Comissão Especial do BDMG apresenta relatório final

Foi apresentado, nesta quarta-feira (5/12/2001), o relatório final da Comissão Especial do BDMG, criada para estudar ...

11/12/2001 - 17:56
 

Comissão Especial do BDMG apresenta relatório final

Foi apresentado, nesta quarta-feira (5/12/2001), o relatório final da Comissão Especial do BDMG, criada para estudar o processo histórico de capitalização e a situação financeira e orçamentária do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). O deputado Antônio Carlos Andrada (PSDB) pediu vistas ao relatório, justificando a necessidade de uma análise mais específica das propostas apresentadas. Nova reunião para votação do relatório final da Comissão está marcada para esta quinta-feira (6/12), às 13 horas.

Segundo o relator, deputado Durval Ângelo (PT), a Comissão detectou indícios de irregularidades em contratos firmados com empresas privadas com repagamento por meio da prestação de serviços. Ele afirmou, também, que os trabalhos ficaram prejudicados pela limitação dos poderes investigatórios de uma comissão especial e pelo não-atendimento, pelo BDMG, do envio dos contratos solicitados em requerimentos aprovados.

O relatório final indica como primeira proposta a apresentação de um projeto de lei criando um Refis - refinanciamento das dívidas de empresas inadimplentes-, em funcionamento normal, junto ao BDMG. Para ingressar no Refis, as empresas deverão estar com execução judicial em curso; obrigações inscritas em "créditos em liquidação"; atraso nos pagamentos de obrigações junto ao BDMG igual ou superior a 180 dias em 31 de agosto de 2001; comprovação de regularidade fiscal, ambiental e providenciária, além de estarem com funcionamento normal de suas atividades operacionais. Segundo a Comissão, estão inadimplentes cerca de 1.100 empresas, que firmaram contratos e convênios nos últimos três governos e estão sendo executadas judicialmente, correndo o risco de fechar. A inadimplência chega a R$ 100 milhões. Para o deputado Durval Ângelo (PT), o objetivo do projeto é capitalizar o banco e viabilizar a continuidade das atividades empresariais e a manutenção de empregos, observada a legislação federal pertinente. "O projeto de lei abrange apenas as operações cujo risco de crédito é responsabilidade do BDMG", salientou.

O deputado Durval Ângelo sugeriu, também, a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as possíveis irregularidades em contratos celebrados com repagamento parcial ou total com prestação de serviços ou com outros benefícios em favor dos tomadores, com destaque para o banco de fomento. O deputado disse que a Comissão Especial recebeu 55 denúncias de irregularidades. Dessas, 11 não puderam ser totalmente investigadas porque a Comissão não tem poder de requisitar documentos, convocar depoimentos, nem pedir a quebra de sigilos bancários. Há indícios de que as empresas não pagaram os financiamentos, ou não pagaram como previam os contratos originais. A última sugestão apresentada pelo relator foi a adoção de medidas que possibilitem a capacitação permanente do BDMG, por meio da destinação de 10% do ICMS recolhido pelas empresas beneficiadas com empréstimos da instituição.

Histórico

O requerimento para criar a Comissão foi apresentado pelo deputado Rêmolo Aloise (PFL) e aprovado pelo Plenário da Assembléia no dia 29 de agosto. O prazo de 60 dias para conclusão dos trabalhos começou a ser contado no dia 4 de setembro, quando foram designados os integrantes da Comissão. Os membros efetivos são os deputados Rêmolo Aloise (PFL) - presidente; Luiz Fernando Faria (PPB) - vice-presidente; Durval Ângelo (PT) - relator; Antônio Carlos Andrada (PSDB) e Ivair Nogueira (PMDB). Os suplentes são Adelmo Carneiro Leão (PT), Amilcar Martins (PSDB), Anderson Adauto (PL), Paulo Piau (PFL) e Pinduca Ferreira (PPB). No dia 31 de outubro, o Plenário aprovou a prorrogação dos trabalhos por mais 30 dias.

25/9 - O presidente do BDMG, Murilo Badaró, falou que o Banco é uma empresa pública criada em 1962, no Governo Magalhães Pinto (UDN). De acordo ele, em seus 38 anos de existência o Banco aprovou aproximadamente R$ 31,7 bilhões, o equivalente a U$$ 16 bilhões, e liberou R$ 22,4 bilhões, o que viabilizou investimentos totais de cerca de R$ 57 bilhões. Foram criados, ainda segundo ele, 396.317 postos de trabalho no Estado. No governo Itamar Franco (PMDB), o presidente disse que foram liberados cerca de R$ 1,7 bilhão e 30.518 empregos foram criados.

Também participaram da reunião os diretores das Áreas de Operações I e III do Banco, Ricardo Ribeiro Tunes e José Lana Raposo; o gerente da Área de Planejamento e Estudos Econômicos, Tadeu Barreto; o secretário de Relações Internacionais, Júlio Onofre; o diretor da Fiemg, Olavo Machado Jr.; a economista do BDMG, Marilena Chaves.

2/10 - O presidente da Fiemg, Stefan Salej, disse que 87% da poupança de Minas são aplicados fora do território mineiro. Ele criticou as altas taxas de juros praticadas no Estado, o que justificaria a falta de empresas capitalizadas, e a "abertura inconseqüente" do mercado, o que impediria a atuação de empresas competitivas e geraria inadimplência. Salej também criticou a falta de um programa de desenvolvimento no Estado e a falta de diálogo por parte do BDMG com as unidades de classe. Também foram ouvidos o presidente do Conselho de Política Tributária da Fiemg, Edwaldo Almada de Abreu; o diretor-secretário da Fiemg, Olavo Machado Jr.; e os sindicalistas Renê Walkil e Flávio Roscoe Nogueira.

9/10 - Participaram da reunião o presidente do BDMG, Murilo Badaró; o promotor de Justiça do Patrimônio Público, Carlos André Mariani Bittencourt; e o diretor da Auditoria do Ministério Público, Altair Vidal de Faria. Também nesta data a Comissão visitou o Tribunal de Contas do Estado, sendo recebida pelo presidente do TCE, conselheiro José Ferraz. Além dos já citados, participaram da visita o chefe da Secretaria de Relações Institucionais do BDMG, Júlio Onofre Mendes de Oliveira e o diretor-secretário da Fiemg, Olavo Machado Jr.

16/10 - A Comissão visitou o BDMG e reuniu-se com o presidente do banco, Murilo Badaró, e com representantes da Federação das Indústrias (Fiemg) e do Ministério Público. Foram discutidos pontos para viabilizar a proposta de renegociação de contratos de dívidas em situação de inadimplência junto ao BDMG, como o expurgo total dos juros, multas e taxas diversas embutidas no saldo devedor das dívidas, que deverão ter atualização monetária, adotando-se indexador proposto pela Comissão Especial da Assembléia em consenso com o BDMG. O novo saldo devedor encontrado nessa atualização da dívida deverá constituir-se no valor da dívida a ser repactuada, cujo parcelamento levará em conta a capacidade da geração de caixa da empresa e deverá ter como indexador futuro de atualização monetária a TJLP.

31/10 - Ouvidos o diretor-presidente da Cachoeira Velonorte, José Augusto Bahia Figueiredo; o representante da Metalúrgica São José, Francisco José Pereira; o diretor-presidente da Paraibuna Embalagem, Heitor Luiz Vilela; e Dilson Chaves de Meira, da Meira Empreendimentos Ltda., além do presidente do Conselho de Política Tributária e conselheiro fiscal da Fiemg, Edwaldo Almada de Abreu. Os convidados apontaram os encargos decorrentes do atraso no pagamento de parcelas e a dificuldade de renegociação como os grandes obstáculos para a quitação de dívidas das empresas que estão em litígio judicial com o BDMG.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Rêmolo Aloise (PFL), presidente; Durval Ângelo (PT), relator; Antônio Carlos Andrada (PSDB) e Ivair Nogueira (PMDB).

 

 

 

 

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