População pede cancelamento de edital para exploração de águas

Representantes dos municípios do Circuito das Águas reivindicaram, nesta terça-feira (18/12/2001) o cancelamento do e...

18/12/2001 - 20:50
 

População pede cancelamento de edital para exploração de águas

Representantes dos municípios do Circuito das Águas reivindicaram, nesta terça-feira (18/12/2001) o cancelamento do edital que trata da licitação para exploração de águas minerais, publicado pela Comig (Companhia Mineradora de Minas Gerais). Esse foi o assunto da reunião promovida pela Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa a requerimento dos deputados Edson Rezende (PT) e Anderson Adauto (PL). Os deputados lamentaram a ausência de representantes do Poder Executivo estadual e do Ministério Público para discutirem o assunto e, após a reunião, elaboraram um documento, a ser entregue ao governador Itamar Franco, pedindo o cancelamento da licitação.

O deputado Edson Rezende (PT) criticou o edital de licitação da Comig, afirmando que ele atropela a discussão da sociedade e fere a Lei 13.199/1999, que dispõe sobre a política estadual de recursos hídricos e dá o direito à população de discutir a gestão desses recursos. O deputado defendeu a elaboração de um diagnóstico detalhado da região do Circuito das Águas e propôs que a Assembléia Legislativa realize um seminário no Sul de Minas para discutir o assunto. Segundo ele, o edital propõe a ampliação da exploração das águas. "É necessário que o governador Itamar Franco reveja o edital de licitação e preserve o patrimônio público do Estado", disse o deputado Anderson Adauto (PL).

LIMITES ESTÃO SENDO IGNORADOS

Segundo a população que esteve presente, a nova concessão dá o direito de exploração das águas por 25 anos (prorrogáveis por mais 25 anos), dos Parques das Águas de Cambuquira e Lambari e do prédio do Cassino de Lambari, o que foi criticado por eles. "O edital tem poucas informações e não retrata a voz da população. Nós não nos interessamos pela economia, mas pelo benefício da sociedade, turismo e uso medicinal", afirmou a presidente do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema) de Lambari, Maria de Lourdes Camanze. Segundo o coodenador-geral do Fórum Nacional de Comitês de Bacia Hidrográfica, Paulo Maciel Júnior, o Comitê das Águas não está sendo ouvido e os limites de sustentabilidade das fontes minerais estão sendo ignorados. "Não somos contra a exploração das águas minerais, elas precisam chegar ao mercado consumidor, mas dever haver um limite", comentou.

"É necessária a implantação de uma política de aproveitamento racional da água e uma discussão ampla com a sociedade", afirmou o assessor parlamentar do Crea-MG, João César de Freitas Pinheiro. Segundo ele, a água mineral é um recurso raro e pode proporcionar um intenso desenvolvimento social para o Brasil.

Representando o 3º Distrito do DNPM, o geólogo José Antônio Menezes de Paiva afirmou desconhecer os termos do contrato de licitação e a Lei Estadual 13.199/1999, que garante direito à população de participar da gestão dos recursos hídricos. Segundo ele, apenas as águas das cidades de São Lourenço e Araxá são exploradas por bombeamento, as demais são exploradas por vazões expontâneas, "que não comprometem o meio ambiente".

Tupaciguara - Ainda durante a reunião foram ouvidos, a requerimento do deputado Miguel Martini (PSB), o prefeito e o vereador de Tupaciguara, Alexandre Berquó Dias e Marciano de Paulo Marques, respectivamente, além do secretário de Meio Ambiente da cidade, Valdete Fonseca. Eles falaram sobre o I Fórum Interestadual de Preservação e Desenvolvimento Sustentável do "Grande Lago" e entregaram uma carta representando a síntese do encontro, realizado em Tupaciguara nos dias 13 e 14 de dezembro, em parceria com a Prefeitura e a Câmara Municipal da cidade e a Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

Requerimentos - A Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais aprovou outros cinco requerimentos. O primeiro, de autoria dos deputados Anderson Adauto (PL) e Edson Rezende (PT), que requer seja enviada à Companhia Mineradora de Minas Gerais (Comig) solicitação de cancelamento do edital de licitação para concorrência pública nº 02/2001, para arrendamento das áreas que integram os parques das águas de Marimbeiro, Cambuquira, Lambari e o "Cassino" de Lambari.

O segundo, de autoria do deputado Marcelo Gonçalves (PDT), requer a formação de uma comissão conjunta com os integrantes da Comissão de Direitos Humanos para visitar o governador Itamar Franco, solicitando também o cancelamento da licitação de que trata o edital de concorrência nº 2/2001. Os outros requerimentos pedem informações ao Ministério do Meio Ambiente sobre o impacto da exploração de águas minerais e realização de um Seminário Legislativo para debater o assunto, do deputado Edson Rezende (PSB); e que seja solicitado à Comig o envido do relatório final dos trabalhos de pesquisa referentes à Portaria nº 231 de 31/98, devidamente aprovado pelo DNPM, dos deputados Edson Rezende e Anderson Adauto.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Fábio Avelar (PTB), José Milton (PL), Miguel Martini (PSB), Edson Rezende (PT), Anderson Adauto (PL), Geraldo Rezende (PMDB), Marcelo Gonçalves (PDT) e Doutor Viana (PMDB), entre outros convidados.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715