescentou emenda a fim de que as empresas identifiquem, também, os
profissionais da área de saúde que lhes prestam serviços.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Adelmo Carneiro Leão (PT), Fábio Avelar
(PTB), Elbe Brandão (PSDB), Márcio Cunha (PMDB), Dalmo Ribeiro Silva
(PPB) e Wanderley Ávila (PPS).
|